Paradeda vem de uma fam?lia de velejadores (foto: Marcio Rodrigues/ fotocom.net)
Adriana Kostiw cresceu na beira da Represa Guarapiranga, em São Paulo, onde seu avô praticava natação, o que pode explicar seu gosto pela vela desde pequena. Com nove anos ela aprendeu a velejar de windsurf graças a seu pai, no entanto resolveu seguir outros interesses. Kostiw fez faculdade de moda, estudou fotografia e chegou a trabalhar com publicidade, mas acabou saindo de seu emprego para seguir a carreira de velejadora profissional.
Inicialmente sua especialidade era a classe Europa, mas em 2003 aceitou trocar pela 470, para ao lado de Fernanda Oliveira, tentar uma vaga nas Olimpíadas. Em março de 2004 a dupla venceu a seletiva nacional, em Búzios, e ganhou o direito de ir à Atenas. Competindo com um veleiro ultrapassado de modelo 1999, por terem conseguido uma classificação inesperada, Adriana e Fernanda finalizaram a competição com o 17º lugar.
A parceria foi desfeita após as Olimpíadas, quando Kostiw passou a se dedicar a Laser Radial, classe em que se veleja sozinho. Em 2005, a atleta obteve ótimos resultados na categoria, conquistando o Brasileiro e o Sul-americano.
No Pré-Pan, disputado em fevereiro, Adriana assegurou sua vaga no Pan do Rio, a ser realizado em julho, após uma disputa acirrada com Viviane Béghin, velejadora jovem de 17 anos. Durante a seletiva Adriana ainda precisou vencer as limitações de seu tornozelo operado e o excesso de peso, decorrente da contusão.
Para a atleta a adversidade da seletiva foi só uma prévia das dificuldades que encontrará no Pan, quando irá enfrentar atletas de ponta dos Estados Unidos, Canadá e México. Adriana prometeu treinar muito para cumprir o objetivo de vencer a competição. Em março, a atleta contou ao Webventure quais são as expectativas e como está sendo sua preparação para a competição.
O gaúcho Alexandre Paradeda, de 34 anos, vem de uma família de velejadores. Desde pequeno já praticava o esporte no Clube dos Jangadeiros, em Porto Alegre, onde nasceu, em 24/11/ 1972, e mora atualmente. Seu primeiro título foi o de Campeão Brasileiro da Classe Optimist, conquistado em 1987, quando tinha apenas 15 anos. Neste mesmo ano Paradeda também foi Campeão Sul Americano e Mundial da mesma classe.
Desde 1982 tem se revezado entre as classes 470, em que foi onze vezes campeão brasileiro, e a Snipe, na qual se consagrou campeão mundial e recentemente se classificou na seletiva para o Pan 2007, a ser realizado em julho, no Rio de Janeiro. Ao lado de Pedro Tinoco, Xandi superou a dupla atual campeã pan-americana Bruno Bethlem e Dante Bianchi por seis pontos de diferença, apenas na última regata.
Vou atrás do que me falta no Snipe. Vou treinar muito para conseguir essa medalha de ouro, disse Xandi após a conquista da vaga. O Pan é o único título que o velejador ainda não alcançou na categoria. Nos Jogos de Mar Del Plata, em 1995, foi quarto colocado e em Winnipeg, em 1999, foi vice-campeão.
A curiosidade é que na seletiva para o Pan-americano de Santo Domingo, em 2003, Paradeda e Tinoco perderam a vaga para Bethlem/ Bianchi, a mesma dupla que eles eliminaram neste Pré-Pan.
O paulista Bernardo Muller Carioba Arndt, nascido no dia 10/06/1967, começou a velejar ainda criança, influenciado por amigos e família. Desde o início de sua carreira já participou de três Olimpíadas, em 1988, 1992 e 2004, e três Pan-americanos, em 1991, 1995 e 2003.
Em 1988, nas Olimpíadas de Seul, Bernardo tinha apenas 21 anos e velejava ao lado de Carlos Wanderley. Sua principal conquista, a medalha de prata na classe 470 no Pan de Havana (91), foi alcançada ao lado de Eduardo Costa.
No último Pan, de Santo Domingo, Arndt sofreu um acidente ao lado de sua proeira Renata Meneghelo e perdeu a medalha. A dupla com Alexandre Paradeda, com quem conseguiu o 8º lugar nas Olimpíadas de Atlanta, foi a mais duradoura, com oito anos.
Ardnt e Paradeda anunciaram o final da parceria após vencerem a Semana Pré-Olímpica de Vela na classe 470, no último mês de março. O principal motivo teria sido justamente a participação dos dois no Pan, cada um em uma modalidade. Enquanto Alexandre competirá pela Snipe, Bernardo disputará o Pan, ao lado de Bruno Oliveira, na Hobie Cat.
A dupla Arndt/ Oliveira protagonizou a disputa mais acirrada do Pré-Pan. Com 13 pontos perdidos, a mesma quantidade de José Roberto de Jesus e Pedro da Luz, a dupla venceu pelo critério de desempate por ter ganho a última regata.
Arcar com as despesas do barco, transporta-lo para o Brasil e completar as regatas da seletiva era tudo o que Bernardo Low-Beer, de 20 anos, precisava fazer para garantir sua vaga no Pan-americano 2007. O velejador, que normalmente compete pela 470, resolveu disputar o Pré-Pan na Sun-Fish, onde não tinha nenhum adversário, e assegurar sua presença na competição.
Há quem tenha aprovado e quem tenha criticado sua decisão. O fato é que como único candidato à vaga, Low-Beer garantiu com tranqüilidade sua participação no Pan ao finalizar as 11 regatas previstas e será o representante brasileiro na categoria.
O maior problema encontrado pelo jovem Low-Beer durante todo o processo foi fazer com que o barco chegasse às suas mãos. Depois de ter conseguido compra-lo com um revendedor do México, precisou esperar meses até que seu veleiro fosse transportado ao Brasil e depois liberado pela alfândega. A compra foi realizada seis meses antes da seletiva, mas só chegou uma semana antes da competição.
Cláudio Biekarck é uma lenda da vela brasileira. O paulista de 55 anos acumula sete participações em Pan-americanos, incluindo o Pan do Rio, além de duas Olimpíadas. Klaus, como é conhecido entre os companheiros, concilia sua profissão de administrador de empresas e a vela profissional há décadas.
Seu primeiro título foi o do Campeonato Brasileiro Infantil da classe Pingüim, conquistado ainda na década de 60, quando Biekarck tinha apenas 13 anos. O velejador também passou pelas classes Finn, Laser, Flying Dutchman, Star, Lightning, na qual disputará o Pan, e atualmente é presença garantida em campeonatos de Oceano, como a tradicional Semana de Vela de Ilhabela.
Dentre seus principais títulos em 45 anos de carreira estão seis medalhas conquistadas nas sete participações em Pan-americanos. Foi na disputa da classe Finn, na Cidade do México, em 1975, que conquistou sua primeira prata. Na Lightning foram duas de bronze, em Indianópolis (1987) e Havana (1991), duas de prata, em Mar del Plata (1995) e Winnipeg (1999), e o único ouro foi conquistado em Caracas, no ano de 1983. Já nas Olimpíadas de Montreal (1976) e Moscou (1980), Klaus conseguiu dois quarto lugares.
Além de administrador e velejador, Biekarck também foi técnico de Robert Scheidt, bicampeão olímpico e octacampeão mundial da classe Laser. A união começou quando Scheidt ainda despontava entre os principais nomes do esporte e durou até sua participação nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, quando o atleta começou a se dedicar mais a classe Star.
No Pré-Pan, realizado em fevereiro, Klaus e sua tripulação, composta por Gunnar Ficker e Marcelo Silva, venceu George Rider/ Sidney Bloch/ Pedro Soares por apenas três pontos. Tivemos nosso esforço recompensado. Foi uma competição muito difícil, um toma lá dá cá o tempo todo, descreveu Biekarck ao término da disputa.
Maurício Santa Cruz, o Santinha, será uma presença de peso no Pan-americano 2007. O velejador de 32 anos é bicampeão mundial de J/24, foi medalhista de prata em Santo Domingo, no Pan de 2003, além de ter participado de duas Olimpíadas, a de Sydney em 2000, na qual ficou em 11º lugar, e a de Atenas em 2004, na qual conquistou a 17ª colocação.
Maurício, ao lado de João Carlos Jordão, Alexandre Saldanha e Daniel Santiago, forma o vitorioso Bruschetta Sailing Team. O quarteto enfrentou forte resistência da tripulação de Daniel Glomb durante todo o Pré-Pan e só garantiu a vaga para o Pan na última regata da seletiva.
Santinha se dedica ao esporte desde os seis anos de idade e apesar de ter passado por outras modalidades, foi na vela que teve suas realizações e se tornou um dos atletas mais respeitados do país e do mundo. Além da classe J/24, para qual se dedica atualmente, o timoneiro já competiu nas classes Snipe, em que também de consagrou campeão mundial, e Tornado.
Patrícia Castro é a mais jovem entre os 16 velejadores que compõe a equipe de vela Pan-Americana. Com apenas 17 anos, esta será sua primeira participação no Pan. Apesar de ser muito jovem e ter pouca experiência, Castro é a atual campeã brasileira da classe RS:X Feminina.
Na seletiva, a atleta conquistou a vaga apenas no último momento. Após quatro vitórias consecutivas no início da competição, obteve uma série de resultados intermediários e precisou contar com a sorte. Mesmo tendo conquistado apenas um sexto lugar na última regata, foi salva pela vitória da veterana Carol Borges, de 28 anos, o que tirou pontos de sua concorrente direta Patrícia Freitas, de 16 anos.
Patrícia nasceu em Niterói (RJ), no dia 08/05/1989, e desde os quatro anos pratica vela por influência do pai Luís Castro, que também é profissional do esporte.
O carioca Ricardo Winicki, conhecido como Bimba, de 27 anos, acumula muitas experiências na prancha à vela. Na Olimpíada de Atenas fez uma ótima campanha, liderando boa parte da competição, mas na última regata perdeu as chances de medalha e terminou na quarta colocação.
O atleta ainda foi duas vezes vice-campeão mundial enquanto as competições ainda eram disputadas com a prancha Mistral. Foi com a nova prancha, a RS:X, que ele conquistou as duas medalhas pan-americanas, a de prata em Winnipeg (1999) e a de ouro em Santo Domingo (2003), e na qual ela disputa sua terceira medalha na competição.
Atualmente o velejador carioca também comanda um projeto social informal em um clube de Búzios (RJ), cujo objetivo é incentivar a prática da vela. Ele arrecada dinheiro juntamente com os sócios para investir em treinamento e equipamentos para jovens carentes.
Prova do sucesso da iniciativa é a participação de dois de seus alunos no Pré-Pan, Albert Lopes de Carvalho e Renato Amaral. O jovem Albert, de 18 anos, chamou muita atenção na seletiva, quando ficou em primeiro lugar em uma das regatas, vencendo seu mestre. Além de ter dois integrantes do projeto, a disputa da RS:X ainda contou com estrangeiros, a pedido de Bimba. Eles são todos seus amigos e também treinam em Búzios.
Na seletiva Bimba confirmou sua classificação para o Pan ao conseguir a terceira colocação na penúltima regata da competição. Apesar de ter ficado em terceiro na classificação geral, ainda sim conquistou a vaga, pois os dois primeiros colocados são estrangeiros. O português João Rodrigues ficou em primeiro e o venezuelano Carlos Júlio Flores em segundo. Esta foi a primeira vez que Bimba perdeu de um velejador das Américas na RS:X.
O paulista Robert Scheidt, nascido em 15 de abril de 1973, começou a velejar ainda menino. Com 11 anos ganhou seu primeiro título importante, foi campeão sul-americano da classe Optimist, no Chile. Hoje o atleta se divide entre as competições das classes Star e Laser, na qual irá competir no Pan-americano do Rio de Janeiro.
Entre seus principais títulos na Laser estão duas medalhas de ouro nas Olimpíadas de Atlanta (1996) e Atenas (2004), oito em Mundiais e três em Pan-americanos, além de uma prata na Olimpíada de Sydney (2000). Ao todo Scheidt já conquistou 165 pódios, dentre eles 80 internacionais.
O octacampeão mundial, também formado em Administração de Empresas, venceu seu primeiro Pan-americano em 1995, em Mar Del Plata, na Argentina. Scheidt voltou a vencer em 1999, em Winnipeg, no Canadá, e em 2003, em Santo Domingo, na República Dominicana.
Durante a seletiva para o Pan 2007, chamada de Pré-Pan, Scheidt disputou ponto a ponto a vaga na equipe brasileira de vela com Bruno Fontes. A disputa foi tensa e muito acirrada, falou Robert após ter garantido sua chance de disputar o Pan pela quarta vez apenas na penúltima regata.
Este texto foi escrito por: Webventure