Programei com todo entusiasmo para fazer uma caminhada na Trilha do Ouro com minha esposa, minha primeira filha (Patrícia) e mais duas amigas. Saímos de São Paulo no dia 31 de dezembro de 1999 com todas as mochilas prontas com destino à cidade de Volta Redonda (RJ) onde passamos o reveillon com muita chuva.
No dia seguinte, saímos logo cedo com destino à cidade de São José do Barreiro (SP). Estávamos em seis pessoas, eu, minha esposa, minha filha, Darlene, Eliamar e Leniel, esposo da Eliamar, que iria voltar com o carro para Volta Redonda. A chuva não parava de cair, havia chovido todo o dia anterior e a noite. Às 9 horas, ao passarmos por sobre a ponte da cidade de Queluz, notamos que o nível do rio Paraíba estava alto.
Chegamos no nosso destino, São José do Barreiro, e a chuva não parava. Fomos até o início da estrada da Bocaina e notamos que havia muita lama, mas a vontade do grupo era grande em querer fazer a caminhada. Procuramos logo alugar um veículo para nos levar até
a entrada do Parque Nacional da Bocaina, que fica à 26 km. Não encontramos, pois ninguém queria colocar seu veículo 4×4 naquela situação de estrada.
Encontramos um “louco” que se propôs a nos levar de fusca. Imagine, cinco pessoas com cinco mochilas cargueiras, mais o motorista dentro de um fusca com pneus acorrentados subindo uma serra com muita lama e muita chuva. Nos reunimos ali mesmo para decidir o que fazer. Subir, mesmo com chuva, ou voltar para casa e desfazer as mochilas? Prevaleceu o bom senso. Decidimos voltar. Já estávamos todos molhados, o carro todo úmido. Então, retornamos para Volta Redonda.
A volta – Ao passarmos novamente por sobre a ponte no centro de Queluz, notamos que a água do rio já estava quase chegando no pavimento da ponte. Chegamos em Volta Redonda às 15 horas. A chuva não deu trégua. No dia seguinte, dia dois, por volta das 8 horas, saímos de volta para São Paulo. Seguimos a até a cidade de Itatiaia (SP), quando ouvimos pelo rádio que um trecho da Dutra próximo à cidade de Queluz estava alagado no sentido Rio-São Paulo e que o trânsito estava parado formando uma fila de 10km.
Decidimos então retornar e descer sentido Angra dos Reis. E assim fizemos. Contornei e peguei a rodovia sentido Rio de Janeiro até a cidade de Barra Mansa onde saí à direita, pegando a estrada que desce para Angra. Ao chegarmos próximo a cidade de Lídice fomos parados pela defesa civil, e nos informaram que tínhamos de retornar, pois a uns dois quilômetros à frente a estrada estava interditada nos dois sentidos, pois havia caído uma barreira enorme.
Novamente tivemos que retornar para a Dutra. Lá se foram setenta km entre ida e volta. Em Barra Mansa procurei informação sobre o trânsito na Dutra no sentido São Paulo e fui informado pela polícia rodoviária que a rodovia estava parada nos dois sentidos no município de Queluz há quatro horas, e que não tinha previsão para liberação da pista.
Enquanto isso a chuva continuava a cair. Decidimos então seguir para o Rio de Janeiro. Lá pegamos a rodovia Rio-Santos e seguimos com destino à baixada Santista. Em vários trechos da rodovia tivemos que desviar de barreiras, pista alagada, pista desmoronada e até acostamento servindo de passagem para os dois sentidos.
Conclusão – Depois de dezesseis horas rodando, paramos uma hora da manhã do dia três em frente à casa do meu irmão em Cubatão ainda debaixo de muita chuva. Na manhã seguinte o sol estava lindo e radiante, e só nos restou subir para São Paulo. Uma aventura totalmente diferente daquilo que havíamos planejado.
Por volta das 18 horas do dia três de janeiro de 2000, uma segunda-feira, estávamos desfazendo as mochilas que tínhamos preparados com roupas, barracas e mantimentos na quinta-feira anterior. Para alguns do grupo, a decepção por não terem feito a caminhada. Para outros, o alívio de chegar são e salvo em casa!
Este texto foi escrito por: Messias Resende