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André Mirsky fala sobre a chegada na Chesapeake Bay


Mike Sanderson comemora a vitória (foto: Divulgação/ VOR)

Essas últimas horas de regata foram muito interessantes, pudemos observar algumas ultrapassagens que mudaram o panorama da perna. Digo não apenas pela performance do Brasil 1, que passou o Ericsson na noite de segunda para terça, mas também pela enorme aproximação do ABN Amro 2 nos concorrentes mais próximos. Fora o “calor” que o ABN Amro 1 recebeu do Movistar nas ultimas 24 horas; tudo isso só aconteceu graças à traiçoeira entrada de Anápolis.

Anápolis, aliás, é a cidade que recebeu o famoso neozelandês Bruce Farr na terra do Tio Sam. Já na década de oitenta, o escritório começou a fazer sucesso e hoje em dia, sem duvidas, é o maior escritório de design náutico (barcos de recreio) do mundo. Mas o que isso tem a ver com a VOR? Tudo, não se esqueçam que mais da metade dos barcos na flotilha foi desenhada por aquelas pranchetas, e isso sem dúvida faz com que um bom desempenho dos barcos de Farr seja esperado.

A mesma coisa ocorreu na chegada ao Rio quando todos pensavam que o Brasil 1 ultrapassaria todos os adversários dada à responsabilidade de uma honrosa chegada ao solo tupiniquim, só que por conta de um azar “dos céus”, isso acabou não acontecendo.

Pressão – Hoje falo sobre a necessidade de resultados e a responsabilidade de cada tripulação com seus patrocinadores, familiares e torcedores em geral. No comando de um barco a vela, o comandante tem decisões difíceis a serem tomadas, seja optando pela tática, escolha de tripulantes e distribuição de turnos, material a ser usado a bordo ao longo da perna e principalmente, como administrar o barco sob condições extremas.

A maioria das pessoas acha que quanto mais vento melhor. Se um barco passar por um furacão, enquanto corre uma regata, ele provavelmente irá vencê-la. Só que na prática isso não funciona assim, muitas vezes um vento forte pode atrasar o andamento de um barco, e foi exatamente o que aconteceu com o Ericsson na ultima noite.

O experiente Jonh Kosteki ficou “entre a cruz e a caldeirinha” ao ter que administrar rajadas de até 52 nós de intensidade, pois, ele sabia que os Brasileiros estavam próximos e, ao mesmo tempo, não queria danificar o material (regra número um na VOR). Isto é, ele não poderia dizer aos seus comandados para baixar todo o pano e esperar o tempo melhorar, e ao mesmo tempo ele sabia que forçar o barco a apenas 200 milhas da chegada não seria algo inteligente a ser feito.

Para ele, melhor seria se essa nuvem com ventos tão fortes nunca tivesse chegado. Já que, com toda aquela vontade de vencer, acabou tendo sua Genoa seriamente rasgada e assim propiciando a ultrapassagem do Brasil 1.

Dizem por aí que tudo que vai volta não é mesmo? Dessa vez esse ditado foi verídico, afinal foi uma nuvem que tirou as chances do Brasil 1 chegar em segundo no Rio, e foi outra, americana dessa vez, que tirou pontos preciosos do time sueco.

Disputa – Essa perna serviu para embolar a regata, ao mesmo tempo que o ABN Amro 1 é mais líder do que nunca, o segundo lugar, que sempre foi de Sebastien Josse e meus amigos, está indefinido. Três barcos praticamente empatados. Essas próximas etapas nos EUA poderão definir quem é o favorito ao segundo posto da Volvo Ocean Race.

Vamos conferir de perto!
Até lá, Andre

Este texto foi escrito por: André Mirsky, do Team ABN Amro