A canoa havaiana é mais parecida com os modelos ancestrais (foto: Divulgação Rio Va’a Clube)
Desde que a canoa aí da foto chegou ao Brasil, há 10 anos, a mesma ora é chamada de havaiana, ora de taitiana e até polinésia. Mas, afinal, existem mesmo esses três tipos de canoas (e seria errôneo chamar tudo de canoa havaiana, por exemplo) ou podemos generalizar?
Para começar a tirar a dúvida, vale lembrar a Polinésia é um conjunto de ilhas no Oceano Pacífico, entre a Austrália e os Estados Unidos, do qual fazem parte o arquipélago do Havaí e a ilha do Taiti (que por sua vez faz parte da Polinésia Francesa). E que os caiçaras dessa região sempre faziam suas viagens em canoas, usando conhecimentos de navegação estelar. Isto deixou uma forte tradição marítima na região, que acabou também influenciando as competições que hoje existem no mundo inteiro.
Então, cada região (ilha ou arquipélago) acabou desenvolvendo suas embarcações de acordo com as características locais. No Havaí, por exemplo, onde o mar é mais agitado, as canoas têm uma curva de fundo envergada, propícia para essas condições, explica Alessandro Matero, instrutor de remo em São Paulo. Lá, elas são chamadas de outrigger, waa ou ainda OC [abreviação de outrigger canoe]. Outra característica dessas canoas é que elas são totalmente abertas na parte superior. Por causa disso, é comum utilizar uma proteção contra a entrada de água nos modelos para seis pessoas.
Já no Taiti as embarcações possuem formato mais alongado, com um cockpit fechado para cada um ou dois remadores, dependendo do modelo, explica Matero, que frequentemente participa de provas no Havaí. Por isso, a canoa taitiana conhecida como vaa ou V é mais rápida.
Fabio Paiva, da Opium Caiaques, que trouxe as havaianas para o Brasil há uma década, complementa: na verdade, as taitianas absorveram mudanças em seu formato para ganhos de desempenho, enquanto as havaianas são mais fiéis às originais. E canoa polinésia seria o nome genérico para as duas.
Rixa. Sendo assim, desde muitos anos ambas são usadas para o mesmo fim transporte, competição ou recreação e possuem as três partes fundamentais neste tipo de embarcação: o casco (ou hull), o flutuador (ou ama) e os braços que ligam um ao outro (os iaquos). Porém, mesmo sendo similares entre si, a taitiana é mais competitiva, principalmente por causa de seu shape.
Lá nos primórdios das competições, há 60 anos, só participam canoas havaianas, que obedeciam a regras de peso, tamanho e material seguindo padrões mais tradicionais só podiam, por exemplo, serem feitas de uma árvore específica chamada Acácia koa. Mais recentemente, surgiu a categoria unlimited, que engloba barcos mais modernos, como o vaa, e até aceita cascos de carbono.
Com essa nova categoria, uma canoa que antes pesava 200 quilos pode hoje ter 80 e ser 40% mais rápida, diz Matero. Mas, essa é uma briga grande entre os tradicionais e o pessoal das canoas novas. A tendência é que siga mesmo para as embarcações mais modernas, acredita. Resumindo: se você topar com um remador delas por aí, é melhor não generalizar!
Este texto foi escrito por: Pedro Sibahi