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Brasileiro Manoel Morgado está prestes a chegar ao cume do Everest

Redação Webventure/ Montanhismo

Praticando para não perder aclimatação (foto: Arquivo Pessoal/ Manoel Morgado)
Praticando para não perder aclimatação (foto: Arquivo Pessoal/ Manoel Morgado)

O brasileiro Manoel Morgado está pronto para chegar ao cume Monte Everest e, se depender da vontade do montanhista, e não somente das condições climáticas, o feito será realizado nesta quinta-feira, 13 de maio. O tempo instável deixou muitas expedições ‘presas’ nos acampamentos base e, com Morgado, não foi diferente. O brasileiro passou os dias ao lado de sua equipe procurando manter o físico para terminar sua jornada.

Na última semana, por conta de ventos fortes e nevascas, os membros da expedição relaxavam com outros montanhistas, mas o brasileiro estava preocupado com um problema. “De todos de nossa equipe sinto que eu sou o que tenho mais problemas em me aclimatar. Abaixo de 5.000 metros sou sem dúvidas o mais forte de todos, mas acima do campo base meu desempenho cai sensivelmente. E o fato de já estarmos fora da montanha por mais de uma semana começa a me preocupar”, explicou.

O pensamento de Manoel o levou a tomar a decisão de subir e passar duas noites no Campo 2 (6.491m) e tentar mais uma vez chegar ao Campo 3 (7.467m), mas logo essa decisão foi contestada pelo grupo. “No final do dia vieram duas informações que me fizerem ter de desistir dos meus planos. A primeira é que realmente não havia ninguém para subir comigo e a segunda é que o Campo 2 está vazio. Todos os sherpas e o pessoal da cozinha desceu para Pamboche para descansar”.

Alternativa – Para manter o físico e ajudar Manoel na aclimatação todos passaram a se exercitar. “Saímos para o glaciar aqui próximo e escolhemos o mais alto dos penitentes, uma torre de 25 metros quase vertical e fixamos uma corda se segurança (top rope) e ficamos algumas horas praticando escalada técnica em gelo. A parte mais divertida foi escalar a parede apenas com os crampons, sem os ice axes. Isso exige uma precisão muito grande na colocação das pontas frontais dos crampons e muito equilíbrio”, contou Manoel.

Onde Praticar – Veja a localização geográfica do Monte Everest. Clique aqui.

Os precursores dos brasileiros no topo do mundo foram Waldemar Niclevicz e Mozart Catão, que em maio de 1995 escalaram o Everest pela Face Norte (Tibet). Waldemar já chegou ao cume da montanha mais uma vez, além desta primeira. Foi em 2005 na comemoração dos 10 anos da expedição com Catão, mas ao lado de Irivan Burda, com quem já tinha tentado o cume em 2002, mas o mau tempo do outono não permitiu que eles passassem de 8.300 metros de altitude.

Mozar Catão faleceu em 3 de fevereiro de 1998 quando tentava chegar ao topo do Aconcágua (Argentina, 6.962m) pela Face Sul, a mais difícil, e foi pego por uma avalanche. Ele estava ainda com Othon Leonardos e Alexandre Oliveira. O grupo pretendia ser os primeiros brasileiros a subir por aquela rota.

Durante a fatídica expedição de Catão no Aconcágua, Rodrigo Raineri estava presente na montanha monitorando um grupo ao lado de Vitor Negrete. Em 2005, Negrete e Raineri escalavam o Everest com auxílio de oxigênio suplementar acima de 7 mil metros, quando perto do ataque ao cume, Rodrigo sentiu o congelamento dos pés e resolveu ficar a 50 metros em desnível do topo.

Diante disso, Vitor Negrete fez sua investida sozinho e encontrou com Irivan Burda e Waldemar Niclevicz na subida. Graças ao encontro, Negrete pôde ter sua chegada ao cume registrada, já que sua câmera havia ficado com Raineri.

No ano seguinte, a dupla Rodrigo Raineri e Vitor Negrete voltou ao pico mais alto do mundo para uma nova investida, mas dessa vez sem auxílio de oxigênio suplementar. Novamente Raineri sentiu o congelamento dos pés e resolveu não atacar o cume, fazendo com que mais uma vez, Negrete fosse sozinho.

Morte no Everest – O montanhista chegou ao cume do Everest, porém na descida não resistiu aos danos que a altitude causou em seu organismo e foi encontrado, ainda com vida, por Dawa Sherpa. Ele foi levado ao Acampamento 3, não resistiu e morreu de edema pulmonar e cerebral.

Mas a hegemonia masculina no topo do mundo com cores verde e amarela foi quebrada por Ana Elisa Boscariolli. Em 2006, ela alcançou o feito com a agência de montanhismo neozelandesa Adventure Consultants, e auxílio de oxigênio suplementar.

Mesmo com um passado com várias más lembranças, como a morte de Vitor Negrete, e tentativas de ataque ao cume que falharam, Rodrigo Raineri não desistiu e insistiu no sonho de estar com o mundo aos seus pés. A mudança de planos com relação aos cilindros de oxigênio não atrapalhou sua investida, que foi de sucesso e fez com que ele marcasse seu nome na história do montanhismo.

Rodrigo Raineri e Eduardo Keppke foram o sexto e sétimo brasileiros a conseguir chegar no topo da montanha. Eles conseguiram o feito em 2007.

Este texto foi escrito por: Webventure

Last modified: maio 11, 2010

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