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Biólogo do Aqualung comenta supostos ataques de tubarão no Rio

São falsas as notícias sobre ataques de tubarões em praias do Rio de Janeiro divulgadas na semana passada. Esta é a posição defendida pelo biólogo marinho e especialista em peixes Marcelo Szpilman, diretor do Instituto Ecológico Aqualung, em carta à imprensa enviada por ele nesta segunda-feira (28/04).

Em “A verdade sobre pretensos ataques de tubarão no Rio”, Szpilman afirma que “fatos absolutamente isolados estão sendo reunidos, de forma oportunista, para criar falsos alarmes de perigo de ataque de tubarão, gerando medo e insegurança para a população do Rio”.

O biólogo comenta uma a uma as notícias. Na última quinta-feira (24/04), um banhista se disse atacado por um tubarão na praia de Copacabana e teria sofrido “cortes” em dois dedos da mão direita em virtude do ataque. “Não há evidências que comprovem ter sido um ataque de tubarão”, afirma Szpilman. “Uma mordida de tubarão não provoca ´cortes´ no dedo. Ataques de tubarão no Rio são muito raros e absolutamente improváveis. O último registro de ataque de tubarão em Copacabana foi em 1947 e mesmo assim foi um acidente e não um verdadeiro ataque.”

Tubarão capturado – No dia seguinte ao suposto ataque, um pescador capturou em Grumari, com uma rede de pesca, um tubarão da espécie Mako. “O exemplar foi mostrado ao público como um troféu e passaram a relacionar sua captura com o pretenso ataque em Copacabana”, descreve o biólogo. “Cações e tubarões, de diversas espécies, incluindo o Mako, são capturados todos os dias pelos pescadores. Relacionar a captura de um tubarão Mako com o ataque de Copacabana é, no mínimo, uma irresponsabilidade. Afirmo, categoricamente, como especialista, que os dois fatos são isolados e nada têm a ver um com o outro.”

No sábado (26/04), um grupo de banhistas, na praia da Joatinga, arrastou para fora da água um tubarão e o matou a pauladas na areia. Szpilman diz que estive no mesmo dia no 2º G-Mar, da Barra, para onde foi levado o tubarão. “Inicialmente chamado de Tigre, o identifiquei como sendo da espécie Mangona. Existiam vários relatos desencontrados sobre como e porque o animal apareceu na praia. No entanto, dizer que ele estava perseguindo alguém e encalhou na areia, certamente é falso”, atesta.

O biólogo diz que a Mangona é muito comum no litoral Sudeste, porém não costuma chegar tão próxima da arrebentação, muito menos no raso. “Não é uma espécie agressiva e, absolutamente, não é perigosa. Não há registros de ataque no Brasil. Essa espécie, inclusive, encontra-se em perigo de extinção”, alerta.

Por que eles chegam às praias? – Segundo Szpilman, diversas espécies de tubarões vivem há milhões de anos no litoral do Rio. “Avistar alguns espécimes em uma dia com águas claras e quentes, ainda que seja uma curiosidade, não é nenhuma novidade e não representa nenhum tipo de ameaça”, diz.

De acordo com o biólogo, não há mudanças no meio ambiente e nem fenômenos atípicos que possam ser utilizados como argumento para o aparecimento de tubarões nas praias. “A ocorrência de tubarões em nosso litoral sempre foi e continua sendo um fato muito comum. Não há nenhuma razão plausível para alertas sobre perigo de ataque”, afirma Szpilman. “É lamentável e muito ruim para a imagem do Rio de Janeiro termos falsas notícias sobre ataques de tubarões, que, se não esclarecidas a tempo, podem vir a provocar pânico”, finaliza.

Este texto foi escrito por: Webventure