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André Mirsky avalia a quinta perna da Volvo


Roupas de tempo já estão de volta na rotina dos velejadores (foto: Divulgação/ VOR)

No texto a seguir, André Mirsky faz sua avaliação do que aconteceu na quinta perna da Volvo Ocean Race até agora. Os veleiros largaram no dia 2 de abril do Rio de Janeiro e estão se dirigindo para Baltimore, nos Estados Unidos.

Olá pessoal, depois de alguns dias observando essa perna cheguei à conclusão que estava na hora de escrever mais um artigo. Afinal, tanta coisa já aconteceu desde a largada do domingo, dia 2, até hoje que na verdade daria até para escrever um pequeno livro; um que contasse um pouco sobre a saída da baia de Guanabara, da escolha e desenvolvimento das velas, dos desenhos dos barcos para essa condições de vento, a correta aproximação e uso das nuvens no litoral brasileiro(os famosos Pirajás), do cardume de baleias que cercaram o ABN Amro 2, e completando o meu “romance esportivo” falaria sobre a incrível troca de posições dos últimos sete dias.

Como não temos espaço para detalhar cada um desses tópicos, serei breve e começarei pelo que achei mais incrível até agora: a perda por parte do ABN Amro 1 da pontuação máxima no portão de Fernando de Noronha por apenas um minuto e meio. Isso mesmo! Um minuto e meio… Essa é a segunda vez que o barco preto holandês perde, por uma mínima diferença de tempo, a pontuação máxima, justamente contra seu maior rival, o Movistar. Vocês ainda se lembram da chegada na Nova Zelândia, onde depois de quatro dias os barcos cruzaram a linha com uma diferença de apenas nove segundos, agora isso se repete, fica evidente que o barco mais rápido entre os desenhados pelo Bruce Farr é mesmo o espanhol, sempre muito consistente e veloz em ventos médios.

Diferenças – Depois de tantos meses competindo já fica claro a diferença de desenvolvimento de cada sindicato; alguns dias atrás recebi da Volvo um e-mail vindo do Black Pearl (Piratas do Caribe) onde mostrava a frustração deles de estarem num barco mais lento que o ABN Amro 1, alguns dias mais tarde, chegou outro e-mail, mais uma vez Paul Cayard lamentando a falta de velocidade em comparação ao Brasil 1.

Oras? Não é hora de reclamar, ainda há muita regata pela frente, analisar, fazer um banco de dados e daí buscar mudanças estruturais é o que deve ser feito. Hoje em dia, no mundo competitivo do iatismo, não há mais espaço para aquele velejador romântico de outrora, que vestido de roupas brancas e dockside, entrava abordo e vencia regatas. Se você não tem o barco de ponta, com a melhor tripulação e com as melhores velas, fica impossível competir: o ABN Amro 1 parece estar provando essa teoria.

Atualmente os barcos velejam a 16 nós com os alísios do hemisfério norte, ventos vindos da direção nordeste com intensidade variando de 15 a 20 nós. Todos os barcos na flotilha estão com seus Reachers (uma Genoa para ventos de través) e velejam “a todo vapor” em direção a traiçoeira Cheasepeack bay, em Baltimore.

Nessas condições o ABN Amro 1 está “voando”, fazendo singraduras já acima das 430 milhas em 24 horas. A briga está pela terceira posição, Brasil 1, Piratas e Ericsson mesmo após uma semana de regata ainda estão muito juntos.

Percebo que o dia a dia a bordo já começa a ficar igual ao que eles estavam acostumados, muita água no convés, roupa de tempo e botas, a rotina da VOR voltou, e até a passagem pelo caribe as estratégias não devem mudar, todos em linha reta rumando para Annapolis; a regata ficará mais interessante em alguns dias, quando os navegadores terão que escolher a forma de aproximação de terra, mais para leste ou oeste. É a chance que Simon Fisher do ABN Amro 2 espera, pois a 170 milhas do líder, não há mais como tirar essa diferença apenas na velocidade do barco. Força Luquinhas, não é hora de desanimar!

Até lá!
Andre

Este texto foi escrito por: André Mirsky, do Team ABN Amro