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Brasileiros obtêm recorde na canoagem oceânica


Fábio Carmem e Eduardo não pretendem entrar em outra competição tão cedo. (foto: Ivan Storti/ FMA Notícias)

Fábio Paiva, Carmem Lúcia da Silva e Eduardo Coelho estabeleceram no último dia 16 o recorde mundial em distância na canoagem oceânica, nos mares da Baixada Santista (SP). Eles remaram 24 horas sem parar, num total de 163 quilômetros, demonstrando estarem com ótimo preparo físico e psicológico.

O Desafio 24 Horas de Caiaque Oceânico teve supervisão durante todo o trajeto da Confederação Brasileira de Canoagem, sendo acompanhado de perto pelo diretor da modalidade oceânica Marcelo Lopes. “Esta marca será homologada como o recorde mundial em 24 horas. Foi oficializada por toda a logística, contando com médico, equipamentos de salvatagem e aferição por GPS. A partir de agora, quem quiser bater esse recorde terá de apresentar essa mesma estrutura”, comentou Lopes.

Também estiveram presentes o médico Clemar Corrêa, especialista em provas de aventuras e o experiente canoísta Miguel Franco, que estabeleceu as rotas para as remadas de acordo com as marés.
Eles largaram do canal de Bertioga, na Ilha de Santo Amaro, passaram pela costa do Guarujá, foram em direção à Ilha porchat, em São Vicente, deram a volta na ilha de São Vicente e chegaram ao porto de Santos, ainda de madrugada.

A partir daí, seguiram até a Base Aérea, retornaram ao Canal de Bertioga, refizeram a costa do Guarujá até à Baia de Santos. Depois, passaram pela Ilha das Palmas, regressaram ao Porto de Santos, no terminal turístico, e finalizaram o percurso no Clube de Regatas Vasco da Gama.

Os canoístas remaram em dois caiaques Opium: Fábio Paiva no individual, modelo Alasca, e Carmen e Coelho no duplo, tipo Turbo II, totalizando cerca de 35 mil remadas completas (a pá do remo na água nos dois lados) cada um. A média de velocidade foi de 6,8 km/h, com alguns picos de 12km/h.

Durante o trajeto eles enfrentaram alguns momentos difíceis. Um deles foi no Porto de Santos, com a entrada de um vento noroeste muito forte, que provocava ondas laterais e, conseqüentemente, a diminuição da velocidade.

Outro trecho complicado foi durante a segunda passagem pelas praias do Guarujá, após cerca de 18 horas remando, quando se depararam com um vento contra que os obrigou a remar a 3 km/h.

“Com certeza, o mais difícil foi o lado psicológico. Não saber o que vem pela frente, se não vai ter algum problema. Estávamos preparados para enfrentar o desgaste físico”, comentou Fábio Paiva, 16 vezes campeão brasileiro. “Estou com o sentimento de dever cumprido. É engraçado esse lado de ficar arrumando desafios. Acho que é necessidade do espírito”, frisou o canoísta 16 vezes campeão brasileiro.

“Fiquei muito feliz em fazer esse desafio com a Carmen e o Coelho. Há uma sinergia muito grande, um entendimento e colaboração mútua. Estou muito feliz, porque ver que o esporte que é a minha vida crescer é fantástico”, vibrou Paiva.

Segundo Paiva, mais do que estabelecer um recorde mundial, o grande objetivo foi fomentar o crescimento da nova categoria em canoagem, a longa distância.

Já Carmem, destacou as adversidades da natureza durante a prova. “Fomos submetidos às surpresas do tempo, que nos causam estresses. Poderíamos ter ido melhor, se contássemos com a sorte quanto à natureza. Tentamos driblar com a logística, mas fomos surpreendidos. No Porto, chegamos a nos perder do Fábio por algum tempo. Foi difícil. Remar a noite toda é muito complicado”. A atleta é considerada uma das mais fortes em provas de aventura e é nove vezes campeã brasileira de canoagem.

O também experiente atleta de corridas de aventura, Eduardo Coelho, comentou sobre as rotas alternativas elaboradas por Miguel Franco. “Valeu muito. O Miguel determinou três percursos prováveis de acordo com o tempo e maré e isso ajudou muito. Nos preparamos para esse desafio há um ano e meio, mas passamos momentos difíceis, principalmente o último trecho de mar, quando remamos a três por hora”.

Eduardo Coelho, 38 anos, é administrador de empresas em São Paulo e Carmem, 39 anos, é arquiteta em Angra dos Reis e costuma visitar suas obras remando caiaques. Já Fábio Paiva, 43 anos, é engenheiro mecânico e um dos maiores incentivadores da canoagem no país.

Por enquanto, os três ainda não sabem qual será o próximo desafio. “Se eu tivesse um já determinado hoje, com certeza eu cancelaria”, brincou Fábio Paiva, referindo-se ao cansaço mental da longa remada.

Este texto foi escrito por: Webventure