Foto: Pixabay

Alpinista português não pretende voltar ao Everest

Redação Webventure/ Montanhismo

Em visita ao Brasil, o alpinista português João Garcia, primeiro de seu país a chegar ao cume do Monte Everest, deu uma palestra ontem (25/06), no Clube Alpino Paulista (CAP), em São Paulo, e revelou que não pretende voltar à montanha mais alta do mundo. “Por mim, o Everest já está escalado. Se eu voltar, será como mercenário, apenas como chefe de uma expedição comercial”, confessou.

Segundo João, a idéia agora é dedicar-se a outros projetos, como o dos “Sete Cumes”, que inclui as maiores montanhas do mundo. Além do Everest, ele tem em seu currículo o McKinley (Alasca) e nesta semana partirá para uma tentativa de ascensão do Elbrus, na Rússia. Também planeja escalar montanhas nepalesas que jamais foram conquistadas, além de abrir novas vias em algumas que já foram escaladas por outros alpinistas.

Sobre o acidente – João procurou evitar a polêmica gerada após sua escalada ao Everest, quando seu sócio e companheiro de expedições, o belga Pascal Debrouer, morreu. Na ocasião, o português teve o nariz e as pontas dos dedos das mãos e dos pés congelados. “A tragédia aconteceu por uma sucessão de erros que cometemos e não adianta ficar procurando respostas agora”, afirmou.

Segundo ele, só duas coisas mudaram em sua vida depois do acidente: “A vontade de escalar continuou. O que mudou foi que fiquei famoso em Portugal e ganhei um aspecto mais feioso”, brincou, referindo-se à amputação dos dedos e da ponta do nariz.

Com ou sem oxigênio? – A discussão principal da palestra foi em torno do uso ou não de oxigênio suplementar para ascensões de alta montanha. João chegou ao cume do Everest sem cilindros e é um defensor ferrenho desta linha de pensamento, que tem como adeptos os brasileiros Paulo e Helena Coelho, entre outros. Para se ter uma idéia, das 1.800 pessoas que já escalaram a montanha, apenas cerca de 70 o fizeram sem oxigênio suplementar.

O português criticou o alpinista Waldemar Niclevicz por geralmente utilizar cilindros em suas expedições. “Fazer como ele faz, qualquer um aqui pode fazer”, disse ele para o público que lotou o CAP durante a palestra.


(*) A jornalista Ana Lúcia Davini escreveu especialmente para o Webventure.

Este texto foi escrito por: Ana Lúcia Davini*

Last modified: junho 26, 2003

[fbcomments]
Redação Webventure
Redação Webventure