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Alimentação em lugares exóticos exige cuidados especiais

País exótico, diarreia exótica, banheiro público inacreditável. Que começo de texto, hein. Mas se imagine na paradisíaca Polinésia Francesa (Taiti) onde você foi fazer uma corrida de aventura e no jantar de confraternização foi servido um belo filé de garoupa. Meses depois, você continua com um quadro muito estranho: febre, dores articulares que vão e voltam, enfim, se sente miserável.

O que ninguém te contou é que em certas épocas do ano, alguns peixes têm sua carne contaminada por um bicho enjoadíssimo e não adoecem. Mas quem come o peixe pode ficar muito mal. Esta doença se chama Ciguatera, pode durar até um ano (ou mais) e não tem tratamento específico, então imagine sua viagem chegando ao fim e sua carreira de esportista indo para o ralo por um bom tempo.

É importante tentar evitar os buffets populares onde todo mundo mete o nariz, as mãos sujas e muitas vezes a comida não é acondicionada corretamente. Foto: Netfalls - Fotolia.com É importante tentar evitar os buffets populares onde todo mundo mete o nariz, as mãos sujas e muitas vezes a comida não é acondicionada corretamente. Foto: Netfalls – Fotolia.com

Ou na Tailândia, onde certa vez eu estava em um tour de bicicleta e senti a necessidade de visitar o toalete. Tudo que encontrei lá dentro foi um balde com água e uma pá. A partir daí, passei a carregar lenços umedecidos e gel em álcool nestes lugares diferentes.

O importante é se informar antes de viajar, além de adotar certas normas como costume. Por exemplo tentar evitar, se possível, aqueles buffets populares, onde todo mundo mete o nariz, as mãos sujas e muitas vezes a comida não é acondicionada corretamente. Além de procurar checar a reputação dos restaurantes locais, quando existe a opção.

Água de restaurante, quando você não viu o garçom abrir a garrafa, dependendo do local também pode ser um problema, assim como o gelo do drinque.

Evite maioneses e molhos prontos de saladas, frutos do mar expostos por algum tempo e pratos exóticos muito condimentados. Foto: Ric Pic - Fotolia.com Evite maioneses e molhos prontos de saladas, frutos do mar expostos por algum tempo e pratos exóticos muito condimentados. Foto: Ric Pic – Fotolia.com

Certa vez, voltando de uma competição de caça submarina, um amigo parou em um restaurante tipo buffet (no Brasil) e se esbaldou na comida. Terminou com uma forte febre, diarreia e desidratação. Ele contraiu uma infecção por Shigella, uma bactéria enjoadíssima, chegou a ser internado e ficou alguns dias no soro. Tudo por um lindo prato de mariscos!

Evite maioneses e molhos prontos de saladas, frutos do mar expostos por algum tempo (têm que ser feitos na hora), pratos exóticos muito condimentados e fique de olho na higiene do local onde você vai comer. Uma boa passada na área da cozinha ajuda muito.

Outro aspecto importante é saber o que você está pedindo. Mesmo conhecendo o idioma local, cuidado com os pratos. Por exemplo, no Equador, “aji” é uma pimenta vermelha, enquanto “ajo” é o nosso alho.

Enquanto equipes profissionais podem levar para as competições cozinheiro, nutricionista e alimentos, atletas amadores e esportistas não podem levar sua equipe de apoio, mas podem seguir medidas de prevenção, como procurar informações (para quem tem domínio do inglês, o site do governo americano www.cdc.gov pode ajudar) e até consultar um médico especialista em expedições ou em viagens.

Além disso, certas doenças regionais podem ser prevenidas com vacinas tomadas antes da viagem. Por exemplo, contra a encefalite japonesa, já ouviu falar? Uma doença infecciosa aguda, causada pelo Flavivírus, capaz de acometer o sistema nervoso central, que ocorre principalmente na Ásia. Os hospedeiros naturais são pássaros selvagens e suínos, mas a transmissão acontece através da picada de mosquitos infectados. Esta doença pode matar, mas existe prevenção, como evitar exposição nos períodos de maior atividade do mosquito, ao amanhecer e ao entardecer, usar roupas compridas, usar calçado fechado, utilizar repelentes e tomar a vacina.

Rotina ajuda o viajante a diminuir sintomas causados pelas longas viagens de avião

Atletas de endurance precisam se prevenir destas situações pois ficam mais suscetíveis a muitas infecções devido às grandes janelas imunológicas. Um coisa que é comum é o paciente maratonista com aquelas “bolhinhas” no lábio, conhecidas como herpes, alguns dias após a prova, resultado da queda da sua imunidade. Não estou dizendo que as provas de endurance fazem mal, mas geram a janela imunológica, à qual o atleta deverá estar muito atento.

Nas áreas com malária é importante decidir se você vai fazer profilaxia medicamentosa (lembre-se que no fundo não é profilaxia, é tratamento, e muitas medicações usadas para tal tem efeitos colaterais e podem afetar sua performance), além dos importantíssimos cuidados para evitar tomar picadas de insetos.

Uma pergunta que o esportista sempre faz é “estou resfriado, mas já melhorei, posso treinar?”. A resposta é “não”, sob o risco de uma recaída da condição ou de uma infecção por um bicho oportunista.

A alimentação saudável, o treinamento sem exageros, a imunização e a necessidade de muitas vezes abortarmos o treinamento, e eventualmente a prova, por um simples resfriado evitarão problemas maiores e permitirão que sua carreira de atleta ou esportista se prolongue.

Mais detalhes sobre algumas doenças no site: www.cve.saude.sp.gov.br

Este texto foi escrito por: Dr. Gabriel Ganme

Last modified: setembro 18, 2014

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Redação Webventure
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