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André Azevedo fala da segurança e relembra atentados no Rally Dakar


André Azevedo conhece bem a região (foto: Cris Degani/ Divulgação)

Passado o choque do cancelamento do Rally Dakar 2008, pilotos, navegadores e equipes começam a assimilar a notícia e preparam as malas para voltarem às suas casas.

“O clima foi triste, mas aplaudido pela decisão tomada. A tristeza maior é dos novatos. O sonho de uma vida, interrompido por uma decisão forte. Para quem participou de edições passadas e viu a fragilidade com que se encontram algumas regiões no deserto, acho que foi uma decisão sábia”, comentou o piloto André Azevedo, que completaria 21 participações consecutivas na prova.

Na Europa desde o dia 20 de dezembro, André acompanhou de perto as notícias sobre a morte dos franceses e a repercussão entre os diretores do Dakar. “No dia 27 recebi comunicação que os diretores gerais foram à Mauritânia para conseguir mais apoio de segurança, como já aconteceu no passado. Eu vi etapas que a cada cinco quilômetros tinha carros do exército da Mauritânia. Acho que foi atrás de uma solução dessa que a organização foi buscar. E voltou a Europa falando que tinha sido garantido pelo governo local”, comentou o brasileiro.

Mesmo assim, o governo francês alertou a organização sobre o perigo da realização da prova, principalmente por cidadãos franceses entrarem em solo da Mauritânia.

“Muitos dos novatos tiveram lágrimas rolando pela decisão tomada. Mas é a segurança que preza”, comenta.

Atentados e ameaças – Por causa dos atentados terroristas na África, pilotos já perderam a vida competindo nas areias do deserto. Em 1991, um caminhão foi metralhado no Mali e o piloto francês Charles Cabannes faleceu. Em 1995, outro caminhão passou por cima de uma mina terrestre, matando carbonizado o piloto Laurent Guîguen.

Já em 1999, houve um assalto a cerca de 30 veículos da prova. “Em 2000, o rali parou por cinco dias após ameaça do grupo islâmico armado, em Níger. A organização trouxe aviões Antonov, da Rússia, para fazer o transporte de todos”, relembra Azevedo.

“E agora, dia 26 de dezembro, quatro turistas franceses foram assassinados próximo onde estaríamos passando na Mauritânia. Na seqüência, grupos terroristas faziam ameaças diretas à caravana do rali, a organização tomou uma decisão muito difícil, mas que acredito que seja melhor para todo mundo. Expor vidas de 1.500 pessoas que estariam passando no deserto é um peso muito forte. Nenhum esporte vale a pena qualquer morte”, disse André Azevedo.

Este texto foi escrito por: Thiago Padovanni