Depois de duas temporadas como navegador em rali de regularidade e de estar disputando a atual como piloto, topei o desafio de navegar para um amigo no Vale Raid deste ano. No último dia 06, fizemos nossa estréia representando a cidade de Caraguatatuba na 2ª Volta de Lorena, primeira etapa do campeonato.
Os princípios de navegação são os mesmos: prova de regularidade, percurso desconhecido, trechos de média imposta, deslocamentos com tempo determinado, neutros, etc. No meu ponto de vista, as semelhanças terminaram aí. Logo na planilha, a primeira diferença, ao invés da habitual referência descritiva, encontrei vários desenhos codificados, conhecidos por “tulipas”. Até então, sem problemas, basta prestar atenção ao trajeto e aos detalhes do desenho.
No rali o percurso transcorre por estradas vicinais, normalmente asfaltadas, ou de terra em boas condições; no raid, a situação é inversa, raramente se anda numa estrada e, caso isso aconteça, asfalto nem pensar. O caminho a se seguir são trilhas ou picadas em morros ou pastos. Outro ponto interessante são as médias. No rali, dificilmente se anda abaixo dos 30 km/h; no raid, raramente acima dos 30 km/h.
Daí alguém pode pensar: “mas a menos de 30 km/h a navegação fica mais fácil”. Ledo engano. As referências de planilha são muito próximas umas das outras, às vezes quatro ou cinco metros. Imaginando isso numa trilha, onde normalmente o que se vê são rastros de gado ou nem isso, somando-se à média baixa e às dificuldades do percurso (buracos, rios, etc.), um erro de trajeto é coisa normal.
Os obstáculos do percurso também fazem a diferença. Subir barrancos,
atravessar rios e atoleiros são coisas básicas no raid, justificando o uso obrigatório de capacete. Haja cabeçadas no Santo Antônio do jipe!
Fator sorte – Apesar de todos os imprevistos (o odômetro digital insistia em apagar durante a prova, somados à duas quebras devido a problemas na bobina) e dificuldades encontrados em nossa estréia, contamos com um pouco de sorte na apuração. O cancelamento do PC 13, logo após a segunda quebra da bobina, ainda nos garantiu uma excelente segunda posição na categoria Sem Integrado e um lugar no pódio logo em nossa estréia.
Os competidores mais experientes afirmaram que a prova de Lorena foi fácil para pilotagem, exigindo muita atenção à navegação: “A prova foi bastante técnica, um bom começo para o Valeraid. Quem estava à espera de obstáculos e muita adrenalina, vai ter de aguardar a próxima etapa” disse o navegador Paulo Marcílio.
Vamos ver o que vem pela frente. O próximo desafio é o Raid Flatur 2000, dia 3 de junho, em Taubaté. Até lá. Em tempo, qual esporte é o mais interessante, rali ou raid??? Na dúvida, faça os dois.
André “Deco” Muniz, colaborador da Webventure, é piloto da equipe Rallye Cachorrões de Taubaté (www.cachorroes.esp.br) e navegador do Jeep Clube de Taubaté.
Este texto foi escrito por: André Muniz
Last modified: fevereiro 21, 2017