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Calouros no Sertões: vontade e preparação de quem topou o desafio

Redação Webventure/ Offroad

Eles estão indo pela primeira vez disputar o maior rali da América Latina. Preparam-se, psicologica e fisicamente, para uma batalha contra o tempo e as adversidades em lugares afastados no sertão do Brasil. Deixam a família e o trabalho com o intuito de vencer um desafio inédito em suas vidas: o Rally dos Sertões.

“O Sertões é uma aventura para gente grande. São pessoas que, mesmo sem experiência, se mostram grandes em sonhos, perspectivas e organização. Acho este despojamento admirável”, afirma José Carlos da Silva, o “Índio”, um dos novatos no Rally dos Sertões 2000.

Índio não é, porém, um novato em desafios off-road. Ele foi o segundo colocado no último Rally dos Amigos e décimo colocado na classificação geral da última Copa Dunas. Além disso, é dono de uma empresa que organiza eventos de off-road . “Corri dez anos de moto e, há alguns anos, passei a me dedicar aos jipes. Sempre tive vontade de participar do Sertões porque lá está o que há de melhor não só no Brasil como em toda a América Latina.”

Fogo – Como sempre participa de eventos relacionados a off-road, Índio não faz nenhum tipo específico de preparação física. Para ele, o mais importante é a preparação psicológica, principalmente para que a relação com o resto da equipe, sobretudo com o navegador José Ribeiro Filho, o “Pezão”, não se torne conflituosa numa situação limite.

Mesmo antes do primeiro Sertões, porém, Índio e sua equipe já enfrentaram um momento de susto: terça- feira, logo depois último briefing para a prova, o carro, que será utilizado e estava recebendo os últimos preparativos, sofreu um início de incêndio. “Se a equipe tivesse agido com 30 segundos de atraso, estaria tudo perdido. Porém, o trabalho foi eficiente e agora já está tudo bem.”

Tradição – Além da possibilidade de se testar, motivo citado pela maioria dos novatos no Sertões, Dário Shurull acha importante participar desta prova por sua tradição. “É o rali mais importante do Brasil e estar lá acaba trazendo um retorno muito importante tanto pessoal quanto na mídia. Isso facilita até na procura por patrocinadores.”

Schurull, assim como Índio, não é um novato no mundo do off-road. Ao contrário, é bicampeão do enduro da Independência e tricampeão Brasileiro. “Espero conseguir fazer um bom trabalho. Há muito tempo quero fazer esta prova e pretendo aproveitar esta oportunidade.”

Ganhando com a cabeça – O piloto, que correrá na categoria Maraton, também acredita que o Sertões é uma prova que depende muito do fator psicológico. “Treinei muito fisicamente mais acho que o Sertões é uma prova para se ganhar com a cabeça. Não é o tipo de competição que de decide nos primeiros dias e é necessário ter muito equilíbrio”

Ele deixará sua pequena marcenaria em Santa Catarina aos cuidados do irmão. O filho, de 12 anos, ficará com uma tia. “Todos sabem que é uma prova de risco mas também há muita segurança. A minha família vai torcer muito por mim.”

Cabelo em pé – A família do jornalista André Gomide já não consegue manter a mesma traqüilidade que a de Dário Schurull. “As pessoas da minha casa, minha mulher e meus filhos, até que já se acostumaram com a idéia. Mas dia desses recebi um telefonema da minha irmã perguntando se eu ia fazer mesmo essa loucura. Com certeza, tem gente que deve estar de cabelo em pé”, brinca.

Apesar desta ser a primeira vez que compete no Sertões, o jornalista diz já conhecer o espírito da prova. “Em 1997 fui num outro projeto, fazendo a cobertura . Deu para perceber como é o desafio de uma prova como esta.”

Pare o Sertões 2000, Gomide se prepara fazendo exercícios físicos, se alimentando de maneira equilibrada e cuidando também da parte psicológica. “Procuro sempre estar em contato com o meu navegador, o Júlio Arakaki. Acho isso muito importante para que o nosso entrosamento seja bom durante a prova.”

Natação – O empresário e piloto Markus Schmidt se prepara para o seu primeiro Sertões fazendo natação. “Acho que é o melhor exercício porque trabalha todo o corpo.” Schmidt começou a fazer provas de regularidade em 1997, mas sentiu falta de desafio e logo migrou para as de velocidade.

A decisão se mostrou acertada e ele vem conseguindo bons resultados nas últimas provas que disputou. Foi quarto colocado no rali realizado na Serra do Cipó, terceiro colocado no último Rally dos Amigos e quinto na prova Copa Dunas de Rally realizada na Serra da Canastra, apesar de um capotamento.

O piloto não considera o Sertões uma prova mais perigosa do que as outras de que vem participando. “Acho que numa prova mais curta você acaba pisando mais, correndo um maior risco de capotamento, por exemplo.”

Apesar disso, seu pai parece não entender muito bem esta diferença de riscos. “A única coisa que meu pai me perguntou quando eu disse que ia participar do Sertões foi se meu seguro de vida cobria acidentes provocados por esportes radicais.”

Este texto foi escrito por: Débora de Cássia

Last modified: julho 7, 2000

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