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Bochecha é o primeiro tripulante do Brasil 1 ao lado de Grael para a Ocean Race

Redação Webventure/ Vela

Percurso da regata entre 2005 e 2006 (foto: Divulgação)
Percurso da regata entre 2005 e 2006 (foto: Divulgação)

A um ano do início da maior regata de volta ao mundo, a Volvo Ocean Race, o único e primeiro barco brasileiro a competir, o Brasil 1, já tem se primeiro tripulante escolhido pelo comandante Torben Grael: é o catarinense André Otto Fonseca, o Bochecha, sexto colocado na classe 49er nas Olimpíadas de Atenas e dono de dois títulos mundiais da classe Snipe Júnior e 10 brasileiros (um na Optimist, dois na Snipe, um na 470 como proeiro de Alexandre Paradeda, quatro em Oceano e dois na 49er),

“O convite é uma grande honra e, ao mesmo tempo, a realização de um sonho. Sempre quis participar de uma regata de volta ao mundo e agora vou ter essa oportunidade”, comentou o velejador. “Quero retribuir a confiança que estão tendo em mim, fazendo o melhor possível na tripulação”.

Aos 26 anos, Bochecha será o tripulante que mais conhecerá o barco. Para isso, ele deixa Porto Alegre, onde vive, e a partir de 1º de dezembro passará a morar em Indaiatuba, no interior de São Paulo, onde o Brasil 1 está sendo construído.

Torben Grael elogiou as habilidades de Bochecha, integrante de sua tripulação em competições de oceano em seu barco, o Magia IV. “Velejo com ele e chama a atenção o interesse que ele demonstra. Tem habilidades especiais em mexer com fibra de vidro, com os cabos e costuras”, lembrou o comandante do Brasil 1, que é patrocinado pela Vivo, Motorola, Qualcomm e Apex (Agência de Promoção de Exportações do Brasil).

De olho na Ocean Race – Até julho de 2006, quando a regata termina em um porto ainda a ser confirmado na Europa, Bochecha ficará um pouco afastado da classe 49er e da campanha olímpica para Pequim-2008. “Vou ter de fazer uma preparação mais apertada, mas vai valer a pena”, afirmou. “Até lá minha casa vai ser o Brasil 1”, comenta o atleta.

De acordo com Torben, cerca de menos da metade da tripulação de 10 integrantes deverá ser brasileira, ao contrário do que foi publicado pelo Webventure em 12/11 (veja matéria aqui). Outra informação que está sendo retificada é que o investimento de US$ 15,8 milhões a soma do patrocínio da Vivo, Motorola, Qualcomm, Apex e outras empresas que virem a somar no projeto. Também Alan Adler (campeão mundial da classe Star) e o Enio Ribeiro são os coordenadores do projeto e não serão tripulantes do barco.

“Estamos conversando com muitos velejadores e a intenção é ter metade da tripulação brasileira. Certamente será o maior índice de nacionalização entre todos os participantes da Volvo Ocean Race”, comentou o bicampeão olímpico de Star, que elege as principais características dos candidatos a tripulantes. “São indispensáveis talento, experiência, temperamento pessoal e capacidade de trabalho em grupo. A regata é muito dura, em condições pouco confortáveis, que exigem um grande senso de grupo”.

A seleção para candidatos do barco brasileiro ainda continua, e a assessoria do Brasil 1, a ZDL, informa que é inevitável a internacionalização da tripulação, pela experiência e competitividade da equipe. O barco de competição do ABN-Amro, holandês, tem o mesmo perfil de exímios competidores: têm tripulação em sua maioria neo-zelandesa.

O único e primeiro barco brasileiro a competir na maior regata de volta ao mundo, a Volvo Ocean Race, está com os moldes do casco e convés prontos e entra na fase de laminação, para dar origem a poucos meses a um veleiro de alto-mar de 70,5 pés (21,5 metros). A construção foi iniciada em setembro deste ano e o Brasil 1 deverá ir para o mar em maio de 2005, seis meses antes da largada da regata, prevista para 5 de novembro, em Vigo, Galícia, na Espanha.

O responsável pela construção desta embarcação é Mario Landi. Seu estaleiro fica em Indaiatuba, no interior paulista, perto de Campinas. O barco, que deverá ficar pronto em maio, quando será levado para o mar, levará exímios velejadores como o bicampeão olímpico Torben Grael (comandante), mais outros três ou quatro atletas brasileiros (como Bochecha) e outros atletas estrangeiros a uma competição que durará oito meses em alto-mar.

Na recente visita que fizeram ao estaleiro, para acompanhar o estágio de construção do barco, a satisfação era geral: “O Marco Landi (dono do estaleiro) tem todas as condições de construir um barco de ponta. O maior objetivo é fazer uma embarcação o mais leve possível. Tudo o que ganharmos será adicionado no lastro, o que deixará o barco mais rápido”, comentou Alan Adler, da Vela Brasil, empresa que tomou a iniciativa do projeto.

Barco com tecnologia de aeronave – A preocupação com o peso, segundo Landi, é extrema. Por isso, são utilizados materiais de alta performance e muita tecnologia. “O que mais distingue esse projeto dos outros é a técnica. Em algumas partes do barco, a tecnologia é a mesma utilizada na construção de aeronaves e ônibus espaciais”, lembrou Landi, que trabalhou três anos em estaleiros da Europa e participou da construção de dois barcos que disputaram a regata Whitbread, o nome antigo da Volvo Ocean Race. “A fase atual é a do forno e laminação e, depois, a da colocação dos componentes”.

Cada barco poderá usar no máximo 11 velas por perna da competição, ou seja, será permitido o uso de 24 velas, muitas específicas para cada tipo de condição climática a ser encontrada. O projeto original do Brasil 1, feito pelo supercampeão Bruce Farr, sofreu pequenas alterações. “O projeto do Farr é básico e as diferenças são os toques pessoais que estamos dando”, afirmou Alan Adler.

A Volvo Ocean Race, ex-Whitbread, competição náutica de alto-mar realizada desde 1974, reúne sindicatos (equipes) que têm de combinar grande velocidade com resistência, enfrentando icebergs, tempestades e até a possibilidade de colisão com baleias em alto-mar.

A competição terá largada no dia 5 de novembro de 2005, com uma regata “inport” na cidade de Sanxenxo, na região espanhola da Galícia. Será a primeira vez desde a primeira edição da regata de volta ao mundo que a corrida começa fora da Inglaterra. A competição em mar aberto começa no dia 12 de novembro, em Vigo. A expectativa é de que entre oito e dez barcos participem da competição, com término previsto para junho de 2006.

É composta por nove etapas: escalas na Cidade do Cabo, na África do Sul; Melbourne, na Austrália; Wellington, na Nova Zelândia; Rio de Janeiro ou Santos, no Brasil; Baltimore/Annapolis e Nova York, nos Estados Unidos; Portsmouth, na Grã-Bretanha; Gotemburgo, na Suécia, e um porto no Mar Báltico, que ainda não foi definido. Seis barcos estão confirmados, dois da Holanda, um da Espanha, um da Austrália, um da Suécia e um do Brasil.

Confira a programação das “pernas” (etapas):

1ª perna Vigo Cidade do Cabo 12/11/05 a 4/12/05
2ª perna Cidade de Cabo – Melbourne 2/1/06 a 19/1/06
3ª perna – Melbourne pit stop Nova Zelândia 12/2/06 a 14/2/06
4ª perna Nova Zelândia Rio de Janeiro ou Santos 19/2/06 a 13/3/06
5ª perna Rio de Janeiro ou Santos – Baltimore 2/4/06 a 20/4/06
6ª perna Annapolis Nova York 7/5/06 a 9/5/06
7ª perna Nova York Southampton 11/5/06 a 23/5/06
8ª perna Southampton Gotemburgo 3/6/06 a 9/6/06
9ª perna Gotemburgo Porto final no norte da Europa 15/6/06 a 18/6/06

Este texto foi escrito por: Cristina Degani

Last modified: novembro 24, 2004

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