Os instrutores Kalay Marques Marcia Farhouh Juliana Sé e Humberto dois. (foto: Camila Christianini/ www.webventure.com.br)
Imagine um cone com 13,5 metros de altura, dois metros de diâmetro e com um motor de 650 cavalos a diesel que faz girar uma hélice de avião, com três pás, que sopra um vento de 180 a 200 km/h. Parece coisa de outro mundo, mas a novidade, chamada de túnel do vento ou simulador de queda-livre, já pode ser experimentada no centro Azul do Vento de Pára-quedismo, em Campinas (SP).
Com o aparelho, qualquer pessoa, independente de idade ou peso, pode sentir a mesma sensação física de quando se é lançado de um avião para saltar de pára-quedas. Este é o primeiro simulador da América Latina e pode ajudar bastante as pessoas que querem saltar e também vai servir para o treinamento de atletas, explicou Ricardo Pettená, proprietário do centro de pára-quedismo em Campinas.
O túnel traz a sensação de brincar e abre as portas para qualquer pessoa sentir a sensação de voar, declarou Márcia Farhoulh, recordista mundial e instrutora da Azul do Vento, com mais de 3.700 saltos.
Curiosidades – O aparelho, de tecnologia italiana, era para estar no Brasil desde 2000, quando foi importado. Mas, por um erro de importação ele ficou apreendido na Receita Federal e logo após foi encaminhado, por doação, a uma escola técnica de Vitória (ES).
Primeiramente, a escola achou que se tratava de um túnel de vento horizontal, e não imaginam o que realmente era o instrumento. Quando deram conta, desistiram do túnel, o qual foi encaminhado a leilão. Assim, a Azul do Vento conseguiu arrematá-lo. Compramos o túnel duas vezes, esclareceu Marcos Pettená, irmão de Ricardo e responsável pela vinda do túnel ao Brasil.
O primeiro surgiu na década de 80, no estado de Tenessee, nos Estados Unidos, mas não era utilizado para o pára-quedismo. Ele estava instalado em um parque de diversões e servia para as crianças brincarem. Depois surgiu um em Las Vegas, também em um parque de diversões. Em 1998 mais um, na cidade de Orlando. Os pára-quedistas levaram 1 ano e meio para descobrir que aquilo era um grande instrumento para o esporte, contou Ricardo Pettená.
Segundo ele o investimento está acontecendo porque o pára-quedismo está se tornando um esporte mais confiável. Hoje existem entre 2 mil e 5 mil atletas da modalidade em atividade no Brasil. O túnel de vento é comum nos Estados Unidos e na Europa e tem um investimento entre 300 mil dólares (o da Azul do Vento) e 2 milhões de dólares (modelos mais caros, como dos Estados Unidos).
E com o simulador de queda-livre, uma nova modalidade do pára-quedismo está surgindo: o Bodyflying, ou Vôo do corpo. Desta modalidade participam atletas que voam no túnel de vento, mas que não saltam de pára-quedas. Já existe o Circuito BodyFlying Challenge, no qual os atletas somam pontos por tempo e parte artística, sendo julgados pelas manobras.
O túnel traz uma vantagem enorme para quem está começando a voar. Nele não precisamos nos preocupar com as questões do ar como abrir o pára-quedas, disse Juliana Sé, um das melhores pára-quedistas do mundo e que tem mais de 500 horas de vôo no túnel em seu currículo.
A novidade pode ser experimentada no centro Azul do Vento de Pára-quedismo aos finais de semana, com o custo de R$ 100 (preço de maio de 2005), incluindo dois minutos de vôo no simulador e treinamento com instrutores especializados. É preciso fazer reserva com antecedência. Mais informações podem ser obtidas no site www.azuldovento.com.br.
Este texto foi escrito por: Camila Christianini