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Apoio é a engrenagem da equipe

Muito longe de percorrer trilhas virgens, de pedalar por horas seguidas ou de remar em correntezas bravas, existe uma equipe, de no máximo três integrantes, que não participa de uma corrida de aventura nas condições normais que ela exige. Nem mesmo sobe ao pódio quando seus competidores sagram-se vencedores. Estes integrantes formam a equipe de apoio.

Uma equipe que só participa da prova nas chamadas áreas de transição (áreas especiais, localizadas nos próprios postos de controle, que servem para o atleta descansar, se alimentar e trocar os equipamentos necessários para prosseguir).

A equipe de apoio prepara a local de transição com a separação dos equipamentos que serão levados para a próxima etapa, incluindo os obrigatórios, e uma seleção de alimentos específicos para a hidratação e sustento do atleta. Por outro lado, ela não pode interferir no andamento da prova, nem mesmo pode se comunicar com os competidores. Segundo Maurício Pagotto, um dos responsáveis pelo apoio à equipe Quasar, vencedora da EMA 99 (Expedição Mata Atlântica), “a equipe de apoio rala muito. Ela não come e, muito menos, dorme”.

O sincronismo, entre competidores e apoio, deve ser perfeito. “É como uma engrenagem”, garante Pagotto. Para ele, a integração e a agilidade são fatores indispensáveis para que a equipe não perca tempo. “Em uma prova curta como a da Petar 2000 a área de transição deve ser muito rápida. Cada cinco minutos perdidos pode custar a prova. E se não houver integração, a equipe não anda”, finaliza.

Outro fator determinante é a preparação da alimentação dos atletas. É o que aposta Carla da Costa Santos, uma das duas integrantes da equipe de apoio da Y2K. Carla afirma que “a boa alimentação dos atletas é o diferencial para vencer uma corrida de aventura”. Bem na hora do almoço, às 13h00 de sábado, Carla preparava um macarrão instantâneo em um pequeno fogão a gás para servir à sua equipe na área de transição 2, troca da canoagem para trekking. “Manter a boa amizade e respeito também é importantíssimo”, acrescenta Carla. Na verdade, a equipe Y2K treinou durante quatro meses para o EMA 99 e a Petar 2000 foi quinta prova que fizeram juntos.

João Freitas, apoiador da ECO Azul, não concorda com Carla. Para ele, é imprescindível que a equipe de apoio organize a área de transição. “A agilidade no apoio não é tão importante porque sempre temos tempo de preparar tudo com calma. Mas a área de transição deve estar bem organizada”. Freitas também acha que a entrega dos mapas é o mais importante, “na pressa, na correria, eles esquecem tudo e se você não entregar o mapa certo já viu…”. Foi a terceira vez que Freitas realizou apoio para a equipe ECO Azul e, por isso, já conhece a necessidade de cada um.

Outras equipes não dispõem de equipamentos sofisticados e de alimentos específicos para a recuperação dos atletas, como bebidas isotônicas, ricas em sais minerais. A equipe de apoio da Bairro da Serra, por exemplo, preparou sucos naturais e uma alimentação com muitas frutas. Na área de transição 5, do trekking para o bóia cross, enquanto Jurandir Aguiar dos Santos, um dos responsáveis pelo apoio, preparava a alimentação da equipe, Darci Aguiar dos Santos, o outro apoiador, deitado em uma rede improvisada, explicava que “logo quando chegam nas áreas de transição, os atletas tomam o suco e comem bananas para recuperar a energia”.

Foi a primeira corrida de aventura que a equipe Bairro da Serra participou, porém todos os integrantes da equipe moram na região do Petar e não sentiram a diferença no condicionamento físico, já que conhecem o local. “Eles estão acostumados a comer pouco”, justifica Darci.

O trabalho da equipe de apoio é árduo e cansativo em uma corrida de aventura. Seja no preparo da alimentação ou na organização dos equipamentos, o apoio é fundamental para uma equipe conquistar a vitória neste tipo de competição. Nem sempre a agilidade e a integração são a chave para a vitória. O melhor é manter uma boa relação com a equipe competidora, sendo na busca da excelência ou na simplicidade.

Este texto foi escrito por: André Pascowitch