Aventuras com um Fusca 82, em Jericoacora - Webventure

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Aventuras com um Fusca 82, em Jericoacora

Redação Webventure/ Offroad

Um casal resolve seguir de carro até a belíssima Jericoacoara (CE). Nada demais, não fossem eles guiando um Fusca e em 1983, quando o local estava longe de ser um pólo turístico. Um deslize do motorista e a mudança da maré dão o toque final para uma curiosa aventura contada por Alfredo Parente.

Sempre fui ligado à natureza e a respeito muito, hábito criado desde os tempos de Escotismo. Fui crecendo curtindo as belezas da natureza , principalmente no litoral do Ceará. Uma de minhas aventuras nesse local aconteceu depois que vendi meu Jeep 51, velho companheiro de trihas e descobertas, e comprei um Fusca/82, na época zero quilômetro. Era recém-casado e convenci minha esposa que a gente conseguiria chegar até a praia de Jericoacoara no carrinho e seríamos os primeiros a fazer tal viagem.

Mala e cuia dentro do carro, partimos de Fortaleza no mês de fevereiro de 83, debaixo de muita chuva. O percurso previsto era de 350 km. Depois de enfrentarmos muita estrada de asfalto e boa parte com lama, mas sem muita difilculdade, entramos na beira da praia. Eram 17h.

Havíamos saído de casa de manhã cedo, como havia programado, e na chegada a maré estava baixando, tornando possível chegar até Jeri. Partindo do lugarejo chamado Preá, ao seguirmos pela beira-mar , sabia que haveria um barranco onde deveriámos subir para o cerrado, pois posteriormente não haveria passagem pela praia – seriam só pedras e mais pedras. Começou a escurecer e, no lugar da subida, estávamos com pouca velocidade. Foi quando tivemos de dar a volta para fazer “carreira” (tomar velocidade), mas o velho rato de praia aqui, ao invés de respeitar as regras e a força da natureza, fez a curva no sentido errado (para dentro do mar).

A verdadeira aventura – Atolamos até o eixo. Levantei o carro com o macaco, roda por roda, para calçar e tentar sair. Depois de quatro tentativas, admiti que era inútil. Às 20h, a praia estava deserta e o jeito foi procurar auxilio em Jeri que, pelos nossos cálculos, não estaria muito longe, talvez uns 8 km pela praia.

Pegamos o essencial e pé na areia! Escuridão completa, muita areia, depois muita pedra, minha esposa chorando e resmungando… Resolvemos sair da praia e subir para sertão, pois estava muito difícil caminhar pelas pedras – alías, já não caminhávamos mais, andávamos de quatro, em virtude da dificuldade de ficar em pé nas pedras. Após muito choro e cansaço da minha esposa, finalmente encontramos sinais de civilização. Estávamos dentro de um cemitério!

Aguçamos os ouvidos e começamos a ouvir som de verdade – forró. Chegamos numa aldeia dos pescadores quando já passava da meia-noite e a maré já deveria estar subindo e cobriria o carro. Foi um corre-corre. Tivemos sorte, pois consegui ajuda de vários pescadores para desatolar o carro. O único problema seria voltar a pé para o local onde ele estava, mas um dos pescadores conhecia um atalho. Quando chegamos ao carro, a maré já beiçava os pneus, mas conseguimos tirar o Fusca da areia e voltamos com segurança para Jeri, onde tomamos cachaça até o amanhecer na pousada da Tia Mocinha.

Este texto foi escrito por: Webventure

Last modified: janeiro 6, 2000

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