BR Lubrax: única no mundo a participar do Paris-Dakar em quatro categorias (foto: Romena Coelho)
Em festa pela comemoração de quinze anos de participação no Rally Paris-Dakar – o maior e mais importante rali do mundo – a equipe BR Lubrax apresentou em São Paulo os integrantes de sua equipe: Klever Kolberg, na categoria Super Production de carros; André Azevedo, no caminhão, Juca Bala e Luíz Mingione nas motos, respectivamente nas categorias Super Production (até 400cc) e 250cc.
Em 15 edições do Dakar, a equipe conquistou quatro vitórias e 12 pódios. A largada, normalmente realizada em janeiro, foi antecipada para este ano e será no dia 28 de dezembro com chegada prevista para o dia 13 de janeiro.
Acostumados com guerras em suas participações no rali, os pilotos da equipe BR Lubrax não temem a possível guerra, reavivada após as ações terroristas que derrubaram o World Trade Center em Manhattan, há duas semanas.
Muitas vezes a rota do rali já foi alterada para fugir de grupos terroristas. Na Argélia, por exemplo, tinha um grupo que cortava a cabeça de estrangeiros, conta Klever. Mesmo acostumado, Klever não arrisca: Se houver guerra no percurso do rali, eu não vou!, diz Klever que já levou penalização de 24h por não aceitar largar durante a noite num lugar repleto de guerrilheiros.
Equipe BR Lubrax no Paris-Dakar 2002 – Com gasto de cerca de R$2.800.000 (dois milhões e oitocentos mil reais) por ano, entre treinamentos e provas, incluindo Rally dos Sertões, Paris-Dakar, Campeonatos Brasileiros e Copa Baja, os pilotos da BR Lubrax já têm objetivo definidos para essa edição do rali.
Os pilotos Klever Kolberg, André Azevedo e Juca Bala têm uma meta para essa edição do rali: vencer.
Já, o estreante na competição, Luiz Mingione que so não participou da edição passada em decorrência de um acidente de trânsito cinco dias antes da competição não terá a pressão de vencer na categoria 250cc. Minha tarefa será mostrar o potencial da moto, diz Mingione. Quero terminar o rali. Acho que a prova vai muito desgastante fisicamente. Mas estou me preparando, avisa.
Novidades – A evolução da tecnologia dos carros faz com que a cada ano as etapas do rali se tornem mais fáceis. Para que isso não aconteça, os organizadores usam alguns artifícos para tornar um rali mais difícil que o outro.
Limites na tecnologia para dificultar a competição são os meios mais usados. Nesse ano, a organização proibiu a utilização do GPS numa etapa. Só será usado a bússola. Acredito que essa etapa seja na Mauritânia, arrisca Klever.
Também haverá uma etapa que não haverá acampamento. Essa etapa terá um total de 1600 quilômetros: percorreremos 900 quilômetros, descansaremos seis horas e concluiremos o percurso, diz André Azevedo. Os caminhões de apoio não terão como ajudar quem chegar na frente. Só a diferença da 1º veículo para o último é de 6h, diz Azevedo.
Outra novidade é na categoria caminhões. A mudança da localização do motor para cima do eixo dianteiro vai diminuir a velocidade final. As cilindradas continuarão as mesmas (640cc). Mas, com esse peso frontal, o caminhão vai exigir mais das suspensão nos obstáculos e saltos, comenta Azevedo. Essa regulamentação foi feita para que os caminhões não atrapalhem os carros e motos nas primeiras colocações. Ficávamos juntos com os 15 primeiros. Agora, com a diminuição da velocidade, vamos somente alcançar até o 37º, diz Azevedo.
Participações – A equipe BR Lubrax é a única no mundo a participar da maior prova offroad do mundo em quatro categorias. No Paris-Dakar 2002, Klever Kolberg estará ao lado do navegador francês Pascal Larroque na categoria Super Production de carros, que passa a agrupar as antigas categorias T2 e T3. André Azevedo estará acompando do tcheco Tomas Tomacek. Juca Bala, campeão de 2001, tenta o bi-campeonato numa moto 400cc na Super Production, enquanto Luiz Mingione estará numa 250cc.
A primeira participação da equipe BR Lubrax, de Klever e Azevedo, e do Brasil no Dakar foi em 1988 e, como os pilotos mesmos avaliam, foi considerado um desastre. Só fomos treinar com a moto (Yamaha) em que iríamos competir quando chegamos no rali, conta Klever, que só viu a moto no Brasil porque um músico emprestou-a para os piloto tirarem fotos e olharem, porém não podiam tocá-la.
Faltou organização e experiência, avalia Klever. O resultado já era esperado: os dois pilotos abandonaram.
Depois de experiência suficiente adquirida nesses 15 anos no Dakar, os pilotos da BR Lubrax esperam um resultado positivo nessa edição do rali.Estamos tentando nosso maior resultado no Paris-Dakar, que é conseguir três ou quatro troféus, revela Klever Kolberg.
Este texto foi escrito por: Romena Coelho
Last modified: setembro 26, 2001