Nesta Semana do Meio Ambiente, o Webventure aborda dois projetos que têm como objetivo a avaliação dos impactos ambientais na prática do rafting.
Brotas, chamada capital da aventura no Brasil, e São Luís do Paraitinga, ambas no interior de São Paulo, estão dando exemplo de preocupação com os efeitos da aventura no meio ambiente. Nas duas, o rafting é a atividade principal e mais popular.
Em São Luís, o rafting é feito no rio Paraibuna e também há descidas em uma área de preservação ambiental, o Núcleo Santa Virgínia, entre São Luís e Ubatuba (SP), que faz parte do Parque Nacional da Serra do Mar. Para que atividade pudesse acontecer nesse local protegido, foi realizado um estudo pioneiro da capacidade de carga no rafting numa unidade de conservação com essa.
Da Costa Rica para o Brasil – O objetivo era descobrir, por exemplo, quantos botes e pessoas são permitidos em determinado rio para que os bichos não fujam das margens ou para que os pássaros não migrem. O trabalho que começou na Costa Rica, com trilhas, e foi adaptado para o rafting por João Paulo Villani, diretor do núcleo Santa Virgínia. Este sistema foi implantado dentro do Parque por duas empresas, a Cia do Rafting e a Montana Rafting, que operam com base neste estudo desde 1999.
O estudo foi primeiramente apresentado na Adventure Sports Fair do ano passado, em São Paulo. João Paulo explicou que no rio em que trabalham, que tem 8km, são permitidas apenas 54 pessoas por dia e, além disso, os passeios são realizados apenas de quinze em quinze dias, que é o tempo que os bichos que vivem na região demoram para se ‘adaptar’ à presença desses visitantes no Parque.
Efeitos no Jacaré-Pepira – Agora imagine a presença de 15 mil pessoas durante quatro dias numa cidade de 20 mil habitantes. Esse foi o número de visitantes que Brotas recebeu no último Carnaval e os turistas se dividiram entre as diversas opções de esportes de aventura que a cidade oferece. Em média, na alta e média temporada, são feitas duas a três descidas de rafting por dia no rio da cidade, o Jacaré-Pepira.
Preocupada em saber qual o número ideal de descidas para que não haja impacto no meio ambiente e seja garantida a segurança dos turistas, a Prefeitura encomendou um estudo ao departamento de Ciências Florestais da Esalq, unidade da USP, de Piracicaba (SP).
O estudo realizado pela Esalq, curiosamente, demonstrou que os piores efeitos para a natureza acontecem na baixa temporada: É no inverno, quando o rio está mais baixo, que a descida pode causar mais danos ao leito do rio, pois os botes encalham e batem nas pedras. Por outro lado, a freqüência de descidas cai muito nessa época por causa da baixa temperatura. Sendo assim, passamos a nos focar no que é preciso fazer pela preservação na alta e média temporadas, explica o diretor de Meio Ambiente da Prefeitura de Brotas, Ângelo Roberto Lazari Júnior.
Reunindo-se com empresários e guias, a Prefeitura está elaborando regras de controle do turismo local que auxiliem tanto na preservação do meio ambiente quando na segurança dos visitantes. Em novembro passado entrou em vigor o Plano Municipal do Turismo Sustentável. E nesta semana a Câmara Municipal aprovou a Licença Turística Ambiental, que deve ser tirada pelas operadoras que quiserem atuar na cidade.
Em paralelo, há 4 anos, vem sendo realizado o Projeto Rebrotar, que está levantando revitalizando as margens do Jacaré-Pepira e é uma iniciativa da Prefeitura, da Promotoria Pública e da ONG Rio Vivo. Brotas teve aumentada em 600 hectares sua área verde, comemora Ângelo.
(*) Colaborou: Camila Christianini, especial para o Webventure.
Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira*