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Beta Borsari fala sobre expectativas para o Mundial de Kayaksurf

Redação Webventure/ Rafting e canoagem

Beta vai à Espanha antes da competição para treinar (foto: Arquivo Pessoal)
Beta vai à Espanha antes da competição para treinar (foto: Arquivo Pessoal)

Roberta Borsari será a única atleta brasileira a participar do Campeonato Mundial de Kayaksurf, que acontecerá nas praias de Bakio e Mundaka, na Espanha, entre os dias 19 e 28/10. Abaixo você poderá conferir um texto escrito pela atleta sobre suas expectativas para prova, assim como detalhes sobre o local da disputa e suas principais adversárias.

Beta embarca para o local do Mundial nesta terça-feira. Durante a competição, ela enviará ao Webventure boletins com os todos os detalhes de sua participação no evento. Acompanhe aqui!

Dois anos se passaram desde o último Mundial e aqui estou eu trabalhando a ansiedade na véspera da viagem. É verdade que entre o Mundial que aconteceu na Costa Rica, em 2005, e hoje, outras provas internacionais de peso fizeram parte da minha história.

Chegar às finais de uma Copa do Mundo ou da prova da Califórnia, considerada a mais tradicional da modalidade, garantem boas emoções neste período de dois anos de “abstinência” de mundiais. Mas a verdade é que o Mundial tem um sabor e uma adrenalina muito especial. Com certeza é a prova mais esperada e disputada do kayaksurf internacional.

Este ano com a realização do campeonato nas praias de Bakio e Mundaka, criou-se uma expectativa a mais entre os competidores. Neste momento, está acontecendo nestas praias o Billabong Pró, etapa do WCT. Para quem não sabe, é uma etapa do surf profissional. Ou seja, o mundial de surf e de kayaksurf este ano vão acontecer no mesmo lugar, prova de que onde se surfa de prancha também é possível dropar de caiaque.

Mundaka é uma praia conhecida mundialmente pela força de suas ondas e pelo tamanho que o swell pode atingir. Este é um dos motivos pelo qual o Mundial de 2007 tornou-se um dos mais esperados dos últimos tempos, mas não é só pela localização da prova, o kayaksurf como um todo vive um momento de evolução.

O nível técnico dos atletas melhora a cada ano, os aéreos são vistos cada vez mais durantes as baterias e uma enorme quantidade de modelos para kayaksurf foram lançados nos últimos dois anos. A Mega Kayaks, de origem Inglesa, foi um dos grandes responsáveis pela proliferação de shapes para surf.

Também é neste mundial que teremos novos países participando pela primeira vez. A comunidade internacional da canoagem está de olho na evolução do kayaksurf!

Suas condições – Agora voltando a minha realidade, de uma atleta que batalha muito pelo seu esporte, mas não sobrevive financeiramente dele, não mora na praia e faz 80% dos seus treinos em um grande tanque de dois quilômetros localizado ao lado da Marginal Pinheiros, em São Paulo. Dá para imaginar a expectativa em relação a uma prova deste porte, não?

Mas nada disso me faz sentir menor que as concorrentes que vou enfrentar, muito pelo contrário. Acho que nós, atletas brasileiros, batalhamos tanto para transformar nosso sonho em realidade que carregamos uma energia extra toda vez que vamos representar nosso país em provas internacionais.

As pessoas têm me perguntado qual a minha expectativa de colocação para este Mundial. Teoricamente eu não posso ter grandes expectativas. Além de depender só dos finais de semana com onda para surfar, este ano tive pela primeira vez uma lesão de recuperação mais lenta, o que prejudicou o meu planejamento para a preparação da prova.

Foram quatro meses de muita fisioterapia aliados a corridas e remadas em água plana, forçando gradativamente até a total recuperação, quando pude voltar a surfar. Os dois meses que me restaram para treinar forte (leia-se oito finais de semanas para surfar), foram totalmente focados nos treinos de explosão, surf (quando tinha onda), exercícios isométricos, yoga, remadas no mar, corrida, alongamentos e tudo que possa contribuir para o meu preparo físico, técnico e principalmente o mental. Isso porque numa prova como esta não basta preparar o corpo, você tem que preparar também a mente para todas as adversidades emocionais que terá pela frente.

Cada dia de prova você tem que estar “zerado”, com a cabeça focada apenas na vitória. E é assim, com a mente extremamente positiva, minha experiência e minha preparação física que estou contando para batalhar para ficar entre as 10 primeiras colocadas. Se conseguir este resultado ficarei muito satisfeita!

Se por acaso não atingi-lo, levo comigo a experiência e a vivência de mais um Mundial, mais um país conhecido, as ondas de Mundaka na mente, amigos que vou reencontrar e a determinação de batalhar pela próxima prova. Além de, é claro, trazer para o Brasil e os associados do Kayaksurf Club todas as novidades em termos de manobras, filmes, regras de competição, equipamentos, acessórios e tudo que se refere ao esporte.

Para compensar os meses em que não pude me dedicar aos treinos técnicos, vou chegar uma semana antes do início do mundial. Isto será excelente para poder me aclimatar à água (super) fria e as ondas da Europa. Apesar de que as praias da região estarão tomadas pelos surfistas e toda a parafernalha que vem com o WCT.

Vou ter que fugir um pouco da região se quiser surfar, mas não vou poder deixar de ver os melhores surfistas do mundo disputarem o Mundial nas praias em que alguns dias depois eu estarei representando o meu país.

As adversárias – O campeonato de 2007 vai contar com atletas de países como Estados Unidos, Canadá, Costa Rica, Inglaterra, Irlanda, Espanha, Argentina, Japão, Austrália e outros. Atletas de outras modalidade da canoagem, como freestyle e descida, estão cada vez mais se dedicando ao surf. As grandes potencias deste esporte são sem dúvida os americanos que participam sempre com dois grandes times da costa leste e oeste e os ingleses e irlandeses, que apesar de não terem uma tradição conhecida no surf de prancha, há alguns anos vem garantindo lugar no pódio do kayaksurf.

Pela primeira vez num mundial recebi a minha bateria montada duas semanas antes da competição e isto indica que a prova deve ser bem organizada (vamos ver!). Já sei que vou competir logo de cara com a americana Devon, grande campeã do freestyle americano, (e também uma das amigas de competição) e mais duas inglesas boas de remo, ou seja, o campeonato vai ser casca grossa logo no começo. Torçam por mim, vou precisar!

Até o próximo report!

Bebeta.

Este texto foi escrito por: Roberta Borsari

Last modified: outubro 9, 2007

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