
Chiado no peito, tosse e falta de ar. Quem sofre com esses sintomas desconfortáveis, sabe o quanto é difícil fazer atividades físicas ou até mesmo corriqueiras sem interrupção. Aquela paradinha estratégica para retomar o fôlego e o uso de medicamentos, como inalação com broncodilatadores e as famosas bombinhas são itens essenciais no checklist de quem possui asma. Ou seria bronquite? Pois é, muita gente que sofre com essas limitações não sabe exatamente o que tem ao certo. Para esclarecer essas diferenças, fomos a um bate-papo promovido pela Boehringer Ingelheim com a participação de Fernando Scherer (o Xuxa), ex-atleta brasileiro de natação que já sofreu muito com a asma, e o dr. Mauro Gomes, pneumologista e diretor da Comissão de Infecções Respiratórias da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia. O encontro rendeu muitas informações que vamos compartilhar com você aqui.
Asma e bronquite não são a mesma coisa
É muito comum achar que as duas doenças são iguais, afinal ambas possuem os mesmos sintomas. Começando pela asma: é uma doença respiratória genética (ou seja, hereditária, se você tem, é porque herdou de algum membro de sua família), que consiste na irritação dos brônquios, que ficam sensíveis e inflamados, causando a típica falta de ar, tosse e peito cheio. Os fatores desencadeantes da asma são: fezes de ácaros, micro-organismos que se alimentam de pele descamada e habitam carpetes, cortinas, travesseiros, roupas de cama, entre outros lugares; ar-condicionado; mudança brusca de temperatura (geralmente tempo frio e seco estimulam o aparecimento de uma crise) e a presença de animais em casa.

Por sua a vez, a bronquite tem duas vertentes: a crônica, que é a inflamação prolongada dos brônquios; e o enfisema, que destrói os alvéolos pulmonares. Ambas são causadas pelo tabagismo e contam com os mesmos sintomas da asma. de sintomas da asma. Também é conhecida como DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica).
Asma é a 4ª causa de internação pelo SUS no Brasil
A asma não tem cura, mas o controle por meio de medicação e uma vida ativa ajudam no controle das crises, afirma dr. Mauro Gomes, que disse que o maior problema da doença é subestimá-la. As pessoas usam apenas paliativos para controlar um momento de crise, mas não entendem a necessidade de tratar a raiz do problema, que é a própria inflamação dos brônquios. O uso da inalação ou de uma bombinha, por exemplo, apenas aliviam os sintomas, mas não atuam na desinflamação, esclarece o pneumologista. Por conta dessa falta de conhecimento, a asma é a 4ª causa de internação pelo SUS: estima-se que a doença seja parte da vida de 20 a 25 milhões de pessoas no Brasil.

O tratamento para um paciente asmático começa dentro de casa: evitar carpetes, manter o ambiente sempre limpo e arejado, além de evitar que animais fiquem em determinadas áreas, como cama e sofá, dificultam a proliferação de ácaros, além da prescrição medicamentosa por um profissional ajudam o paciente a reduzir as crises, recomenda Gomes. No caso da bronquite crônica, a recomendação é a mesma, no entanto parar de fumar e ter acompanhamento médico mais frequente é essencial, já que é um quadro mais sério.
Praticar esporte não piora a situação?
Pelo contrário, pode ajudar bastante e aumentar o espaço entre as crises. Quando o paciente tem asma não controlada, existe o risco de crises induzidas pelos exercícios físicos. Mas em combinação com tratamento medicamentoso que mantém a asma controlada, a atividade física melhora o condicionamento cardiorrespiratório do asmático e, consequentemente, a tolerância ao esforço, esclarece o especialista.
Por isso, aposte em atividades aeróbicas que estimulam a capacidade respiratória, como spinning, corrida, transport e natação.
Fernando Scherer, o Xuxa, que o diga. Diagnosticado com asma na adolescência, começou a nadar por recomendação médica. Não gostava, achava chato, mas levei a sério as aulas. Um dia meu treinador disse que eu levava jeito para o esporte e então comecei a ver a natação de outra forma: estava feliz porque tinha um talento e me dediquei até me tornar campeão mundial, lembra o ex-atleta, que hoje está afastado das raias, mas nunca parou de se exercitar. Eu sofri muito com a asma, cheguei a ter uma crise feia quando já estava atuando profissionalmente. Por isso sempre fui cuidadoso para a doença não ganhar força, comenta.
Xuxa não está sozinho: além dele, muitos atletas de alto rendimento sofrem com a asma. Alguns exemplos de ídolos do esporte são Marta da Silva (jogadora de futebol brasileiro feminino) e David Beckham (jogador de futebol inglês). Segundo estudo do Journal Sports Medicine de 2012, cerca de 8% dos atletas olímpicos possuem asma, mas isso não parece ser um fator limitante: outra pesquisa mostrou que 17% dos ciclistas e 19% dos nadadores relataram diagnóstico de asma, mas ganharam 29% e 33% das medalhas nessas modalidades. Ou seja, mais um motivo para você fazer um tratamento adequado e fazer exercícios.
Como saber se a asma está controlada?
Segundo o GINA (Global Initiative for Asthma), os sintomas abaixo apontam quando a doença não está controlada. Sentiu algum desses sintomas nas últimas 4 semanas? Corra para o pneumologista para que ele possa indicar o tratamento ideal para você.
– Uso de medicamentos para alívio da falta de ar mais de duas vezes por semana.
– A asma está impedindo a realização de atividades do dia a dia.
– Sintomas de falta de ar, tosse e chiado no peito mais de duas vezes por semana.
– Qualquer despertar durante a noite causado por esses sintomas.
Este texto foi escrito por: Amanda Preto
Last modified: fevereiro 25, 2017