Após a travessia do Marrocos, estamos na Mauritânia, mais conhecida como reinado do vento ou inferno da Mauritânia. Este país islâmico ganhou esta reputação devido às suas constantes tempestades de areia e a areia fofa presente não só nas dunas, mas em toda parte.
Após um ano de trabalho e preparação, os concorrentes chegam literalmente sedentos por dificuldades, mas rapidamente o deserto entrega uma overdose de problemas que faz iniciar uma série de reclamações, uma espécie de saudade de casa. É a poeira, a comida ruim, a falta de banho, as horas mal dormidas, o frio, o calor, o excesso de perigo e velocidade, a concorrência que está desleal (muito forte) e mais mil razões.
Mas a reclamação mais freqüente nos primeiros dias, no Marrocos, é a quantidade de pedras e o estrago que elas resultam. Pedras, ou melhor, o mar de pedras destrói os veículos, estraga as suspensões, fura centenas de pneus, quebra os veículos e arrebenta os motociclistas e são centenas de fraturas. Nesta hora muitos começam a falar que não esperam a hora de sair do Marrocos e chegar na dunas da Mauritânia…
Pois aqui estamos, e com as dunas e areia fofa começam as atoladas, as capotagens, o superaquecimento do motor, as quebras, os desesperos, os abandonos, e mais cedo do que se imagina, muita gente começa a ter saudades das pedras. Ninguém sabe o que é pior.
Mas logo vem a resposta. Afinal aqui é o inferno da Mauritânia, onde a areia fofa também está cheia de pedras, que nesta condição parecem verdadeiros ímãs, já que na areia perdemos a dirigibilidade. Então desviamos de uma pedra e acabamos acertando a outra. É inevitável. Muitas vezes temos de decidir em que pedra vamos bater, qual deve causar menor dano.
O mais impressionante é a velocidade com que tudo isso acontece e o número pequeno de abandonos. Os carros, motos e caminhões são muito resistentes, para não falar dos pneus. E nosso anjo da guarda é grande. Um gigante!
Este texto foi escrito por: Klever Kolberg (arquivo)