A Oskalunga já na Austrália (foto: Alexandre Carrijo)
O organizador da Brasília Multisport, Alexandre Carrijo, manda notícias da equipe brasileira Oskalunga, que está correndo na Tasmânia (Austrália) o ARWC, campeonato mundial de corrida de aventura. Alexandre está trabalhando na organização do evento. A seguir, texto enviado logo depois do briefing da competição. A prova largou ontem de manhã (quarta dia 2 na Austrália, ainda terça no Brasil) e, segundo o site oficial www.arwc2011.com, a Oskalunga está na 16ª posição, no posto de controle (PC) 5.
A décima edição do ARWC, a grande final do campeonato mundial de corrida de aventura, começou de fato na manhã da segunda-feira (31), domingo à noite no Brasil, como os 80 times de 23 países se apresentando no quartel general do evento, na cidade de Burnie, na Tasmânia, para fazerem conferência de equipamentos, teste de habilidades, foto oficial e briefing técnico. Entre eles, a representante nacional Oskalunga Kailash (leia aqui entrevista especial com o capitão do time, com detalhes da prova).
Muitas equipes tiveram malas extraviadas e conexões aéreas perdidas. Para agravar a situação, uma greve na maior companhia aérea da Austrália complicou a vida de todos, inclusive da Oskalunga. O trajeto de voo dos brasileiros passava pela África (detalhe curioso: o nome da equipe é uma homenagem aos quilombolas, escravos africanos que se escondiam do regime na região da Chapada dos Veadeiros), onde houve um atraso de voo que os fez perder o voo seguinte, de Sydney à Tasmânia. Eles foram obrigados a dormirem no aeroporto e a comprarem novos bilhetes até a cidade de Launceston, já na Tasmânia, onde alugaram um carro para mais 150 quilômetros de estrada até Burnie, a cidade-sede.
Após a checagem de equipamentos, o pessoal da Oskalunga conversou comigo, para este texto especial para o Webventure. Rafael Melges, capitão do time, falou sobre a logística e a dificuldade para transportar os quase 60 quilos de equipamentos que cada atleta trouxe pra cá. Não foi possível trazer tudo que precisávamos de alimentação e suplementos. Tivemos de comprar aqui os itens mais caros e alguns outros equipamentos que não vieram, como tênis de corrida.
Já o atleta Caco Fonseca da Selva Aventura, veio substituir Frederico Gall, que não pode correr por causa de trabalho disse que espera uma navegação dura durante a prova, com terrenos e vegetações parecidos com os da Patagônia, região que conhece bem. Torço por uma prova lenta, com muitas opções de caminhos. Espero que a leitura da melhor rota, e não apenas a força física, seja determinante para uma boa colocação.
Outro integrante, Diogo Malagon, ressaltou que além da boa navegação, a logística e a estratégia serão absolutamente fundamentais para o sucesso. Vimos grandes equipes aqui. E ninguém vai dar bobeira. A expectativa é de quanto pior, melhor! Sabemos que vai doer e que o frio é pra todos. Não vai ter pra ninguém, rabo de arraia pra cima dos gringos!
Fechando o grupo, Bárbara Bomfim, a única remanescente da formação original do time brasiliense, disse que o sentimento geral é de confiança. A equipe já existe há muitos anos e muitos atletas já passaram por ela. Quem está aqui hoje, fez por merecer. E estamos bem sintonizados. É importante manter o nome de Oskalunga entre as melhores do mundo. Já tivemos estivemos entre os top-5 em 2008 [quando chegaram em quarto no Ecomotion dos Lençóis Maranhenses, que valia como a ARWC] e agora queremos um top-10, competindo fora de casa, diz otimista.
A nata da nata. Realmente a prova reúne os melhores do mundo. Pela primeira vez, estão presentes todos os campeões e a maioria dos vice-campeões dos eventos qualificatórios (provas que rolam em diversos países, como o Ecomotion/Pro, que valem vaga para o AWRC). Sem falar dos últimos dois campeões mundiais a equipe espanhola Team Buff Termocool, que ganhou a etapa em seu país em 2010, e a Adidas Terex, dos ingleses campeões em Portugal, em 2009 e em outros vários atletas campeões espalhados em diversas formações de equipes diferentes.
Entre todos os times, um dos favoritos é o neozelandês Seagate.com NZ. O capitão Nathan Faavae é um dos atletas mais importantes da história das corridas de aventura, tendo vencido as principais provas do mundo, entre elas a Eco-Challenge de 2002 e o próprio ARWC de 2005. Temos tudo que é preciso para ter um desempenho vitorioso: nosso time reúne o mesmo nível de experiência, condicionamento físico e habilidades técnicas. Esperamos ter sorte para completar a prova e vencer, seja isso em quatro, cinco ou seis dias. Tudo vai depender do clima e do percurso, disse Nathan, que vai competir com Marcel Hagener e Cris Forne, atletas conhecidos dos brasileiros em edições do Ecomotion, mais Sofie Hart, atual campeã da Coast to Coast, que é realizada na Nova Zelândia.
O percurso vai ser revelado aos atletas na manhã da terça-feira por aqui. Então, os competidores têm 24 horas para fazer os preparativos finais antes de encararem o percurso de 700 quilômetros, que pode durar de quatro a dez dias, sem cortes no meio do caminho.
Este texto foi escrito por: Alexandre Carrijo, especial para o Webventure
Last modified: novembro 3, 2011