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As meninas no MTB

Redação Webventure/ Biking

Gabriela em ação em Campos do Jordão (SP). (foto: Arquivo pessoal)
Gabriela em ação em Campos do Jordão (SP). (foto: Arquivo pessoal)

Na coluna desse mês quero destacar a presença feminina no mountain bike. Seja em competições, seja por puro lazer, as meninas estão cada vez mais aderindo a este esporte maravilhoso e de contato com a natureza. Vou tentar também esclarecer algumas dúvidas normais das principiantes deste esporte.

As vantagens do MTB – O mountain bike tem vantagens e não são poucas. Uma delas eu já citei, é um esporte praticado em trilhas e estradas de terra, o seja, proporciona ao atleta muito contato com a natureza e distância da poluição, principalmente dos escapamentos dos carros. É um esporte aeróbico, ou seja, desenvolve os pulmões e os praticantes perdem muitas calorias durante os treinos ou passeios. Por ser um meio de transporte versátil, a bicicleta consegue ir a lugares que, com o carro, você não conseguiria (trilhas estreitas ou esburacadas) e a pé você levaria muito tempo.

Além disso, explorando novas trilhas você pode ter uma ótima surpresa descobrindo cachoeiras novas ou chegando a lugares onde a vista é simplesmente magnífica.

Destaque feminino – Muita gente pensa que o mountain bike é um esporte masculino, pois além do preparo físico, exige do atleta técnica e intimidade com a bicicleta. É aí que ocorrem os enganos. Técnica é uma questão de jeito e prática, e isso as mulheres aprendem facilmente. A nossa desvantagem é que enquanto nós brincávamos de boneca quando criança, muitos meninos faziam rampinhas de madeira e ficavam tentando pular com suas bikes de bicicross.

Devido a essa cultura social, nós estamos um pouco atrasadas em relação aos homens mas isso não significa incapacitadas. É tudo uma questão de prática. Os números não me deixam mentir. Cada vez mais mulheres participam de provas de MTB. No Iron Biker, por exemplo, a maior prova da América Latina e que todos os anos reúne cerca de 1000 atletas em Minas Gerais, o número de mulheres é crescente. Em 2001 foram 46 mulheres, em 2002, 48 e em 2003, 64.

O que favoreceu bastante esse crescimento foi a criação de novas categorias para mulheres, agora por idade. Assim todas têm a chance de subir ao podium. No MTB 12 horas, outra prova tradicional do calendário nacional, o crescimento na participação feminina também é notável. Para se ter uma idéia, em 1998, na primeira edição do evento havia apenas 1 menina na categoria solo feminino.

Esse ano havia 11 meninas na Solo, 26 na categoria Mista, 5 na categoria Duplas e 5 na categoria por Idade, o que totaliza 47 meninas que suaram a camisa e pedalaram 12 horas, enfrentando trechos a noite e o calor intenso do dia. Em 2002 foi criada a primeira equipe feminina profissional de cross-country, Sampa Biker’s/Power Bar. Em 2003 a equipe contou com a participação das atletas Adriana Nascimento, Érika Gramiscelli e desta colunista que vos fala.

Em outros países onde o MTB é mais difundido como nos EUA, Canadá e Europa, o número de atletas femininas é maior. Para se ter uma idéia, em campeonatos mundiais a média é de 120 atletas femininas só na categoria Elite, sem contar a Júnior feminina.

Infelizmente não tem como numerar as esportistas que só praticam por lazer, mas com certeza são muitas. Principalmente nas provas de aventura, onde uma das modalidades é o mountain bike, as equipes principais precisam ter pelo menos uma mulher, o que acaba gerando um crescimento feminino nesse esporte.

Algumas meninas desistem do MTB porque dizem que é muito difícil, com descidas perigosas e subidas desgastantes. Isso é verdade, o MTB não é fácil, mas não é impossível. O meu conselho é começar devagar, nada de querer acompanhar o ritmo dos seus amigos que pedalam há um tempão e que além de tudo são mais fortes que você pois são homens.

Pegue um amigo ou amiga paciente que vá no seu ritmo e conheça as trilhas. Nada de se aventurar sozinha, principalmente no começo, pois imprevistos podem acontecer como um pneu furado ou um tombo e você vai precisar de ajuda.

Comece por trilhas fáceis com poucas subidas e descidas e vá aumentando o grau de dificuldade conforme sua evolução. Não tente descer um barranco de 10 metros na primeira trilha, pois como você é inexperiente o tombo será inevitável e isso pode gerar traumas.

Algumas meninas têm medo de ficar com cicatrizes se caírem e acabam desistindo. Isso é mesmo um problema, um tombinho ou outro é inevitável, mas se você não queimar etapas e for no seu ritmo, não sofrerá nada sério além de alguns cortes. O banco da bicicleta é outro empecilho para nós mulheres.

Dica – O meu conselho é começar com um selim bem confortável e nunca se esqueça de usar bermuda de ciclista bem acolchoada. Com o tempo você vai se acostumando. Aos poucos você vai evoluir e já vai até conseguir andar na frente de alguns amigos seus e, o mais importante de tudo, vai conhecer lugares maravilhosos e manter seu corpo em forma!

Mais informações sobre esse assunto você encontrará na Revista Bike Action, sessão “A Hora do Blush”.

Este texto foi escrito por: Gabriela Morelli

Last modified: novembro 28, 2003

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