ASrmando Pires nas dunas (foto: Divulgação)
Pouco conhecido do público, Armando Pires, 27 anos, será o primeiro carioca a participar do maior rali do mundo, o Dakar. Tricampeão carioca de enduro, Armando competirá na categoria motos e embarca para a França nesta quinta-feira (20/12), onde testará seu equipamento durante quatro dias. Os treinos serão feitos nas dunas da cidade de Romagne, na Normandia, que reproduzem o cenário de algumas etapas do rali.
Muito bem humorado, alegre e esperançoso, o piloto conversou com a equipe do Webventure e contou um pouco mais sobre a sua carreira e sua expectativa para o Dakar.
Webventure – Você é uma pessoa pouco conhecida da mídia. Fale um pouco da sua história e de como você começou nessa modalidade.
Armando Pires – Eu comecei a andar de moto com nove anos e aos 13 participei pela primeira vez de um enduro de regularidade. Sempre dei mais ênfase para as provas locais do que para as nacionais, pois sempre valorizei mais o meu prazer de pilotar do que os resultados. Fui três vezes campeão carioca de enduro, na categoria master, participei da primeira equipe brasileira que disputou o Campeonato Mundial de Enduro, em 94, e participei também do Rali dos Incas, no Peru, em 96.
Webventure – Quais são suas pretensões para o Dakar?
Armando – Esse será o meu primeiro e, se Deus quiser, virão muitos pela frente. Correr este rali sempre foi meu grande sonho e vai servir também como porta de entrada, pois quero ingressar com tudo nas competições de rali. Eu tinha uma equipe que se chamava Leões da Serra e os outros quatro pilotos do time me diziam que um dia eu estaria participando deste que é o maior rali do mundo. Já liguei para todos eles lembrando-os daquela conversa que nós tivemos em 1989 sobre o meu sonho que agora está se tornando realidade. Meu grande objetivo é conseguir terminar a prova e a colocação é uma coisa secundária, mas pode ter certeza que eu vou dar tudo de mim.
Webventure – Como será a sua equipe?
Armando – A equipe se chama Team Drakkar Normand. São cinco pilotos, eu e mais quatro franceses. Mais um mecânico e um carro de apoio (que contará com o mecânico e outro piloto). Já conheci todos os pilotos, são ótimas pessoas. Senti um pouco de dificuldade na língua, mas acredito que não haverá necessidade de conversarmos o tempo todo. Acho que vou acabar ficando junto com os outros brasileiros que participarão da prova.
Webventure – Você vai correr com uma KTM 660 austríaca, que é considerada uma das melhores motos do mundo. Conte-nos um pouco mais sobre essa máquina.
Armando – A KTM já é votada há alguns anos, por revistas especializadas do mundo inteiro, como a melhor moto do mundo. Ela entrou para o Dakar há 10 anos e agora está com um time muito forte, pois as cinco primeiras colocações do Dakar 2001 foram da KTM. Uma grande vantagem para os pilotos KTM é o suporte oferecido pela fábrica durante o rali. Quem pagar previamente pelo suporte, como eu, terá dois caminhões de peças à disposição e poderá retirar qualquer uma para fazer a manutenção de sua máquina durante os acampamentos.
Webventure – O Dakar 2002 contará com duas etapas chamadas de maratona, pois terão em média 1.500 km. O que você pretende fazer se houver algum problema com a sua moto nessas etapas, já que nelas você não poderá contar com apoio mecânico?
Armando – Eu tenho alguma noção de mecânica, pois a modalidade de enduro que eu pratico não permite a participação de mecânicos e eu tenho que fazer toda a manutenção da moto. Estou embarcando para a Europa e vou ficar três dias com a moto só para estudar seus detalhes, já que ela é diferente da moto que eu corro aqui. Mas eu acho que, poupando o equipamento e fazendo uma revisão prévia, dá para evitar muito problema mecânico. Na grande maioria das vezes a moto quebra por culpa do piloto, então tem que poupá-la o máximo possível.
Este texto foi escrito por: Samir Souza