Amyr Klink na inauguração de seu barco Paratii 2 (foto: Marcio Rodrigues)
Famoso por suas expedições além-mar, Amyr Klink também se dedica a empreendimentos em terra, como a construção de marinas eficientes, a altura da costa e dos barcos brasileiros. Ele conversou sobre isso com o Webventure, durante a Adventure Sports Fair.
Qual é o seu próximo projeto?
A gente está fazendo muitas coisas diferentes. Estamos envolvidos em dois projetos de marinas. Acho que o Brasil precisa ficar de frente para o mar, e hoje ele ainda está de costas. A indústria náutica cresceu barbaramente, mas a infraestrutura encolheu. A gente precisa achar uma solução em relação ao problema do licenciamento e à qualidade das instalações náuticas. É preciso rever muitos projetos, brigar com os arquitetos [que fazem as marinas]. Precisamos ter estruturas públicas o poder público precisa olhar para o mar. Temos de fazer como os países inteligentes fazem, e a gente está fazendo o contrário. A gente pasteuriza uma lei de preservação e quer aplicá-la em todo lugar, da mesma forma, e não é assim.
E como você está se envolvendo nessa questão, na prática?
Como eu não gosto de ficar falando, prefiro fazer, estou fazendo marinas como acho que estas devem ser. Mas eu tenho de brigar. A atividade náutica tem o poder de potencializar a riqueza e de fiscalizar o respeito ao meio ambiente. E, no Brasil, não se faz dessa maneira. O poder público tem a obrigação de fazer e a gente tem a obrigação de brigar.
E onde você está construindo essas marinas?
Em Paraty (RJ), em Santa Catarina, e em vários outros lugares do Brasil. O mais difícil é o trabalho de convencimento. E o erro muitas vezes é do empresário, ou do navegador, ou do usuário, que não exigem qualidade, ou não se aprimoram, ou não acompanham o que acontece lá fora para fazer melhor.
Qual a diferença dos seus projetos para os tradicionais?
Ganhar dinheiro no Brasil com grandes projetos de engenharia é a coisa mais fácil que tem. Agora, ganhar dinheiro com as estruturas náuticas fazendo isso corretamente é difícil. O arquiteto, em geral, vai lá e diz para colocar a marina em um canto, mas aquele lugar muitas vezes não tem vocação natural para isso. Às vezes, não dá para licenciar, ou ela tinha de ser maior ou menor… falta esse tipo de orientação. Tem muita gente tentando inventar a roda, fazendo instalações completamente erradas, e muita gente grande. Depois perdem dinheiro e falam que o mercado náutico brasileiro é muito ruim. Mas isso não é verdade. Hoje, eu estou procurando demonstrar que é possível fazer direito, não custa tão caro e os órgãos licenciadores não são um bicho-papão. E todo mundo quer fazer como se faz no Nordeste, onde se solta dinheiro por baixo para vereador. É preciso sentar com o órgão licenciador, discutir, mostrar o impacto positivo, que você consegue fazer.
Mas você está à frente dos projetos ou apenas dá assessoria a eles?
A instalação é minha, o projeto é meu, mas a gente procura adotar um padrão, pegando o que existe no exterior e melhorando. O que não pode é inventar uma porcaria que não funciona. Você olha para uma cidade como o Rio de Janeiro num final de semana e não tem 10 veleiros na água. Carioca morre de medo do mar. Do jeito que eles tratam o mar, com uma quantidade enorme de esgoto, eles prefeririam aterrar tudo até 200 milhas. Essa é a impressão do estrangeiro quando vem para cá. Eles acham que o brasileiro tem medo de barco. Nossos barcos são maravilhosos, melhores que os importados, mas não temos nem lugar para abastecê-los.
Este texto foi escrito por: Pedro Sibahi
Last modified: abril 20, 2012