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Análise: Rally Dakar é um dos mais equilibrados dos últimos anos


Mauricio Neves é o melhor brasileiro na disputa (foto: Marcelo Maragni)

Em mais de 30 anos de história, é difícil afirmar que este seja o Dakar mais equilibrado de todos os tempos. Mas, sem dúvida, esta edição do maior rali do mundo é uma das mais disputadas nos últimos anos.

Foi encerrada a pouco a quinta especial da prova, de um total de 14. Desde sábado, tivemos cinco vencedores diferentes nas motos e cinco diferentes nos carros. Só os caminhões que fogem a essa regra, com Vladimir Chagin vencendo quatro, das cinco. Só perdeu hoje, mas por uma diferença de apenas 19 segundos.

Nas motos, na sequência, venceram: David Dasteu, David Frétigné, Cyril Despres, Marc Coma e Francisco Lopez Contardo. Três vitórias francesas, uma espanhola e outra chilena, para delírio do público local. Nos carros: Nani Roma, Nasser Al-Attiyah, Stephane Peterhansel, Robby Gordon e Mark Miller.

É impossível, no momento, fazer qualquer previsão sobre quem vencerá a prova. O francês David Casteu, por exemplo, venceu especial, é um dos favoritos, estreia uma nova moto e veio com equipe própria, mas abandonou a prova na tarde de hoje. O mesmo quase aconteceu ao Peterhansel, que teve problemas com seu BMW e chegou em 33º, com mais de duas horas do líder. Pode-se dizer que deu adeus ao título, mas como no Dakar tudo pode acontecer, vamos ver o que como será nas próximas nove especiais.

Com a saída da equipe oficial da KTM, o grid de motos ficou um pouco mais heterogêneo, mas o domínio da marca continua. Nas três primeiras colocações temos KTM (Despres), Aprila (Lopez Contardo) e Yamaha (Rodrigues). E ainda entre os 10 aparece uma BMW (Gonçalves).

No início do rali, uma briga muito grande entre Despres, Coma e Casteu. Mas uma penalização de 22 minutos para o espanhol Marc Coma por excesso de velocidade em uma zona de radar custou muitas posições para o piloto, que ocupa agora o sétimo lugar na geral. Com a saída de Casteu, caminho aberto para Despres, que tem uma vantagem de 37 minutos para Contardo, na segunda posição. Entre os 10 ainda estão o norueguês Pal Anders Ullevalseter (5º) e Jonah Street (6º), que já ganharam especiais em outras edições e podem brigar pelas primeiras colocações.

Carros – Como se imaginava desde o início, a Volkswagen domina a prova nos carros. Dos cinco carros, três estão nas três primeiras colocações. Com o problema de Peterhansel, a BMW, outra grande aposta neste Dakar, caiu bastante e aparece apenas na 8ª colocação, com Guerlain Chicherit/ Tina Thoerner. Com o Hummer, Robby Gordon/ Andy Grider está em quarto na geral.

Outra grande promessa, a JMB Stradale (com o Mitsubishi Lancer) aparece na quinta colocação, com Carlos Sousa/ Matthieu Baumel. Dos cinco carros da equipe, Guilherme Spinelli/ Filipe Palmeiro é o segundo melhor deles, na oitava posição da classificação geral.

Quem vem se mantendo muito bem nos carros é o polonês Krzysztof Holowczyc, com seu Nissan Overdrive. Ele não corre em uma grande equipe e não é apontado como favorito, mas pode surpreender por ser um piloto muito regular. É o único veículo fora das três principais equipes – Volkswagen, BMW e Mitsubishi – entre os 10. Correndo ao lado do navegador belga Jean-Marc Fortin, já disputou o Rally dos Sertões, em 2008.

* Thiago Padovanni é editor do site Webventure e acompanha há vários anos as principais provas off-road no Brasil e no mundo. As opiniões aqui apresentadas nesta coluna são pessoais e não refletem, necessariamente, a filosofia do Webventure.

Mauricio Neves/ Clécio Maestrelli vem fazendo jus ao Touareg e toda a estrutura da Volkswagen. Ocupam a melhor colocação de um brasileiro na prova, em 7º, e já entraram para a história ao terminar a segunda especial com a terceira posição, a melhor de um piloto brasileiro nos carros.

Mas Guilherme Spinelli/ Filipe Palmeiro vem logo atrás, em 9º. O melhor resultado de Guiga foi justamente na primeira etapa de dunas, onde começou a navegação por GPS. Aí brilhou a estrela do navegador Palmeiro, que conhece muito bem esse equipamento e já disputou o Dakar na África, fazendo uma boa leitura das dunas e levando a dupla para a 9ª colocação na terceira etapa (melhor resultado até aqui).

Jean Azevedo vem se superando a cada etapa. No terceiro dia, foram mais de 10 horas na especial por causa de problemas com o carro. E ainda levou a penalização de mais três horas por ter ultrapassado o tempo limite de prova por 16 minutos.

Infelicidade para cinco duplas brasileiras, que foram desclassificadas ainda no terceiro dia, por não passarem pelos way-points obrigatórios: Reinaldo Varela/ Erley Ayala, Sergio Williams/ Rodrigo König, Klever Kolberg/ Giovani Godoi, Julio Bonache/ Lourival Roldan e Sven Fisher/ João Stal.

Nos caminhões, André Azevedo/ Maykel Justo/ Mira Martinec estavam muito bem até ontem, quando enfrentaram uma série de problemas em seu Tatra, o que os colocou dentre os últimos. Mesmo assim, nesta quarta-feira largaram em 43º e completaram a especial em 6º. Agora é partir para uma prova de recuperação.

Motos – Em seu primeiro Dakar, Tiago Fantozzi vem fazendo uma bela prova e já está em 18º na classificação geral. Se continuar nesse ritmo, poderá até terminar o Dakar entre os 10.

Rodolpho Mattheis busca o segundo título na categoria Maratona e vem se mantendo bem na prova, com o 29º tempo na geral. Carlos Ambrósio está em seu terceiro Dakar com um único objetivo em mente: terminar. Está em 49º. Vicente Neto faz sua estreia na competição, teve alguns problemas, mas segue na prova. Bernardo Bonjean abandonou na terceira especial.

Este texto foi escrito por: Thiago Padovanni*/ Webventure