Piloto decola em rampa natural. Brasília mostrou que também é cidade de asa-delta. (foto: Paulo Fernandes)
A final do brasileiro de vôo livre aconteceu sábado e foi emocionante. Brasília mostrou-se com uma condição de vôo fantástica. Os pilotos de ponta chegaram quase ao mesmo tempo ao gol, engalfinhando-se e acelerando suas asas a mais de 100 por hora na tirada final.
Mais de 30 pilotos (de um total de 45 inscritos) conseguiram também completar a prova, percorrendo os 83 km com tempos variando entre hora e meia a duas horas. Os que não conseguiram completar também fizeram bons vôos.
Mas pousaram antes, titubearam, por exemplo, na hora de tomar a decisão para qual lugar exatamente deveriam voar para pegar a próxima térmica – o que não significa necessariamente que este “termal trigger” esteja dentro da rota da competição.
Como fazer um bom vôo – Este é o fator crucial de qualquer vôo “cross country”, a tirada. Você deve “gastar” sua altura recém adquirida na última térmica voando em linha reta, na maior velocidade possível em que se possa manter uma boa razão de planeio. Em outras palavras: você deve voar o mais rápido possível sem perder muita altitude. Percorrer a máxima distância que aquela altura lhe permite, e ainda sobrar alguma, poucas centenas de metros, para você achar outra térmica, subir e recomeçar o processo. O desafio é que as fontes de termais, tais como pedras expostas ao sol, elevações, arados (como em Brasília), tudo isso pode não estar exatamente em sua rota programada.
Então tem de se desviar dela à procura dos “postos de abastecimento”, os locais de onde as térmicas brotam. O combustível é o ar quente, e o resultado é o ar mais rarefeito e gelado das alturas que se pode atingir carregado por estes incríveis balões invisíveis. Mas se não achar a bendita térmica, game over, é pouso.
O melhores homens de asa – Voltando ao Campeonato, o favorito Betinho Schimitz chegou em primeiro, seguido por André Wolf, Nenê Rotor, Luizinho Niemeyer e Lincoln Moreira.
O resultado final da competição confirmou a tradicional supremacia dos
cariocas no Brasileiro. Eles abocanharam 5 dos 10 primeiros lugares,
seguidos pelos gaúchos, brasilienses e paulistas.Dentre as asas, as italianas Icaro Laminar foram as que mais tiveram pilotos dentre os 10 primeiros, classificando 6, seguidas pela australiana Moyes
Litespeed e a ucraniana Aeros Stealth.
A competição teve 5 das 7 provas válidas, com vôos variando de 75 a 104 km. Brasília nos mostrou, mais uma vez, que é um dos melhores lugares de vôo livre “xtreem” do planeta.
Paulo César Fernandes, o Paulão, é editor da revista Airtime, veículo oficial da Associação Brasileira de vôo livre e .
Este texto foi escrito por: Paulo César Fernandes