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Brasil prepara nova geração para o Dakar


André Azevedo viaja esta semana para Portugal (foto: Donizetti Castilho)

Em 2008 o Dakar completa 30 edições, sendo 20 delas com participação brasileira. Para a vigésima primeira, o país chega com duas estréias que representam uma nova geração de pilotos nacionais no maior rali do mundo.

Pupilo de Jean Azevedo em provas brasileiras e internacionais, o carioca Rodolpho Mattheis, de 25 anos, fará seu primeiro Dakar, pela equipe Petrobras-Lubrax. O piloto de moto irá competir com uma KTM 450, na categoria Marathon, onde praticamente não existe preparação na moto.

Nos carros, o piloto Klever Kolberg deixou a equipe e João Antonio Franciosi assumirá o lugar na Pajero. Também será o primeiro Dakar do piloto nascido no Rio Grande do Sul e criado na Bahia. Com a mudança do piloto, o navegador Lourival Roldan volta a integrar a equipe, na sua quinta participação na prova.

Com a experiência de 20 edições do Dakar, André Azevedo assume o posto de piloto chefe de equipe. “Realização para mim é ver que a semente que plantei a duas décadas atrás está rendendo frutos. É muito bom ver novos brasileiros no Dakar”, comentou André, que já passou por moto, carro e caminhão no maior rali do mundo.

Jean convidou Mattheis para algumas provas internacionais em 2007 e acabou de voltar do Deserto do Atacama, no Chile, para treinos nas dunas, também na companhia do piloto carioca. Além dos treinos, Jean aproveitou para ensinar os segredos da prova. “O primeiro Dakar é sempre para aprender, não adianta ir atrás de resultado. O deserto tem seus mistérios e aos poucos vamos desvendando”, recomendou o piloto.

Lourival Roldan já tem o discurso pronto para a preleção com o estreante Franciosi. “Será um dos ralis mais difíceis da história, estão tirando cada vez mais os recursos para a navegação e deixando o rumo da prova com os competidores. Além disso, passaremos em lugares que nunca fizeram parte do roteiro, será novidade para todos”, disse o navegador. “O Franciosi mostrou aqui no Brasil que tem habilidades necessárias para enfrentar essa prova”, completou Roldan, dando o exemplo dos resultados no Rally dos Sertões um quarto, um segundo e um primeiro lugar em três participações.

“É preciso manter a concentração o tempo todo, não estamos sozinhos no deserto, tem muita gente aqui no Brasil, familiares, amigos e patrocinadores, torcendo por nós”, concluiu o navegador.

André Azevedo parte já nessa quarta-feira para a Europa, para fazer os últimos testes no caminhão Tatra e agilizar os trâmites de inscrição e verificação dos veículos antes da largada. Todos os outros brasileiros da equipe Petrobras-Lubrax chegam em Lisboa após o revellion.

Para ele, a sua 21ª participação no Dakar tem tudo para ser a mais difícil. “Será um ano histórico, o Dakar faz 30 anos e eles estão preparando uma prova muito difícil. Já é lema fazer uma prova mais dura que no ano anterior, e pelo jeito será assim mesmo”, comentou o piloto. “Teremos menos savana e mais areia e pedras”, completou.

Dos 15 dias de Dakar 2008 oito serão dentro da Mauritânia, país mais temido por pilotos e navegadores, por ser famoso pelas pedras e surpresas. “Sempre foi o lugar mais difícil da prova”, acrescentou Jean.

Além dos integrantes da equipe Petrobras-Lubrax, o Brasil será representado no Dakar pelos pilotos Zé Hélio, campeão do Sertões 2007, e Sylvio Barros nas motos, Sérgio Williams e Paulo Nobre nos carros.

O Dakar 2008 terá 1.500 quilômetros a mais de especiais (o aumento é equivalente a quantidade de especiais do Rally dos Sertões inteiro). Serão ao todo 9.273 quilômetros, sendo 5.736 de trechos cronometrados, divididos em 15 etapas e com dois dias de descanso.

A largada acontece em Lisboa, no dia 5 de janeiro, e a prova termina em Dacar, a capital senegalesa. Participarão da prova 571 veículos contra 510 que correram em 2007. Serão 245 motos, 20 quadriciclos, 205 carros e 101 caminhões. A maioria dos pilotos e navegadores tem menos de 40 anos. Cerca de 40% dos inscritos das motos e 18% dos carros estão participando do Dakar pela primeira vez.

Este texto foi escrito por: Daniel Costa