Acho que posso ser considerado uma zebra afirma Buchhein (foto: André Chaco)
A maioria dos competidores do Rally dos Sertões participa da prova para conhecer o interior do Brasil. Mas, normalmente, os líderes da competição nunca são estes viajantes. Só que na nona edição da prova, esta escrita está sendo quebrada. Alex Buchein, carioca de 25 anos, está em seu primeiro Sertões. Ele está aproveitando a prova para conhecer uma nova face do País. Enquanto estou correndo, observo as paisagens. Ontem (15/7), eu vi umas encostas retas muito bonitas, disse. Mas, apesar do caráter turístico que está dando ao Sertões, Buchein está também entre os líderes da geral entre as motos, atrás apenas de Tiago Fantozzi. Acho que posso ser considerado uma zebra. Não estou aqui para vencer, mas para conhecer o Brasil fora dos circuitos de hotéis que todos estão acostumados, explicou.
Quando decidiu que iria participar do Sertões, Buchein fez uma opção. Em agosto do ano passado, voltei de uma viagem de surfe na Indonésia e decidi que iria participar do Rally dos Sertões no próximo ano. Estas seriam as minhas férias, disse. Hoje, após oito etapas da competição, ele já descobriu que terá um problema para decidir o que fazer nas férias do ano que vem. Agora surgiu uma nova opção. Ou vou surfar, ou vou para o Sertões, brinca. A cara turística do rali de Buchein deve-se também ao pacote que ele adquiriu antes da competição. Ele não tem que se preocupar com nada, desde hospedagem até a manutenção de sua moto. Meu pacote é completo. Quando completo as etapas, só tenho que deixar a moto com os apoios dizendo o que fazer e ir para o hotel. Assim, eu consigo aproveitar tudo o que as cidades por onde passo oferecem.
O bom desempenho de Buchein em sua primeira participação no rali, no entanto, tem explicação. Ele participa de enduros de regularidade há sete anos e acha que o Rally dos Sertões não é muito diferente destas provas. Depois de tudo o que passei por aqui percebi que o Sertões não passa de um grande enduro de regularidade. Como é muita navegação, não importa se você para e checa a planilha. Fica até mais fácil a prova. Apesar disso, o piloto ainda está desacostumado com as altas velocidades que os outros competidores atingem durante as especiais. O máximo que eu consegui foi colocar 140, mas isso foi máxima, eu não forço tanto a moto. Os outros não. Eles rodam sempre com muita velocidade e exigem demais do equipamento, explica.
Segundo Buchein, a etapa mais bonita do rali até aqui foi entre Ponte Alta do Tocantins e São Félix do Jalapão. Mas a etapa que ele mais gostou de ter participado foi entre Alto Paraíso de Goiás e Natividade, no Tocantins. A paisagem entre Ponte Alta e São Félix foi muito bonita, pena que era durante a especial e eu não pude parar e admirar. Mas na etapa em que nós não fizemos a especial, entre Alto Paraíso e Natividade, consegui aproveitar bem a etapa. Fomos parando, rio por rio e entrando, conta.
Mesmo tão bem na classificação geral, Buchein não vai mudar sua estratégia para o restante do rali. Continuou correndo pensando em chegar à Fortaleza. Tem muitos pilotos mais rápidos do que eu que ainda estão correndo e não acho que será difícil para eles me passarem, admite.
Este texto foi escrito por: Bruno Doro
Last modified: julho 16, 2001