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As belezas e cuidados do kayaksurf no Havaí


Por do sol em Maui (foto: Arquivo Pessoal/ Roberta Borsari)

Depois de anos dedicando os dias de ferias no trabalho para as competições (o que faço com muito gosto pois adoro a adrenalina das provas), finalmente tive a oportunidade de fazer uma kayaksurftrip. E a decisão de escolher o Havaí como destino aconteceu simplismente pelo fato de ser um lugar onde todos que gostam de surf tem que ir um dia, por ser mítico e místico, e também por ser um grande desafio e oportunidade de aprimorar meu surf.

Não tinha referência de outros atletas do kayaksurf que pudessem me dar informações ou direção específica sobre o surf no North, mas isso não mudou a minha decisão. Claro que sabia muito bem o tamanho do desafio que tinha pela frente, afinal, as ondas gigantescas, correntes fortíssimas, fundo de coral e crowd absurdo, são apenas alguns dos ingredientes desta trip…isso sem contar que iria sozinha!

Mas meu objetivo era: fazer o reconhecimento do local, surfar boas ondas dentro da zona de segurança e dos meus limites, voltando ilesa e apenas com boas lembranças. Afinal, esta era uma viagem pessoal e não tinha que provar nada…apenas experimentar a energia do Havaí. Pensei: vou chegar lá, olhar e ver o que da pra fazer! Além do mais, o Havaí também é conhecido pela enorme variedade de atividades outdoor como trekking em vulcões, mergulho e snorkel em crateras, remadas em canoas havaianas, trilhas de bike, stand up e muitos outros.

Decisões – Escolhi o mês de outubro por ser início da temporada, por já ter entrada de swell, com boas ondas, mas ainda não ter o megacrowd do inverno. Afinal, chegar lá na alta temporada, com 10 metros de onda, não me parecia muito apropriado para uma primeira kayaksurftrip no Havaí. Foram 2 semanas em Oahu, com a base no North Shore na praia de V-land sendo muito bem recebida pela na equipe da GoNutsHawaii: Kátia, Cezinha e seus filhos Kaiama e Kona, e depois 5 dias em Maui.

Logo que cheguei, na primeira semana o mar oscilava entre 0,5m e 1m, o que foi ótimo, pois pude fazer o reconhecimento das bancadas e uma boa adaptação nas ondas rápidas e com fundo raso. V-Land, Fred Land e Kames foram os picos escolhidos e a recomendação para surfar de caiaque. Rock Point, Back Door…nem pensar! Mesmo 1m de onda exigia atenção e o drop tinha que ser preciso, utilizando quilhas pequenas, onde no Brasil surfo ondas de 2m, lá algumas vezes o caiaque já derrapava demonstrando que quando o mar subisse um pouco mais já seria necessário usar quilhas grandes para ter mais segurança.

Os dias de surf eram intercalados com o stand up, esporte da qual tive contato lá e que me apaixonei. Na vontade e impulso de curtir ainda mais a remada em pé comprei os equipamentos (prancha e remo) lá mesmo. Os mergulhos com cilindro ou snorkel também são opções para relaxar e intercalar com o surf. As dicas para fazer snorkel em Oahu são Sharks Cove, no norte, e Hanauma Bay, ao sul, uma cratera de vulcão com uma quantidade e variedade enorme de peixes. As canoas havaianas também estão presentes em quase todas as praias, a quantidade de clubes é imensa. As canoas estão para o Hawaii como o futebol está para o Brasil.

Na semana seguinte tivemos a entrada do swell, neste momento se restringe um pouco mais os picos para caiaque e V-land se mostrou o local mais seguro sendo possível surfar as ondas até 2m, quando lá fora as ondas chegavam a 3m ou mais. No Brasil fiz uma preparação física com o treinador Fabio Batista do clube Paulistano. O treinamento funcional com exercícios de força, equilíbrio e explosão – específicos para kayaksurf, foi essencial para segurar o “tranco” que tive nos dias de onda no Noth Shore. O desgaste físico diário era intenso e misturado com a adrenalina era potencializado. Brincava com o pessoal da casa em que fiquei dizendo que alguns dias me sentia como se tivesse levado uma surra. O corpo inteirinho dolorido e perna ficava roxa, das pancadas que levava nos drops.

Tinha condições técnicas de surfar as ondas maiores, mas o fato de estar sozinha no mar, me fez ser extremamente rigorosa nas tomadas de decisão. O tempo todo você está lidando com a sua cabeça, mais que seu corpo ou sua técnica. Um único drop errado e você pode ter bem mais que um equipamento danificado. Na única natação que fiz neste período, quando uma onda me arrancou do caiaque como se fosse uma pluma, senti a forte corrente, que por sorte me levou para o raso e não para o fundo, e tudo acabou bem.

Recompensas – Nenhum incidente com coral, nenhum problema com os surfistas. É claro que não estava na alta temporada, que tive uma postura adequada – o que faz toda a diferença. Não sei como seria se 5 ou 6 caiaques chegassem ao pico! No penúltimo dia em Oahu, já com o swell descendo tive o privilégio de surfar Sunset, numa manhã de sol, mar lisinho e 1,5 m de onda pesada. Foi sensacional e inesquecível. Fiquei todo tempo no norte da Ilha, mas ela tem atrações em toda a sua costa. É no sul que fica a cidade de Honolulu, com a famosa praia de Waikiki. Aulas de surf, stand up e passeios de caiaque e canoa haviana encontra-se a cada metro é muito divertido. Tudo isso com a visão do vulcão (inativo) Diamond Red da qual também é possível fazer uma visita. Uma praia que vale muito a pena visitar é Kailui localizada ao leste da ilha é considerada uma das praias mais bonitas do mundo águas claras, areia branca e visual incrível compõe o cenário.

Deixei a ilha de Oahu satisfeita e com a sensação de objetivo cumprido. Toda atenção é pouca! Não vi um caiaque ou waveski pegando onda por lá, e quando conheci o famoso e polêmico Eddie Rothman (dono da Da Hui) hoje um simpático senhor de 62 anos ele veio falar comigo no mar e ele ficou super curioso e disse que não tinha visto um daqueles ainda. Quando saímos da água e ele quis ver em detalhes a construção e material do Mega.

Cada ilha tem uma característica diferente, Maui também me encantou pela beleza, minha passagem por lá foi bem mais curta, passei apenas 5 dias, mas foi o suficiente para ficar maravilhada. Não teve onda no período que estive lá, puder relaxar da adrenalina do North Shore e isto fez com que eu curtisse o stand up intensamente…todos os dias remando nas águas límpidas onde era possível ver tartarugas, raia e divesos peixes.

Fui mergulhar em uma ilha que fica a cerca de 15km de Maiu, uma cratera de vulcão chamada Molokini, conhecida mundialmente pela alta visibilidade de suas águas. Tubarões, tartarugas, e enguias além de diversas espécies de peixes são alguns dos animais que podem ser vistos. Outra característica do local é a facilidade de se fazer amigos, as pessoas em Maui são extremamente amigáveis.

A percepção que tenho é que o Havaí não é um destino para aqueles que gostam de surf, mas sim para todos que gostam de praia em geral, natureza a atividades outdoor. A quantidade de atrações e atividades para serem feitas é muita, tornando todos os dias intensos. Sejam pelo surf, visitas aos vulcões, mergulhos, trilhas de bike, remadas de canoa havaiana ou stand up! Tudo sempre aos olhos e benção dos grandes reis e protetores dos oceanos, que estão enterrados no topo da montanha ao lado da praia de Waimea. Se você tem respeito pelo oceano, ele será generoso com você!

Este texto foi escrito por: Roberta Borsari