Team Aussie partindo do PC3 na liderança da prova (foto: Gustavo Mansur)
Bariloche (Argentina) 23:42hs – Agora está valendo. Os times largaram hoje pela manhã para a edição 1999 do Eco-Challenge. A largada foi no Lago Correntoso, e as equipes começaram a prova em caiaques duplos. Até o anoitecer apenas seis equipes haviam terminado o trecho de caiaque e passado pelo PC3, onde era feito o transferimento para os cavalos. Na frente estão os australianos do Team Aussie, vencedores do Eco-Challenge do ano passado no Marrocos. Logo atrás estão os neozelandeses do Team MapInfo, capitaneados pelo experiente Mark Foster.
Um dia frio e úmido esperava os competidores do Eco-Challenge 1999 para a largada na manhã de hoje. Nada muito animador para quem teria que enfrentar a água fria do Lago Correntoso, a cerca de 70 quilômetros de Bariloche. A largada foi feita ao estilo Le Mans. Um sorteio escolheu o membro de cada equipe que levou os caiaques até a linha de largada, a cerca de 100 metros de distância da borda do lago. Os demais competidores foram levados até a borda do lago em fila e de costas para a água. A largada foi dada em uma contagem regressiva acompanhada por todos os espectadores, jornalistas e a organização. Todos entraram na água gelada e nadaram até seus caiaques. Não foram poucos os que tiveram dificuldade de subir em suas embarcações em um ponto já profundo do lago.
A primeira etapa de caiaque levou os competidores a um trecho de transição entre o Lago Correntoso e o Lago Nahuel Huapi, o principal, e mais famoso lago da região de Bariloche. Na transição as equipes foram tiveram que carregar seus dois caiaques por cerca de 50 metros até a borda do Nahuel Huapi. De lá uma curta distância até o PC1, na Villa Angostura, onde as equipes novamente carregaram os caiaques, só que desta vez passando por dentro das ruas da pequena vila, sob os aplausos e apoio da população argentina local. Já na vila os australianos do Team Aussie passaram em primeiro, seguidos de perto pelo Team MapInfo e pela equipe Condor, formada por argentinos de Bariloche. A equipe Brasil 500 Anos passou pelo PC1 na 20ª posição, já o Brasil Adventure Team foi o penúltimo time a passar pelo local, na 50ª posição. Ambas as equipes sofreram bastante para transportar os caiaques duplos, muito pesados e desconfortáveis para o transporte. Mas o astral brasileiro era alto em ambas as equipes.
O PC2 foi postado na praia em frente a cidade de Bariloche, onde uma multidão de argentinos se formou para ver as equipes desembarcarem de seus caiaques e rapidamente carimbarem seus passaportes para continuar na prova. A distância entre os dois primeiros PCs já foi grande o suficiente para abrir grandes distâncias entre os competidores.
O primeiro ponto de transição foi no PC3, onde todos trocaram seus caiaques e suas roupas molhadas pela companhia dos cavalos da raça criolla. Mas antes de alcançar os cavalos, mais uma surpresa da organização da prova. A chegada ao PC foi feita na embocadura do rio Limay, na ponta extrema do Lago Nahuel Huapi, após 105 quilômetros de caiaque. As equipes desembarcavam dos caiaques em uma borda do rio, subiam com eles por uma íngreme encosta e depois atravessavam a nado a água gelada até o ponto onde montavam seus cavalos. Os australianos do Aussie chegaram realizaram a transição às 19:19. Os neozelandeses só chegaram no PC3 às 19:36. Uma pequena vantagem para os australianos. A prova ainda está em seu princípio e qualquer dos times que se encontram nas quinze primeiras posições podem levar a vitória.
Até o fechamento da última lista de resultados, a equipe Brasil 500 Anos estava em pleno lago, mas já na reta final para alcançar o PC3. Conquistaram uma posição no PC2, pulando para a 19ª posição. Um bom começo para o time mineiro que participa pela segunda vez do Eco-Challenge. Já o Brasil Adventure Team terá que enfrentar um bom trecho de dificuldades. Sua passagem pelo PC2, na metade do Lago Nahuel Huapi, foi por volta das 21 horas, quando já começava a escurecer aqui em Bariloche. Um vento mais forte soprava no início da noite provocando ondas no lago. Os brasileiros terão pela frente um principio de noite remando no frio e na escuridão do Nahuel Huapi até alcançarem seus cavalos no PC3.
O trecho de cavalo promete algum descanso para os pés. Mas pouco para quem já enfrentou um dia extremo no Eco-Challenge. Não é permitido correr com os animais, apenas o trote está liberado. No PC4, na Estância El Condor, onde toda a organização foi realizar o pernoite, os times terão que dar um descanso de duas horas aos animais para só então prosseguir rumo ao PC6, na La Buitrera, montanha acima. Na Estância os cavalos serão examinados por veterinários e se algum deles apresentar maus tratos por parte das equipes, estas serão desclassificadas. O ideal é aproveitar as poucas horas para comer e descansar um pouco.
Para amanhã os competidores enfrentarão um dia inteiro de treeking entre o PC6 e o PC8, onde começa a primeira etapa de montanhismo no Eco-Challenge 1999. Será um dia de muita navegação, e de avanços bem mais lentos do que neste primeiro dia.
A surpresa do dia ficou por conta da distância total da prova, que foi reduzida dos 500 quilômetros previsto para 318 quilômetros. Não quer dizer que a prova está mais fácil, disse o diretor geral e criador do Eco-Challenge Mark Burnett no briefing realizado ontem a noite no acampamento da largada. Apenas quero dar oportunidade para que várias equipes possam desfrutar do Eco-Challenge. Mas isso não significa que é uma prova fácil como algumas equipes disseram, comentou. Burnett fazia uma referência direta ao time finlandês Halti, que comentou abertamente que a corrida estaria fácil e que completá-la não era nenhum desafio. Burnett ficou claramente transtornado com as declarações dos finlandeses. Se eles vencerem a corrida vou parabeniza-los, mas não significa que a atitude deles foi correta, uma falta de respeito completa com todo o pessoal da organização, com quem foram diversas vezes agressivos e grosseiros, falou um revoltado Burnett.
A Webventure continua acompanhando de perto a participação brasileira no Eco-Challenge 1999, assim como todos os detalhes desta que é uma das mais importantes corridas de aventura do mundo.
Este texto foi escrito por: Gustavo Mansur
Last modified: dezembro 1, 1999