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Atletas do Ecomotion/PRO serão cobaias em pesquisa sobre privação de sono


Atletas irão passar seis noites acordados competindo no Ecomotion/PRO. (foto: Tom Papp/ www.webventure.com.br)

Os 480 quilômetros do Ecomotion/PRO, prova válida pelo circuito mundial de corridas de aventura que será disputada de 18 a 22 de outubro na Costa do Dendê, Bahia, se transformarão em um imenso laboratório a céu aberto.

Enquanto os participantes percorrerão a região de Itacaré e Morro de São Paulo em várias modalidades, entre elas o trekking, mountain bike, natação e canoagem, pesquisadores do Cepe (Centro de Estudos em Psicobiologia e Exercício), laboratório vinculado ao Instituto do Sono da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), vão fazer testes para investigar até que ponto o exercício físico pode amenizar os malefícios causados pela privação do sono.

Os resultados devem ajudar pessoas que trabalham em esquema de revezamento em turnos e dormem pouco, como policiais, médicos, jornalistas, motoristas e enfermeiros. E para a realização do estudo, nada melhor que uma prova onde os participantes enfrentarão vários obstáculos naturais em sete dias e seis noites sem parar.

O estudo – O estudo começou a ser desenvolvido no ano passado pela pesquisadora Hanna Karen Antunes doutoranda em psicobiologia, supervisionada pelo professor da Unifesp, Marco Túlio de Mello – e teve a sua primeira etapa realizada durante o Ecomotion/Pro de 2003, na Chapada Diamantina, quando atletas de três equipes (Atenah, Bio Ritmo e Lobo Guará) foram submetidos a vários exames preliminares e posteriores à prova.

Desta vez, a experiência será ainda mais abrangente e terá como “cobaias” os integrantes das equipes Clight/Salomon/Atenah, Lobo Guará, Eco 2, Quasar/Lontra e também o atleta Henry Kubota, um dos membros da equipe H2O 1. Eles serão submetidos a várias análises antes e depois da corrida, como exame de sangue e urina. Os atletas também vão ser monitorados durante toda a prova por meio de um aparelho chamado ‘acelerômetro’, semelhante a um pager, que registra todos os movimentos desempenhados.

A experiência envolvendo participantes de corridas de aventura começou em 2003, exatamente dez dias antes do início do Ecomotion/Pro da Chapada Diamantina. Na ocasião os atletas foram submetidos à vasta bateria de exames e à uma avaliação geral física, nutricional, cognitiva e do sono e traçado um perfil de cada participante.

Durante a prova eles foram monitorados e avaliados após o término da competição. “Levamos aproximadamente 500 quilos de equipamentos para o local e reservamos uma ala inteira do hotel para os testes. Após a prova, ‘raptamos’ os atletas e aí eles passaram por exames de sangue, urina, avaliação clínica e corporal. Depois, fizeram uma refeição e foram dormir, passando por nova avaliação de sono. Ao acordarem, oito horas depois, fizeram nova bateria de exames”, sintetiza Hanna Karen.

Uma nova fase da pesquisa foi realizada em outubro, no laboatório do Cepe, em São Paulo, onde o percurso do Ecomotion/Pro foi reproduzido com ajuda de aparelhos, como esteiras, bicicletas ergométricas e um cicloergômetro de braço, para simular o remo. “A intenção foi eliminar os fatores externos que podem modificar os resultados”, afirmou a pesquisadora.

A terceira etapa do estudo, que será realizada na Costa do Dendê, além de contar com um número maior de participantes, terá como principal objetivo esclarecer questões que ainda estão em aberto. Entretanto, já foi possível chegar a algumas conclusões. “O exercício físico protege o indivíduo dos efeitos da privação do sono. Os atletas possuem uma recuperação muito rápida. Em quatro horas de sono eles recuperam aproximadamente 60% do que perderam nas provas”, afirma a pesquisadora.

Este texto foi escrito por: Webventure