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André Mirsky: E foi dada a largada!

Redação Webventure/ Vela

Largada da sétima perna (foto: Oskar Kihlborg/ VOR)
Largada da sétima perna (foto: Oskar Kihlborg/ VOR)

Nessa quinta-feira a Volvo Ocean Race deixou Nova Iorque para trás, e todos tripulantes foram unânimes ao dizer que a parada foi providencial após dois dias de muito contravento e sofrimento na perna passada; que até então foi a mais dura de toda a competição. Incrível, não é mesmo? A passagem pelo Oceano Índico ou pelo Cabo Horn não castigou tanto os V70 quanto o pequeno trecho de 400 milhas entre Baltimore e Nova Iorque. Coisas da vela…

Todas as informações meteorológicas indicam que esse retorno da competição ao velho continente será agitado, principalmente nos próximos dois dias, quando o vento passará da direção 135º e irá para 100º subindo de intensidade chegando a atingir picos de 35 nós, isso significa contravento, significa sofrimento. Mas depois desse percalço, a regata será “frenética” no bom sentido, ventos de través, ondas suaves vindas de popa e muita corrente a favor, tanto que a previsão de chegada para os V70 no cabo Lizard é de apenas nove dias, portanto, dia 20 de maio os barcos estarão no litoral inglês.

O recorde de travessia em monocascos pertence ao competente comandante do ABN Amro 1, Mike Sanderson a bordo do enorme veleiro Mari-Cha IV de 43 metros de comprimento, estabelecido em 1º de junho de 2005, tendo na tripulação o diretor do projeto ABN Amro na Volvo Ocean Race, o multi-campeão Roy Heiner e ainda alguns tripulantes do barco negro Sidney Gavignet e Jan Dekker.

Desafio – Ao meu ver esse recorde pode ser batido, embora as condições de agora não estejam ajudando. Mas o que está preste a ser batido é o de singradura em 24 horas, que ainda pertence ao ABN Amro 2, diria que em quatro dias teremos uma boa noticia. Quem sabe a barreira das 600 milhas em 24 horas não seja alcançada?

O início dessa perna foi bem lento. Na hora da partida para as últimas 3500 milhas transoceânicas praticamente não havia vento, em uma rajada registrou-se 10 nós, porém o vento fui subindo no decorrer da tarde, e a corrente do Rio Hudson ajudou a flotilha dizer adeus à cidade de Frank Sinatra (New Jersey, 1915) e rumar para Nantucket, último ponto em terra antes da travessia do Atlântico.

Duas horas depois foi à vez do Movistar largar, só para lembrar, ele foi penalizado por usar a equipe de terra para consertar as avarias da ultima perna e assim foi obrigado a “sair dos boxes”, mas para sorte dos espanhóis o vento estava mais forte e com isso as duas horas de atraso foram minimizadas, ele já esteve a apenas 9 milhas dos líderes.

Essa etapa para os meninos do ABN Amro 2 é fundamental, eles sabem que é a última grande chance de usar o potencial do incrível veleiro desenhado por Juan K, e assim conseguir um diferencial na pontuação que atualmente está muito embolada. Após dois últimos lugares e um penúltimo nas três etapas passadas, o barco branco do ABN Amro caiu da segunda posição geral para a quinta. O Brasil 1 está empatado em pontos, mas leva vantagem no critério de desempate.

Sebastien Josse ainda acredita no pódio final, no comando de uma tripulação que tem a idade média próxima dos 26 anos, admite que todos os seus comandados têm crescido ao longo da competição e que os vê daqui alguns anos nas maiores regatas do planeta. JôJô como é carinhosamente chamado pelos franceses, respondeu todas as perguntas dos jornalista antes da largada com um tom de motivação maior que o habitual, e isso se deve pela esperança de um bom resultado e não por estar voltando a Europa, para as águas que ele conhece bem, mas admite que estaria muito mais feliz se a chegada dessa perna fosse na Bretanha, sua terra natal.

Brunel – Esse barco merece um parágrafo à parte, depois de tantas confusões, tripulação dispensada às vésperas da largada, depois parte dela re-convocada, mudança de nome, de patrocinadores, quebras, parada na Ilha da Madeira, saída da regata, volta à Volvo no EUA.

Agora parece que tudo vai bem, seguindo firme nas primeiras posições, trabalhando com eficiência o lado esquerdo da flotilha para a rondada de vento que estar por vir. Enfim, o barco vai bem e a tripulação melhor ainda. Se para o ABN Amro 2 é questão de honra andar bem nessa perna, não é diferente para os australianos, que por força do destino estão sendo comandados pelo inglês Matthew Humphries, substituto de Grant Wharington que não vai bem de saúde.

Essa travessia do Atlântico não é apenas conhecida pela “mera” dificuldade de se atravessar um oceano dentro de um veleiro, é conhecida pelo desafio que representa. Desde a época que o último imperador alemão Guillaume II (Friedrich Wilhelm Viktor Albrecht 1859/1941) inventou uma regata reunindo onze veleiros de 33 a 75 metros de comprimento.

Foi quando Charlie Barr, três vezes vencedor da America´s Cup, e seus cinquenta tripulantes estabeleceram o recorde de 12 dias, 4 horas e 1 minuto. E foi um recorde e tanto, durou longos 75 anos, quando a lenda da vela, o francês Eric Tabarly, acompanhado de apenas três pessoas a bordo do trimarã Paul Ricard, fez a travessia em 10 dias e 5 horas. A partir daí todos os bons velejadores franceses buscavam patrocinios e iam atras deste recorde, e ele foi quebrado inúmeras vezes até que em outubro de 2001, o catamarã Playstation sob o comando do milhonário e excêntrico Steve Fossett estabeleceu uma marca simplesmente incrível : 4 dias e 17 horas!

A travessia do Atlântico é especial, seria o circuito de Indianápolis para o automobilismo; e se o algum V70 conseguir chegar até o dia 17 de maio, será o monocasco que mais rápido singrou o atlantico norte. Dificil ? Sim, muito, eu diria impossivel. Mas vamos torcer, dessa vez meu palpite pode estar errado.

Até lá
Andre

Este texto foi escrito por: André Mirsky, do Team ABN Amro

Last modified: maio 15, 2006

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