Velejador está em sua terceira corrida e pode ganhar segundo troféu de campeão (foto: Divulgação / Team Telefónica)
O veleiro da equipe Telefónica zarpou de Abu Dhabi no sábado (14), dando início à terceira etapa da Volvo Ocean Race (leia mais aqui).
A embarcação espanhola, que está em primeiro lugar na classificação, tem o brasileiro João Signorini, o Joca, como capitão de vigia. Ele participa pela terceira vez da competição, sendo o único da equipe que já venceu a regata em outra edição.
A corrida oceânica acontece a cada três anos, reunindo um seleto grupo de velejadores, divididos em seis superbarcos. O próximo destino dos times é Sanya, na China, porto que eles devem alcançar no dia 4 de fevereiro (leia mais aqui sobre o trajeto). A regata começou em novembro de 2011 e deve terminar apenas em julho deste ano.
Novamente por conta de ameaça de ataques piratas (saiba aqui), esta etapa será dividida em duas: primeiro, haverá uma corrida de 100 milhas náuticas (185 quilômetros); depois, os barcos serão transportados de navio até um porto seguro, de onde partem para Sanya.
Em entrevista exclusiva ao Webventure, Joca fala de suas expectativas para a etapa, de sua carreira e sobre a convivência em alto mar.
Como você se sente ao participar da Volvo Ocean Race pela terceira vez?
É realmente incrível! Há cinco anos eu nunca iria imaginar que agora estaria na minha terceira participação, tendo vencido uma regata. O projeto Brasil 1 [sua primeira participação na competição, em 2005] foi muito especial, tanto pela dimensão que criou para a vela e para o esporte brasileiro, quanto pelo resultado que a gente conseguiu. Depois, um grande passo na minha carreira foi ter feito a participação no Ericsson 4 com o Torben Grael. Fui o primeiro brasileiro convidado para estar no projeto com ele, e acabei me mantendo mais especializado na Volvo Ocean Race, já que outras boas oportunidades apareceram.
Qual será a estratégia para a terceira etapa?
A terceira etapa é um pouco diferente. Ela é dividida em duas partes. Primeiro, a gente larga em um sprint, e tudo pode acontecer, pois os barcos vão velejar juntos. Na segunda parte, que é mais longa, a gente vai com calma. Sabemos que as condições dessa etapa podem ser favoráveis ao nosso barco, mas a passagem no estreito de Malaca, entre a Malásia e a Ilha de Sumatra, na Indonésia, pode complicar bastante. É um local onde se pode perder muito tempo, especialmente pela grande quantidade de navios na região.
Qual foi o momento mais difícil pelo qual a equipe já passou até agora?
Foi na primeira etapa. A gente fez uma preparação boa, acreditávamos bastante na equipe e no barco, mas, tivemos um resultado ruim na primeira parte da regata, em Alicante. Queríamos muito um bom resultado, mas havia pressão sobre a gente. Porém, na segunda parte da etapa, conseguimos vencer. Toda equipe deseja um bom resultado na primeira etapa, para aliviar a pressão, então isso tornou aquele momento o mais difícil.
Quais trechos devem ser mais difíceis ou perigosos daqui para frente?
Serão duas partes bem complicadas. Uma é a passagem pelo norte das Filipinas. Na corrida passada todos os barcos tiveram de parar para esperar o melhor momento de fazer essa travessia, porque há muito contravento e ondas. Depois vem o Cabo Horn [no extremo sul do continente americano], que sempre apresenta condições difíceis de navegação para quem se aproxima vindo da Nova Zelândia.
Como foi a travessia do Oceano Índico, sob ameaça dos navios piratas?
Realmente tem sido complicado para a navegação na região, pois muita pirataria tem ocorrido, tanto em navios comerciais quanto em pequenos barcos de cruzeiro. Quando você olha o mapa de ataques desde 2008 até agora, realmente tem crescido muito. Então, a organização da regata teve de tomar essa decisão de dividir a etapa em duas. É complicado, mas, de certa forma, ficamos satisfeitos com essa decisão de colocar os barcos em um navio, diminuindo nosso risco de sofrer um ataque.
A convivência no barco tem sido fácil, ou acontecem alguns atritos?
A convivência com a equipe, a qual é quase toda espanhola, tem sido muito boa. A maior parte de tripulação tem muita experiência nesse tipo de regata. Dos nossos tripulantes, só um é novato na Volvo Ocean Race, mas ele já tinha bastante experiência em regatas oceânicas – ele já tinha atravessado muitas vezes o Atlântico e tinha feito regatas na Austrália. Então, todos têm muita mentalidade off-shore, de velejar em mar aberto, e isso facilita muito o trabalho.
Este texto foi escrito por: Pedro Sibahi