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Bimba tenta em Pequim a medalha que escapou em Atenas


Paixão pelo esporte começou aos 2 anos (foto: Divulgação)

O esporte começou cedo na vida de Ricardo Winicki, o Bimba. Campeão mundial de RS:X, em 2007, bicampeão dos Jogos Pan-americanos, em Santo Domingo-2003 e do Rio de Janeiro-2007, ele iniciou a prática de prancha a vela aos 2 anos, quando morava no sul da Bahia e via seu pai, André Luis Santos, praticando o esporte. Depois do primeiro contato, Bimba só viu seu desenvolvimento em cima da prancha aumentar a cada ano e hoje ele é um dos principais nomes do esporte nos Jogos Olímpicos de Pequim.

Bimba segue no próximo mês para a última bateria de treinamentos para a Olimpíada, na China. Após alcançar o 4º lugar nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, ele busca o lugar mais alto do pódio neste ano e terá grandes adversários na mesma batalha que ele.

“Se eu for fazer uma lista dos cinco melhores amigos que eu tenho na vida, dois ou três estarão na Olimpíada competindo comigo. Isso é curioso, diferente, mas eu preciso deles para treinar. Eu cheguei onde estou graças a eles. Eles estão em alto nível graças a mim, então esse fair play é muito importante”, explicou Bimba, falando do português João Rodrigues, campeão europeu e vice-campeão mundial, o espanhol Ivan Pastor, e do neozelandês Tom Ashley, que o atleta acredita ser um dos maiores adversários. De tanto vir ao Brasil, ele já tem até português fluente.

Para encarar o desafio que vem pela frente, na China, Bimba fez um treinamento físico intensivo, sempre com ventos fracos e ondas grandes, já que serão essas as condições de Quingdao, local onde serão disputadas as regatas.

“A grande vantagem que eu tenho é de treinar na minha casa com os melhores do mundo (Ivan Pastor, João Rodrigues, Tom Ashley e o mexicano David Mier), numa parceria que temos, e treinar em um mar nas mesmas condições que iremos disputar os Jogos Olímpicos”, contou.

Patrocínio – Bimba apresentou seu projeto de treinamentos durante a homologação do contrato de patrocínio entre a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e a Gol Linhas Aéreas Inteligentes, no projeto de marketing esportivo “Gol Esportes”.

A parceria tem duração de um ano, e possibilita à CBDA uma economia de aproximadamente R$ 800 mil com passagens aéreas. O valor economizado será usado pela confederação para investir nas categorias de base, além de projetos sociais, como clínicas no Parque Aquático Maria Lenk, no Rio de Janeiro.

“O marketing esportivo é uma das ferramentas de comunicação que mais gera retorno, tanto de visibilidade, como na lembrança de marca, pois agrega atributos gerais do esporte para o patrocinador, como espírito de equipe, vitória. A Gol patrocina atletas como o Bimba por serem arrojados, versáteis e determinados, assim como a empresa”, disse Marcelo Palaia, diretor geral da Inovando Esportes, agência de marketing esportivo da Gol.

Em 2004, na Olimpíada de Atenas, Bimba entrou na última regata como favorito à medalha de ouro, e com ela praticamente garantida. Somente uma combinação de resultados tiraria o atleta de qualquer lugar do pódio: ele terminar em 17º lugar e um adversário inglês, em 5º.

Alguém duvida que foi exatamente isso que aconteceu? Há uma colocação de conseguir o bronze, o grande destaque nacional da RS:X voltou ao Brasil com a 4ª colocação.

“Eu acho que não cometi nenhum erro grave na última Olimpíada, foi uma fatalidade o que ocorreu na última regata. A organização forçou a barra para fazer a prova às 13h, muito mais preocupada com a transmissão pela TV do que com o nível da competição. Não quero esquecer Atenas porque 4º lugar em uma Olimpíada é um resultado excelente. Estou indo pra China querendo uma medalha, claro, mas estar entre os 5 ou 10 primeiros já será uma honra enorme”, disse Bimba.

“O ocorrido em Atenas vai passar na minha cabeça, com certeza, se eu entrar na água no último dia em Quingdao, liderando a Olimpíada, vai ser complicado. Mas como já sei que vai ser complicado, vou estar muito bem preparado”, analisou.

E a obstinação pessoal para se alcançar bons resultados é enorme. Exemplo disso é que Nina, a primeira filha de Bimba, irá nascer provavelmente quando ele ainda estiver na China.

“O preço que se paga por isso é a ausência, estar longe da família. Eu tenho que agradecê-los por me entender, em especial a minha mulher Paula. Espero que ela (Nina) me espere um pouquinho porque o parto está previsto para 20 de agosto, e eu devo voltar só no dia 25”, contou ele, completando que ele e Paula se conheceram velejando há 10 anos e que sempre que possível, sua esposa o acompanha em competições no Brasil e no exterior, apoiando-o. “Ou então a Nina nasce junto com o meu ouro em Pequim”, brincou.

Alguns momentos do passado ainda passam pela cabeça de Bimba, mas o começo no esporte é que mais volta em sua memória. “Eu me lembro muito de quando eu tinha dois ou três anos, com bóia no braço, velejando com o meu pai em Santa Cruz de Cabrália (BA). Eu corria atrás dele para ele me levar para o mar, e ele não queria, e aí eu chorava. Acho que ali começou a paixão pelo esporte”, lembrou o atleta.

Outra grande memória que ele traz consigo é de seu primeiro técnico Fernando Ermel, o Boy, e de Luis Conde, dono de uma loja que deu a ele seus primeiros equipamentos. “Eu era pequeno, tinha uns 11 anos, estava aprendendo a velejar e ele já dizia que eu seria um dos melhores do mundo, que iria para a Olimpíada de 2000”, comentou Ricardo Winicki sobre seu primeiro patrocinador.

As vitórias e as conquistas com certeza são as principais lembranças da carreira de Bimba. Para ele, a vitória no Pan-americano de 2003 foi uma de suas maiores alegrias. Ele venceu o argentino Marcos Galvan, o mesmo que o derrotou na linha de chegada no Pan de 99, em Winnipeg, que de acordo com ele é uma de suas grandes tristezas no esporte.

“Qualquer uma das medalhas que eu perdi em Atenas doeram muito e ainda doem. Ainda mais quando vejo matérias sobre os únicos medalhistas olímpicos que o Brasil tem e saber que eu poderia fazer parte desse grupo”, confessou.

Mas a compensação vem por outro lado, como com o título no Campeonato Mundial da Juventude, no Japão, quando, com a medalha, se igualou a Robert Scheidt, que até então era o único brasileiro a conseguir essa vitória. “Foi uma das mais importantes e mais suadas conquistas. Consegui muita mídia e patrocínio graças a ela”, explicou Bimba falando do seu maior ídolo, e não poupando elogios à quem ele classifica como o melhor atleta do Brasil.

Realização – Um dos ápices de sua carreira foi em 2007, no mundial de Cascais, em Portugal.

“Foi a realização de um sonho ser campeão mundial, e poder provar que você é o melhor do mundo, pelo menos naquele período. Naquela semana eu fui o melhor do mundo! Além de ter sido a primeira seletiva olímpica”, disse.

Outra momento inesquecível para ele foi no Pan de 2007, no Rio, quando pela primeira vez teve o apoio de toda a família em uma competição. “Poder chegar no clube com toda a minha família, esposa, amigos, irmãos, e ter todos comemorando comigo vai estar guardado na minha memória para sempre, pois eu nunca tinha vivido isso”, relembrou.

E de malas prontas para Pequim, em busca de mais uma grande alegria, o que não pode deixar de faltar na bagagem? “A lembrança de todos os amigos e família que sempre me apoiaram. É a memória. Não há nenhum objeto indispensável de ser levado comigo, com exceção da prancha, que é meu objeto de trabalho”, finalizou Bimba.

Este texto foi escrito por: Lilian El Maerrawi