Forfetei. Ah, que saco. Vínhamos tão bem…
Pra quem não sabe, forfetar siginifica não completar o dia de prova no horário estabelecido pela organização, o que no meu caso representou sete horas de penalização. Tudo bem… resta ainda boa parte do rali.
O pior não é forfetar, mas ficar na trilha a trinta quilômetros do fim do trecho cronometrado esperando auxílio, com o carro desmontado e vendo que o problema era fácil de resolver. Precisávamos de uma pequena peça e dois parafusos.
Depois disso ainda ficamos perdidos à noite na trilha, a poeira foi inacreditável o dia inteiro. Imagine então no breu total… Era só um carro andar e quem estava atrás não via nada. Aliás a especial de ontem, longa, com mais de duzentos quilômetros, foi também muito perigosa, justamente por causa do pó.
Ainda restam sete dias. Vamos chegar a São Luís!!
Sabadão tenebroso – Fiquei apavorado. Vi que o filme da forfetada estava passando novamente pela minha frente. Com pouco mais de 50 quilômetros rodados, uma conversa fora de hora com o navegador nos desconcentrou. Passamos rápido demais numa referência perigosa. Resultado: problemas na suspensão de novo e mais de 150 quilômetros de quebradeira e pauleira pela frente.
Tirei o pé. Pelo menos chegamos.
É isso que vale.
Fomos salvos mais uma vez pelo apoio da equipe no fim da especial. Chegamos tarde a Palmas, mas pelo menos sem nenhuma penalização.
Amanhã é um outro dia. É assim que funciona no rally. Nunca podemos esquecer que precisamos chegar e que não é só um dia que define a prova. São nove. Amanhã estaremos no quarto.
O carro vai estar legal e pelo menos espero dormir um pouco mais. Nas últimas quarenta e oito horas, só três com os olhos fechados!!! Que o domingão seja de festa!!
André Ramos, 29 anos, é repórter da EPTV Rede Globo e está pilotando um carro da Categoria Imprensa ao lado do navegador Ricardo Lopes, da revista Universo Rally
Este texto foi escrito por: André Ramos/EPTV