Multicascos têm menos contato com a água e são mais velozes (foto: Divulgação/ Volvo Ocean Race)
Há muito tempo durante as navegações, marujos e alguns marinheiros desenvolveram um escala de vento com a descrição apropriada para os diferentes estágios do estado do mar para amenizar os efeito do vento sobre as velas dos navios, que posteriormente traziam prejuízos para as embarcações.
Mas somente em 1805 o contra almirante britânico Francis Beaufort desenvolveu um sistema numerando os passos dos marinheiros, descrevendo a escala do vento. Este sistema só foi realmente utilizado em 1834 por um general em um navio britânico e em 1903 foi adaptada utilizando a velocidade do vento e introduzindo a fórmula: U = 1.87B 3/2. U é a velocidade do vento em milhas náuticas por segundo e B é o número Beaufort.
Já foi aceito internacionalmente o hábito dizer que a força do vento é dada pela aparência da superfície do mar. Algumas organizações como da Comissão da Marinha Meteorológica e a Organização Meteorológica Mundial (OMM, 1970), providenciaram uma tabela com os valores de Beaufort correspondendo com o estado do mar e com a descrição dos valores da velocidade do vento. Assim temos a tabela ao lado com a finalidade de qualificar ventos no mar pelos seus efeitos sobre os navios à vela e o aspecto das ondas. Posteriormente, a escala foi adaptada para uso em terra também, estabelecendo relação com os efeitos do vento sobre a fumaça, árvores e edifícios.
Vento Aparente – Existe ainda um elemento fundamental na navegação à vela, que apenas aparece com o barco em movimento. É o Vento aparente. Vamos imaginar que estamos correndo em um local sem vento. O vento que nesse momento sentimos no rosto é o que se chama de Vento aparente.
Caro amigo leitor o que aprendemos hoje é que velejar exige sensibilidade, inteligência, equilíbrio, preparo físico, dedicação, disciplina, dentre outras qualidades. Velejar é colher benefícios para nossa saúde, bem como o desenvolvimento da autoconfiança e do senso crítico, sobretudo em crianças que se iniciam no iatismo.
Velejar é prazeroso na medida que nos leva para o relaxamento, gerando assim uma maior capacidade de adquirir raciocínio rápido, sem falar na integração do homem com a natureza.
Segue um breve glossário:
1 [knot] ~ 1,8 [km/h], ou seja, um knot, ou nó, é aproximadamente 1,8 km/h.
A resposta é Sim! De fato um barco pode navegar mais rápido que o vento. A velocidade de um barco a vela depende de inúmeros fatores, mas fundamentalmente depende muito da área da vela. Aqui vamos recordar um pouco da Física? Bem, a segunda lei de Newton controla o movimento. Duas forças agitam o sistema: o atrito e a força do vento (que é proporcional à área da vela). Observe que a força de atrito aumentará quando a velocidade do barco aumentar.
Para navegar ainda mais rapidamente, devemos reduzir o atrito entre a água e a parte submersa do barco, conhecida como obras vivas. Podemos conseguir isto se fizermos com que o barco fique bem leve (não precisa jogar o proeiro na água, ta?) e acrescentarmos pequenas asas (como em um avião) sob as águas.
Velocidade – Forças hidrodinâmicas das asas permitem que o barco fique na superfície das águas e só as asas fiquem mergulhadas. Nesse momento, o atrito do barco na água pode ficar de dez a 20 vezes menor, resultando numa aceleração muito mais alta do que o próprio vento. E é por isso que sou um apaixonado pelos multicascos: Velocidade!
Este texto foi escrito por: Ricardo Dubeux, especial para o Webventure
Last modified: janeiro 5, 2009