A largada do XTerra no Rio Negro (foto: Alexandre Koda / Webrun)
“Sobrepujai todos os vossos oponentes! (…) E dai-nos também Senhor / A esperança e a certeza do retorno / Mas, se defendendo esta brasileira Amazônia / Tivermos que perecer, ó Deus! / Que o façamos com dignidade / E mereçamos a vitória! SELVA!.
Com essas palavras, a oração do Guerreiro de Selva da Amazônia, começou a edição 2011 do XTerra Global Tour no sábado (11/06), prova com 1,5 quilômetro de natação, 30 de mountain bike e nove de corrida no coração da maior floresta tropical do mundo.
Atletas do Brasil e também de outros países estiveram presentes, que começou e terminou sob muito calor e alta umidade nos arredores da base de instrução número quatro do Exército Brasileiro, em Manaus (AM). As condições climáticas adversas não favoreceram os competidores locais e nem os brasileiros acostumados a disputar etapas do XTerra, já que a vitória ficou com Carina Wasle (Áustria) e Benjamin Allen (Austrália).
O tiro de partida foi dado com um explosivo aquático às 7 horas, momento em que cerca de 500 triatletas saíram para a natação num afluente do Rio Negro. Depois de contornar as boias eles seguiram rumo à bike, onde foram desafiados por muita lama na estrada de terra principal e pela alta umidade no interior da selva, no trecho de singletrack.
Neste momento o calor aumentava o desgaste do triatletas, que ainda tinham todo o trecho de corrida pela frente, com algumas surpresas. No começo da empreitada era necessário atravessar um trecho de água a nado, algo que agradou a maioria dos desgastados guerreiros.
Campeões
Ao final, Benjamin cruzou a linha de chegada com o tempo de 2h27min09 e disse que o calor não foi um adversário. O clima aqui é muito parecido com da Austrália, então estou acostumado com o calor e alta umidade, relata. Em sua primeira visita ao Brasil, ele se disse muito contente em poder conhecer a Floresta Amazônica. É uma sensação incrível, gostei muito.
Ele saiu da água na segunda colocação, mas alcançou a liderança no trecho de bike e não foi mais alcançado. Na corrida eu tropecei em alguns galhos e arranhei o pé, mas nada que comprometesse o desempenho final, garante.
O brasileiro Felipe Moletta, que marcou o tempo de 2h29min36, foi o vice-campeão. Foi uma superação total, pois a prova é muito dura. Mas valeu estar na selva. Ele conta ainda que fez muito esforço para chegar entre os três melhores. Pensei que não fosse conseguir, porque o Sam Garder saiu muito forte para a corrida, mas consegui ultrapassá-lo no trecho final.
O britânico Sam Gardner marcou 2h31min04 para alcançar o terceiro posto. A organização da prova foi muito boa e adorei a experiência de conhecer uma base militar no meio da Floresta Amazônica. Esse foi um XTerra totalmente diferente de outros que eu já tinha corrido. Ele conta também que o calor foi o maior desafio e o pequeno rio no meio da corrida foi um bom refresco. Tive uma natação ruim, perdi algum tempo na transição para a bike, mas fiquei feliz com o resultado. Viajei muitas horas para chegar aqui. Sam diz ainda que esse foi seu último XTerra do ano, já que a partir de agora vai se dedicar às longas distâncias. Antes disso vou tirar uma semana de folga no Rio de Janeiro.
No feminino…
Entre as mulheres, a austríaca Carina Wasle correu praticamente de ponta a ponta até marcar 2h52min33. Gostei bastante do trecho de natação e ficava imaginando se algum peixe ia nos atacar, brinca a atleta de 26 anos. Fiz a prova da mesma forma como me dedico aos treinamentos e foi muito divertido.
A segunda colocada foi a brasileira Sabrina Gobbo, que travou uma disputa acirrada com a terceira colocada, Manuela Vilaseca. Tentei sair da natação na cola da Carla Prada, mas ela é muito boa na água e não consegui. Depois vi a Manuela, saímos juntas na transição, eu abri no primeiro singletrack, mas ela saiu na minha frente na transição para a corrida. Sabrina ultrapassou a concorrente na travessia do igarapé e depois abriu para completar com o tempo de 3h14min39.
A terceira colocada, Manuela, veio preparada para encarar fortes desafios. Eu já sabia que a prova seria dura por conta do clima e pelas fortes concorrentes, então eu vim com a faca nos dentes para buscar o primeiro lugar, relata. A disputa foi incrível e maior do que eu imaginava, já que eu e a Sabrina estivemos próximas o tempo todo, sem tempo para respirar. Ela chegou a se sentir mal durante o começo da corrida e o igarapé serviu para refrescar o corpo. Tive vontade de ficar lá, mas foi nessa hora que a Sabrina me ultrapassou.
Os atletas foram recebidos logo cedo pelo Coronel Palaia, comandante do Centro de Instrução de Guerra na Selva (Cigs) e pelos demais militares do quartel. Alguns mais aventureiros passaram a noite na selva no dia anterior e aprenderam algumas técnicas de sobrevivência.
Após o término da competição foi servido um almoço na base, antes do retorno à cidade. A etapa da Amazônia do XTerra ofereceu 34 vagas para o mundial da categoria, no Havaí, o que levou muitos atletas a acordarem cedo no domingo (12/06) para garantir a vaga.
A próxima competição do XTerra acontecerá no dia 13/08 na cidade de Angra dos Reis (RJ), com a etapa Costa Verde. As inscrições já estão abertas e podem ser feitas no site oficial, o www.xterrabrasil.com.br.
Este texto foi escrito por: Alexandre Koda / Especial Webrun