Dani Andrada no pontão da praia de Fortaleza (foto: André Berezoski)
Assim que saiu do Ouroboulder, festival de boulder de Ouro Preto (MG), há uma semana, o espanhol Daniel Andrada não quis parar e emendou para Ubatuba, claro, para escalar. O brasileiro André Berezoski, o Belê, acompanhou Dani Andrada e escreveu suas impressões, a convite do Webventure. Confira!
Daniel Andrada, um dos melhores escaladores do mundo, pôde demonstrar em sua curta estada no Brasil toda sua experiência e altíssimo nível. Mas, principalmente, muita motivação e simplicidade ao estar junto com vários escaladores, ajudando, dando betas e motivando quem estivesse escalando.
Após o evento em Ouro Preto, fomos acompanhá-lo em uma visita a Ubatuba (SP) para apreciar os blocos do pontão da Fortaleza. Aproveitando um pouco de praia, já que a visita ao Rio fora adiada devido ao Pan.
Decisão acertada, mesmo debaixo de chuva, Dani ficou encantado com o local e logo nos primeiros boulders deixou claro gostar mais do estilo e formação da rocha em Ubatuba, mandando alguns boulders entre V8 e V9 com muita facilidade, e sempre empolgado. Ficou tentando secar e isolar os movimentos do Jericó ( V12 ) e confirmando o grau de todos os boulders por ele escalado ou tentado.
Estilo de vida – O que foi muito motivante para nós escaladores foi a sua capacidade de visualização em determinados movimentos, prova dos 20 anos de experiência na escalada, sendo 15 deles como escalador profissional, ou seja, acordar, escalar e ir dormir após escalar em diversos lugares do mundo. Acrescentando, assim, mais de 2.160 vias acima de 9c, e vivendo de quatro patrocínios que lhe garantem mais ou menos 2.000 euros por mês. Vive tranqüilamente em seu trailer, viajando com os melhores do mundo só para escalar.
Para nós ficou claro que temos um nível forte aqui no Brasil, principalmente em boulders, já que a modalidade é relativamente recente em todo o mundo. Pudemos acompanhá-lo em todos os boulders, apesar de sua modalidade mais freqüente ser vias de altíssimo grau de dificuldade, onde, aí sim, não temos nem vias suficientes, nem nível para chegar aos pés dos monstros da resistência.
Daniel Andrada se sentiu muito à-vontade nos blocos de Ubatuba, realizou várias escaladas descalço, e boulders como o Kabrom V5, sem sapatilhas e sem usar os pés, como se estivesse brincando em um playground. Além de escalar junto, Daniel Andrada nos passou muito de sua experiência e de como tentar fazer com que a escalada no Brasil se desenvolva, já que não temos todos os recursos que escaladores europeus possuem.
Esperamos uma nova visita, pois deixou claro querer voltar com mais tempo para conhecer melhor as escaladas e maravilhas brasileiras, e provavelmente venha acompanhado de outros dois ícones da escalada mundial. Esperamos ansiosos.
Este texto foi escrito por: André `Belê´ Berezoski