Tem brasileiro nas maratonas mais exóticas do mundo. O analista de sistemas carioca
Carlos Sposito, de 40 anos, é o primeiro atleta do país a participar da Maratona das
Areias (Marathon des Sables), que acontece desde o último domingo (04/04) até a
próxima segunda-feira em pleno deserto do Saara. O evento, que tem ao todo mais de
200km, já está na quarta etapa, com cerca de 30km. A temperatura média nas dunas
chega a 58 graus. Já outro carioca, o triatleta Sérgio Cordeiro, está se preparando para
encarar neste domingo uma corrida de 42km pelo Everest, a 5.000m de altitude. Ele está
no Nepal desde meados de março, em clima de adaptação e diz ter planos de brigar pelo
título.
No Saara, Sposito está brigando com o calor e mantém-se longe dos primeiros lugares.
Logo na primeira etapa, ele descobriu as dificuldades do terreno completamente irregular.
“Passamos por muitas dunas e bastante terra dura, com pedras. Fiquei em 226º lugar,
entre os 557 participantes, que completaram essa parte da maratona”, contou. Na
segunda fase, anteontem, ele foi o 264º colocado. Caiu várias posições ontem,
terminando a terceira etapa em 419º lugar. Hoje os competidores estão correndo com
uma temperatura média de 38º – por causa da alta temperatura, os organizadores da
maratona decidiram driblar o regulamento e ofeceram duas garrafas de água aos
participantes, ao invés de uma só.
A corrida
Esta é a 14ª edição da Maratona des Sables, que todos os anos cruza o deserto do
Saara, no Marrocos (África), com atletas masculinos e femininos de 30 países. O ponto
de referência é a cidade de Ouarzazate. O ponto exato onde a corrida começa e termina
só é conhecido pelos organizadores e pode variar a qualquer momento. O segredo é
parte da corrida e a faz ainda mais misteriosa, assim como o Saara.
As regras são rígidas. Além de correr pela areia, cada competidor ainda deve levar nas
costas sua própria mochila com comida, sleeping bag e qualquer outro equipamento
necessário. A cota diária de água é de nove litros por atleta. Só é permitido parar duas
vezes ao dia no posto médico para re-hidratação. Na hora de dormir, os aventureiros
dividem uma grande tenda e se deitam no chão do deserto – como se fossem refugiados.
A prova foi criada em 1986 por Patrick Bauer, um promotor de eventos francês. Dois anos
antes, Bauer cruzou à pé o Saara na Argélia, num total de 200 milhas. Com apenas 9
milhas vencidas, ele resolveu parar para descansar pelo resto do dia. Naquele momento,
Bauer disse que viu uma estrela cadente que o transportou para um mundo dos sonhos.
A mágica daquele momento transformou sua vida e, ao concluir a jornada, ele se sentiu
frustrado e triste por chegar ao fim. Mas decidiu que gostaria de dividir aquela experiência
com outras pessoas e, no ano seguinte, lançou a primeira Maratona des Sables.
Pulso forte no Everest
Sérgio Cordeiro também está vivendo fortes experiências no monte Everest, há cinco dias
da maratona pelo topo do mundo. Vice-campeão mundial de triatlo em 94, Cordeiro
nunca correu em montanha antes – sua prova mais exótica foi num vulcão, no Havaí. O
que mais espanta Cordeiro na altitude do Nepal é ter a pulsação aumentada de 40 para
60 batimentos cardíacos por minuto, como mero mortal.
“Eu faço step por horas seguidas em minha casa e aqui bastaram três vôos para a
altitude me afetar”, reclamou o corredor, em bom em português, a um jornalista
estrangeiro que tentou se comunicar com ele em espanhol. De agora em diante, Sérgio
quer guardar energia. Nada mais de treinos até a corrida.
Este texto foi escrito por: Webventure