Adriana Kostiw é atleta da classe Laser Radial e já participou de uma Olimpíada: Atenas 2004, onde conquistou a 17ª colocação. Em 2007, ela faturou a medalha de bronze no Pan do Rio. A velejadora irá comentar para o Webventure a participação dos brasileiros nas provas de vela das Olimpíadas de Pequim.
Os meninos da classe 470, o Fabio e o Samuel estão em 17º de vinte e nove países e pela média deles está bem complicado, pois é uma classe muito nova para eles. A 470 é a Fórmula-1 dos barcos e para conseguir uma boa média entre os melhores do mundo é difícil mesmo, até que o resultado está bom!
As meninas (Fernanda e Isabel) da classe 470, como eu disse, iam melhorar e o resultado delas não era justo. Elas conquistaram nas regatas um 5º e 10º lugares e já estão no top 10. É bom estar neste grupo, mas não pode deixar o número de pontos aumentarem: estão com 36 pontos e as primeiras devem estar com 9.
Percebam como os pontos são importantes: a Holanda estava em primeiro, seguido da Austrália no primeiro dia de provas. A média das australianas está impecável (2º, 2º, 4º, 1º). As três primeiras estão nas regatas da nona colocação para baixo.
Se amanhã tivesse Medal Race e a primeira ficasse em 9º, tiraria 20 pontos, seriam 29. A Fernanda e a Isabel não conseguiriam passar, pois na soma teriam 42. Não podem ter posições com mais de dois dígitos (11º, 12º, assim por diante), tem que buscar um quarto ou quinto lugar. É sempre bom manter o barco entre os dez e ter regularidade nas regatas.
Classe 49er – O André Fonseca, da 49er, manteve a mesma posição de ontem, na média, e não mudou muita coisa. Na Finn, Eduardo Couto caiu um pouco, conseguiu até agora um décimo, um segundo, um décimo sétimo lugar. O último ele já descartou, mas isso pode complicar: ele tem que se manter forte, pois nas Olimpíadas, de onze regatas, você pode descartar apenas um mau resultado. Em Mundiais os atletas podem descartar duas regatas ruins. Em Pequim não se pode errar demais.
O Bimba, da RS:X, caiu para a nona colocação. Ele tem que se manter entre os dez primeiros para não se afastar do primeiro colocado. O israelense (Shahar Zubari) foi campeão olímpico em Atenas e é o nome forte da prova. O neozelandês Tom Ashley também foi campeão mundial, venceu o Pré-Olímpico do ano passado.
A especialidade do Bimba são ventos médios e fortes, aí não tem para ninguém. Ele treinou bastante para se adaptar aos ventos fracos da China, mas não é fácil. Na prancha a vela, você precisa ter muito preparo físico. Por exemplo, o israelense é triatleta. De manhã ele pedala 200 quilômetros, a tarde veleja e a noite dá uma corridinha de 30 quilômetros. Por esse motivo que ele venceu em Atenas: o vento acabou e ele bombou a vela como ninguém. O Bimba tem uma preparação invejável, mas são os detalhes que fazem diferença.
No feminino, a Patrícia manteve a mesma colocação, na 20ª no geral. Quero dar um incentivo aos mais velhos: a neozelandesa Bárbara Kendall, também da prancha a vela. Ela já ganhou quatro medalhas em Olimpíadas, sempre se mantém entre as cinco nos mundiais. A Bárbara tem 44 anos, dois filhos e eu nunca vi um astral tão bom quanto o dela. Está na quinta Olimpíada dela e na sexta colocação no geral, brigando por mais uma medalha.
Os ventos estão fracos e picadinhos, o que torna complicado de velejar, principalmente na prancha a vela.
O Robert começa amanhã a velejar e a expectativa dele deve estar menor, a namorada dele, a lituana Gintara Volungeviciute da classe Laser Radial. Era a minha adversária na prova e veleja muito bem e tem chances de levar uma medalha. Para o Robert não tem segredo, ele tem regularidade, tranqüilidade, não fica nervoso, é frio. É um perfeito atleta e isso é muito importante.
Este texto foi escrito por: Adriana Kostiw, especial para o Webventure