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Beto Pandiani e Igor Bely preparam 2ª etapa da Travessia do Pacífico


Betão e Igor Bely embarcam em abril para Polinésia para dar continuidade à travessia (foto: Divulgação/ Maristela Colucci)

Foram dois meses e meio de expedição, 31 dias em alto mar, sete mil quilômetros entre Viña Del Mar, no Chile, e Mangreva, na Polinésia Francesa, um travessão do barco quebrado, um atraso de quinze dias no cronograma graças à avaria, muito vento, muito sol, muita chuva e uma grande aventura. Esse é o saldo da viagem dos velejadores Beto Pandiani e Igor Bely a bordo do catamarã sem cabine, o Bye Bye Brasil.

Os velejadores fazem desde o fim de 2007 uma pausa na viagem, que atravessará o Pacífico do Chile à Austrália, graças ao travessão do barco que quebrou em alto mar e teve que ir para o Taiti para ser arrumado, além de ser a temporada de furacões no oceano.

“A viagem já começou de uma forma que não esperávamos porque estava muito frio e nós achávamos que o clima seria bem quente. Tivemos que reforçar as nossas vestimentas”, contou Pandiani durante a entrevista coletiva sobre o lançamento do documentário da viagem.

Imprevistos – Ele ainda contou que não foi só o travessão do barco que quebrou, assim como os painéis solares que geram energia e as duas caixas de leme, que “sobreviveram” até a chegada em Mangreva porque Beto Pandiani fez uma “gambiarra”.

“A gente tinha mantimentos para dois meses, os painéis solares produziam energia pro barco, o desalinizador faz seis litros de água por hora, tínhamos notebook com Internet e telefone via satélite, ou seja, não precisávamos fazer paradas, por isso viajamos 18 noites na primeira etapa, até a Ilha de Páscoa, e 13 noites na segunda, até Mangreva”, falou o velejador contando ainda que a viagem foi feita ao extremo.

“Eu conto por noites porque de dia você veleja e nem vê o tempo passar, mas a noite é ruim de dormir. Você fica com medo de cair do barco, mesmo amarrado. Parece que as dez horas de escuridão da noite são 24 horas. Demora muito pra passar”, explicou Betão, que disse considerar a vida dentro do barco como “uma vida de Rex”, porque o velejador fica preso por segurança, com um cachorro encoleirado.

Igor Bely, francês companheiro de Betão na aventura, está acostumado com a vida no mar, já que desde que nasceu até os 18 anos, viveu no barco com a família e seus gatos viajando o mundo. “No Bye Bye Brasil a gente pode experimentar todos os graus de humidade entre o quase secos e o completamente molhados”, brincou. “Senti falta de um livro seco pra ler”, completou Pandiani.

A dupla agora planeja a próxima etapa do desafio, que sairá de Mangreva, onde está o barco, e seguirá para Papete, capital do Taiti, que era onde eles deveriam ter feito a pausa da primeira etapa da viagem, mas não conseguiram graças ao travessão quebrado. Ao chegar no Taiti, após 15 dias de viagem, a dupla irá zerar o calendário e aí sim contarão o início da segunda parte da aventura.

Eles visitarão Bora Bora, Tonga, Ilhas Fiji e Nova Caledônia até chegar em Brisbane, na Austrália. Serão mais 4 mil milhas em três meses de viagem. “Se em três mil milhas e meia nós já conseguimos quebrar o travessão, não sei nem o que pode acontecer agora”, brincou Igor. “Mas estamos muito felizes com essa segunda etapa”, disse o francês, que junto com Betão embarca dia 16 de março para a Polinésia Francesa rumo à Austrália, com chegada prevista para a metade de julho.

“O melhor momento da viagem é o dia da chegada. É muito bom você concluir um projeto e não desapontar todos aqueles com quem você se comprometeu em cumprir a aventura, inclusive você. Não tenho medo de morrer, meu maior medo é o fracasso”, falou Betão.

Companheiros Perfeitos – Do Taiti à Austrália, os velejadores demorarão mais do que na primeira etapa da viagem, e devem ficar três meses em alto mar. Já de Viña Del Mar até a Polinésia, foram dois meses e meio de viagem e outros três meses de planejamento, quando Igor se mudou para a casa de Pandiani, em São Paulo.

“A convivência é complicada porque depois de um tempo você já conhece todas as histórias e as piadas da pessoa. No barco, chegamos a ficar um dia inteiro sem trocar uma palavra porque o assunto já tinha acabado. Mas o Igor é o companheiro que sempre quis. Somos velejadores igualmente conservadores”, elogiou Pandiani, contando ainda que eles só tiveram duas pequenas discussões que foram rapidamente solucionadas em todos esses meses. “Foi uma viagem introspectiva”, completou.

Igor considera que a segunda parte será mais difícil do que a primeira. “Será mais difícil em termos técnicos, porque vamos passar por mais costas e também por muitos atóis, então vamos ter hora pra entrar e pra sair dos atóis por causa da correnteza que eles formam. Mas nosso objetivo é apenas chegar”, disse o francês.

“Pra nós chegar ao destino deve ser como uma mãe que vê seu filho nascer. Chegar em Mangreva foi o nosso bebê. O bebê do casal”, brincou Betão.

Este texto foi escrito por: Lilian El Maerrawi