Guilherme Spinelli (foto: Arquivo Webventure)
A partir de hoje, o Webventure passa a publicar, uma por dia, entrevistas com os 10 pilotos brasileiros que estarão no Dakar: serão sete motociclista, dois pilotos de carro e um de caminhão (veja aqui a ficha completa deles).
Para começar, conversamos com Guilherme Spinelli, que vai comandar uma Mitsubishi Lancer Racing, junto com o navegador Youssef Haddad. Ele falou sobre as mudanças de percurso, de seus principais oponentes e sobre a falta de etapas no Brasil.
O que você achou da mudança de percurso do Dakar?
Achei legal, pois agora voltou ao conceito original de percurso em linha e não em laço. Também é bacana ter um novo país e novas especiais. Embora o percurso seja mais curto na distância total, acredito que será mais difícil nas especiais. Tem mais areia, mais deserto, mais dunas, o que será bem mais exigente.
Qual você espera que seja o trecho mais difícil?
Difícil saber se terá um dia mais difícil. O que sabemos é que o trecho entre Chilecito e Fiambalá, na Argentina, é muito complicado. As dunas do Atacama também são bem difíceis. E no Peru também terá etapas com muitas dunas, que podem mudar a história da classificação. Ou seja, parece que o rali todo terá um alto grau de dificuldade.
Quem serão os principais oponentes na sua modalidade?
A categoria carros se divide em dois mundos: os carros movidos a diesel e os a gasolina. Com o regulamento atual, os carros a diesel levam bastante vantagem no desempenho, pois são bem mais rápidos. Então, os adversários diretos estarão na mesma categoria que nós, gasolina. Esse ano haverá vários concorrentes fortes entre estes, incluindo o campeão de 2009, Giniel de Villiers. Mas, como o foco é no resultado geral, são pelo menos uns 15 fortes adversários que teremos na briga.
E os carros movidos a avgas (gasolina para avião)?
Na verdade, o motor movido a avgas e a gasolina tem o mesmo regulamento e a mesma performance. A diferença grande é para o diesel. Por isso, para um carro a gasolina ganhar na geral precisa que os veículos a diesel não terminem a prova ou tenham enormes problemas, que percam muito tempo. De qualquer forma, os carros a diesel estão tripulados pelas melhores duplas do mundo, ou seja, há grandes chances para eles. Mas, com certeza, todos os carros de ponta a gasolina, inclusive nós, tentarão dar muito trabalho para os veículos a diesel. Tentaremos andar o mais perto deles possível. Ainda acho muito cedo para sonhar em ganhar o Dakar, precisamos de mais experiência nos desertos e dunas para imprimir um ritmo bem forte e seguro. Mas, com certeza vamos forçar mais esse ano, atacar mais e tentar um resultado melhor do que nos anos anteriores.
Seria bom ou ruim o Dakar voltar para a África? E o que dizer sobre não ter acontecido etapas no Brasil em todo esse período?
Embora o rali tenha vindo para América do Sul, ele não perdeu suas características originais de dificuldade de percurso, tempo de duração, quilometragem e também nível dos participantes. Então, como um sul-americano, prefiro que o rali continue no continente. Quanto a vir para o Brasil, sei que a Amaury Sports Organisation [responsável pelo Dakar] tem muita vontade de trazer o rali pra cá. Também sei que estão em contato com o governo brasileiro, tentando uma parceria para 2013, mas parece que não se concretizará para essa edição. Torço para que a prova passe pelo país o quanto antes.
SOBRE O DAKAR 2012
O Rally Dakar chega a sua 33ª edição, mas é apenas a quarta prova na América do Sul. Em 2012 a competição irá atravessar o continente de leste a oeste, saindo de Mar Del Plata, na Argentina, passando pelo Chile e terminando em Lima, no Peru. Até 2011, as edições latinas do Dakar eram em formato de circuito ou laço (quando o percurso de uma etapa cruza com o de outra), saindo e terminando em Buenos Aires, capital da Argentina. Com a mudança, a prova ficou cerca de 500 quilômetros mais curta.
Este texto foi escrito por: Pedro Sibahi