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Boulders na Ilha do Mel

Antecipando o verão que estava por vir, em novembro passado resolvemos conhecer o sul do estado do Paraná, mais precisamente a ILha do Mel. Arrumamos os equipamentos e nos preparamos para enfrentar as doze horas de viagem pela estrada, saindo de Caxias do Sul (RS) até o nosso local de origem, Pontal do Sul (PR) onde pegaríamos a balsa que nos atravessaria até a Ilha.

Chegamos por volta das dez horas da manhã e tratamos de nos hospedar em uma pousada localizada em frente ao trapiche de desembarque na Praia de Encantada, com uma visão privilegiada para o canal de Paranaguá onde os navios passam para atracar no porto de mesmo nome. A combinação de natureza selvagem e praias desertas é uma raridade no litoral brasileiro.

No primeiro dia o tempo não ajudou muito e o negócio foi fazer uma caminhada de reconhecimento até a praia de fora, cerca de 20 minutos do local onde estávamos instalados. Achamos uma gruta maravilhosa chamada Gruta Encantada onde havia possibilidade de escalar tanto dentro (boulders) como havia vias grampeadas (esportiva) pelo lado externo também.

No dia seguinte voltamos com os equipamentos – crash pad, sapatilha, sacos de magnésio – e os equipos para fazer as vias externas – corda, expressas, etc… Quando nos preparávamos para fazer a ascensão, aconteceu uma das coisas mais curiosas durante nossa estada na ilha. Uma guia, dizendo-se local, que conduzia um grupo de aproximadamente quarenta crianças acompanhada de um salva-vidas, ao ver o Thiago (Balen) preparando para entrar na via, aproximou-se e nos advertiu que era proibido “fazer rapel” naquele local porque ali era um local tombado pelo Patrimônio Histórico e que atrapalhava o visual das pessoas que queriam tirar fotos na entrada da gruta.

Explicamos que o esporte que praticávamos era a escalada e não rapel e que além de termos o total conhecimento das técnicas empregadas, não atrapalharia em nada porque a escalada era feita na parede externa lateral da gruta. Ela tornou a repetir que era proibido e que se nós tentássemos poderíamos ser presos e começou a se retirar do local.

Analisamos um pouco a situação e pensamos que por um lado até seria bom sermos presos, porque assim ficaríamos mais tempo na ilha e ainda por cima com tudo pago. Mas brincadeiras à parte, por respeito resolvemos não tentar aquela investida e pensando bem aquela escalada nem poderia ser tão boa assim.

No outro dia acordamos cedo, alugamos um barco e nos dirigimos para a parte norte da ilha onde fica a Praia de Brasília e o Farol das Conchas. Caminhamos até o Farol e achamos uns boulders alucinantes. Escalamos ali o dia todo e o Thiago e o Daniel (Jobim) aproveitaram para pegar umas ondas com uns nativos na praia das Conchas, ao lado do farol. Na volta para a praia da Encantada, aproveitamos a parada do barco no meio do canal de Paranaguá e nos atiramos na água para darmos uns mergulhos alucinantes naquela água maravilhosa.

No último dia o sol enfim apareceu, e como já havíamos caminhado pela ilha e encontrado os boulders, aproveitamos para fazer algumas fotos e é claro escalar muito. Voltamos para a Praia de Fora e escalamos um boulder na beira da praia que já havíamos visto em uma outra Head Wall, o Fanáticos. Escalamos até cansar e nos esgotarmos, afinal de contas este seria o último dia na Ilha e teríamos às doze horas de estrada de volta que por sorte nenhum de nós teríamos que dirigir.

Fica aqui nosso conselho: vá até a Ilha, escale muito, curta a natureza, e ajude a preservá-la. Com certeza voltaremos em breve e se Deus quiser e assim permitir, aproveitaremos muito mais dias e desta vez com muito mais sol.

Como Chegar
Quem vem por Santa Catarina pode optar pela estrada que vai de Garuva, partindo da BR-101, pouco acima de Joinville, até Guaratuba. A partir daí é seguir até Matinhos, num trajeto que inclui uma travessia de ferry-boat. – uma das paisagens mais lindas da viagem, diga-se de passagem. Depois, o caminho é a Rodovia das Praias, até Pontal do Sul, de onde partem os barcos para a Ilha do Mel.

Para quem vem do norte, uma opção é a BR-277, a partir de Curitiba até Paranaguá, e daí pela Rodovia das Praias. São cerca de 150 km até lá. Uma alternativa mais agradável é o desvio pela Estrada da Graciosa até Morretes, uma cidade histórica, às margens do Rio Nhundiaquara.

Os barcos partem de Pontal do Sul de segunda a sexta-feira das 8h30 até 17 horas e aos sábados, domingos e feriados a partir das 8 horas, e chegam a Nova Brasília (30 minutos) ou à Praia Encantada (25 minutos).

Quando ir
De setembro a março é que a Ilha recebe o maior movimento de turistas, festas e muita agitação, então as diárias e a alimentação ficam um pouco mais caras. De março a setembro a Ilha fica boa se você quiser aproveitar a tranqüilidade e descansar em paz, além de pegar valores de baixa temporada.

Dicas

  • Leve seu kit de primeiros socorros, repelente e protetor solar porque não existe farmácia na ilha;
  • Em Pontal do Sul a Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná instalaram um telefone de informações para o turista que deseja visitar a ilha. O telefone (41)455-2133 informa sobre as vagas disponíveis para entrada na ilha, funcionando como uma central de triagem. O trabalho de cadastro dos turistas é feito pela Polícia Florestal e por voluntários. O serviço oferece, ainda, informações sobre como reciclar o lixo na ilha. Patrulhas florestais estão atuando nas principais praias;
  • Em novembro tentamos chegar até a Fortaleza Nossa Senhora dos Prazeres para conhece-la, mas um enxame de mutucas tomou conta e impossibilitou a chegada de qualquer pessoa até lá;

    Agradecimentos : Equinox, Purple Rock, Stonehenge Mountain e Arma Ação.
    Participaram desta Trip : Odilei Medeiro, Thiago Balen. Daniel Jobim e Matheus Correa.

    Este texto foi escrito por: Odilei Medeiro