ABN Amro 1 enfrenta spray de água nos mares do Sul (foto: VOR/ ABN Amro 1)
Confira a análise do especialista Andy Rice, do Sailing Intelligence, publicada no site do Team ABN Amro sobre a sobrevivência no veleiro oceânico durante a longa perna da regata Volvo Ocean Race, que vai da Nova Zelândia ao Rio de Janeiro. Rice também analisa os textos do comandante Mike Sanderson, do barco ABN Amro 1, que ainda não cruzaram o temível Cabo Horn.
Vocês se lembram quando eram mais jovens do que agora, quando vocês se sentavam no banco de trás do carro para uma viagem, com seus pais no banco da frente? Lembra como o tempo demorava a passar e como o pessoal perdia a paciência com a sua pergunta constante: Quanto falta pra chegar?
A vida pode ser um pouco assim a bordo de um veleiro em uma prova longa de oceano. A distância parece que não muda, as milhas decrescem muito lentamente, mesmo em um barco tão rápido como um Volvo Open 70, diz Mike Sanderson.
Naturalmente que Sanderson e o seu navegador Stan Honey estão olhando os números das milhas decrescendo, acompanhando da estação de navegação, estudando os números que são fornecidos a eles pelos instrumentos ao pé do mastro.
Mas, para a tripulação no convés, encharcada constantemente de água, é um pouco mais difícil de saber onde estão no mundo. Sanderson diz que trata de ser um bom pai, mantendo as crianças informadas do progresso tanto o quanto possível. São todos muito experientes e alguns deles são ótimos navegadores também, então é bom para todos que se mantenham informados sobre onde estamos e como estamos indo.
Existiram outras viagens ao redor do mundo onde um ou dois dos companheiros de Sanderson estiveram perguntando um pouco freqüentemente demais pela situação das milhas, mas desta vez não existem as crianças no banco de trás a bordo do ABN Amro 1 Não temos ninguém assim desta vez, o que é um bom sinal, significa que eles estão gostando.
Eles dão uma espiada rápida nos números quando descem para a cabine, mas ninguém parece desesperado para que isso acabe.
A vida tem sido agradavelmente sem surpresas nos dois últimos dias, apenas rápidas milhas para o Cabo Horn e colocando um pouco mais de distância entre o ABN Amro 1 e a concorrência. Tivemos um outro bom boletim de posicionamento, um bom dia, realmente diz Sanderson, Estamos atualmente em um vento entre 20 e 23 nós. Algumas horas atrás, durante o dia, o vento caiu para 11 ou 12 nós por um pouco.
Estávamos preocupados porque esse novo vento estava vindo de Noroeste, então seríamos os últimos a pegá-lo. Mas, parece que agüentamos bem a nossa posição e estamos satisfeitos com isso.
A mil milhas – A previsão sugere que as últimas 1.000 milhas até o Cabo Horn devem passar bem depressa. Nós podemos chegar ao Cabo Horn em dois dias, o que é bastante impressionante já que temos 1.100 milhas a percorrer, disse o comandante que, apesar de ter se aproveitado das etapas nos Mares do Sul desta prova, não vê a hora de rumar para o norte. Vai ser uma boa mudança; estou ansioso para tirar o barco daqui. Tivemos muita sorte com o tempo que tivemos por aqui. Espero que não me arrependa de ter dito isso nos próximos dois dias, mas até agora tudo bem.
Se voltarmos aqui outra vez poderá ser uma história bem diferente. Vai ser ótimo se toda a flotilha possa virara a esquina com segurança. Mas não podemos esquecer que 1.100 milhas são quase a distância da 3ª perna e os barcos tiveram problemas naquela etapa. Então ainda não estamos fora de ameaça ainda. Esses barcos são muito rápidos e são de alta tecnologia.
Sanderson diz que no dia 27/2 tiveram um dia de 536 milhas, ou seja, foi apenas mais um dia no escritório. Não muito tempo atrás, esse teria sido o maior dia para a vela.
Na realidade antes desta edição (2005-06) da Volvo Ocean Race ter começado, o recorde das 24 horas de singradura estava em 535 milhas, o resultado do Movistar mais ou menos há um ano.
Este texto foi escrito por: por Andy Rice, do Sailing Intelligence