Mata-pau crescida em um campo no Rio Grande do Sul (foto: Cláudio Patto)
Quem vê uma árvore enorme e imponente no meio de uma floresta tropical dificilmente imagina que ela pode não ter crescido a partir do chão, mas sim germinado sobre outra árvore, envolvendo e cobrindo sua hóspede com suas folhas, roubando sua luz e finalmente levando-a a sucumbir. Isso mesmo, nem todas as plantas brotam no solo, embaixo de uma cobertura cerrada de folhas verdes que filtram grande parte da luz que tanto precisam para crescerem. Vulneráveis, elas estão prontas para serem pisadas ou devoradas.
As sementes das árvores mata-pau caem sobre troncos e galhos de grandes árvores na floresta, trazidas nas fezes de animais. Germinam e começam a crescer. Suas raízes atingem o solo enquanto seus galhos se lançam para o alto do teto de folhas que cobrem a mata, aproveitando-se começarem em um andar privilegiado para encontrarem uma maior quantidade de luz solar, muito mais rapidamente que as demais plantas que crescem do solo. Aos poucos vão crescendo e envolvendo o tronco das suas hospedeiras, tornando-as parte de seus troncos.
Depois de muitos e muitos anos, tornam-se árvores firmes e sólidas, não mais dependendo do suporte das suas hospedeiras que a esta altura sucumbiram esmagadas ou estão sucumbindo em seu interior e tendo de viver à sua sombra. Devido a este hábito são popularmente chamadas de árvores mata-pau. E não envolvem apenas a árvore hospedeira. Muitas vezes englobam tábuas e outros objetos como vassouras e até postes encostados por muitos anos em seus troncos, nos quintais e praças das cidades.
Em várias unidades de conservação sofrem manejo para evitar que cresçam sobre árvores raras ou ameaçadas de extinção, sendo relocadas em árvores mais abundantes ou mesmo cortadas em casos mais urgentes e extremos.
Para que você não fique com a impressão de que as árvores mata-pau são horríveis, as grandes vilãs da história, que covardemente evitam os perigos de ser uma árvorezinha no chão as custas de uma pobre árvore que lutou muito para crescer, eu vou lhes enumerar algumas desvantagens deste hábito e alguns benefícios conhecidos destas plantas:
Outras plantas que crescem sobre árvores:
Lembre-se ainda que existem outras plantas que crescem sobre árvores e que são, geralmente, inofensivas. A maioria das orquídeas e bromélias vivem sobre troncos e galhos de outras plantas. Pequenas, podendo ser consideradas plantinhas de vasinhos se comparadas ao tamanho de uma grande figueira, não costumam prejudicar sua hospedeira e muitas vezes até ajudam no acúmulo de nutrientes. Somente costumam causar danos à árvore quando são muitas ou crescem demais provocando a queda do galho em que estão fixadas.
Este texto foi escrito por: Cláudio Patto
Last modified: fevereiro 21, 2017