13.01.2000 Enquanto aguarda a transferência para a Líbia, onde dia 17 (segunda-feira) terá prosseguimento o Rali Paris Dakar Cairo, a equipe Hollywood Troller aproveitou para visitar o campeão Jean Louis Schlesser e trocar informações sobre o maior rali do mundo. Em outubro, o piloto Cacá Clauset esteve com Schlesser durante etapa do mundial de rali na Argentina, onde foi muito bem recebido.
O reencontro foi agradável, segundo Clauset: Schlesser ficou bem impressionado com os Troller. Ele disse: legal vocês estarem na prova até aqui, com os quatro carros. Isso é difícil, a maioria das equipes já perderam carros e vocês estão 100%, contou Cacá. A dica do Schlesser: Vocês que estão estreando, não conhecem, não têm prática, precisam ir muito devagar, poupem os carros, aconselhou o campeão, que adiantou: Vou andar forte na areia, para tentar repetir a vitória do ano passado. Marcos Ermírio de Moraes, um dos navegadores da equipe e organizador do Rally do Sertões, aproveitou para convidar Schlesser para participar dos Sertões em julho. Ele perguntou detalhes da prova e disse que se não correr uma prova de Baja mais ou menos nessa época, virá para o Brasil, adiantou Marcos.
O dia de hoje foi de muito trabalho, todos fazendo os acertos nos carros para colocá-los no parque fechado. Alberto Fadigatti relatou um pouco dos dias de tédio em Niamey. Para mim é horrível ficar aqui sem ter o que fazer. A cidade é muito pobre, suja, marron. Não temos aonde ir e no hotel somos alertados o tempo todo sobre riscos de assalto. Ontem peguei um táxi, fui até o mercado da cidade e acabei experimentando uma especialidade do lugar: gafanhoto frito. Tirei a cabeça e as pernas e comi, ele é grande 15 cm, tem gosto de peixe, contou Fadiga, acrescentando: também tem pedra comestível, parece uma maisena e olhinho de macaco.
Todos os carros entraram para o parque fechado hoje e a previsão é que embarquem amanhã para a Líbia. A previsão de embarque da equipe é no domingo. Após o final da 6a. etapa, a equipe Hollywood Troller está com 3 de seus 4 carros entre os 10 melhores na classificação da categoria Novatos (rookies): A dupla Arnoldo Jr/Galdino Gabriel é a melhor colocada, na 4a. posição; a dupla campeã brasileira Reinaldo Varella/Alberto Fadiggati está em 6º lugar; e a dupla Cacá Clauset/Amyr Klink ocupa o 9º lugar. Roberto Macedo e Marcos Ermírio de Moraes ocupam a 17a. posição.
Entrevista com Cacá Clauset:
Qual a impressão da organização e das equipes em relação a nossa equipe ?
Estivemos com o pessoal da equipe Mitsubishi Rally Art, provavelmente uma das equipes mais fortes daqui, sobre os Troller. Foi muito legal, pois ele falou que toda hora passa um Hollywood – eles chamam o carro de Hollywood – é um para cá um para lá. Não é possível deve ter uns 20 deles andando !!! brincou. Ele ficou muito impressionado por estarmos com todos os 4 carros ainda na prova, praticamente sem nenhuma avaria séria num dia de revisão. Ele deu os parabéns para a equipe.
É muito engraçado, em todo o lugar que a gente pára as pessoas se surpreendem. Hoje sentamos com um pessoal da Mercedes, uma equipe grande também – e dos sete carros que largaram 2 já ficaram pelo caminho. Eles perguntaram: E quantos da sua equipe já abandonaram ? Nenhum respondi – o alemão arregalou um olho e disse estão os quatro na prova ? Impressionante a performance. E emendou: E o carro de vocês é bom na areia ? Respondi que é melhor ainda – risos !!! Então ferrou respondeu o francês que estava ao lado.
Mas o que nos deixa mais motivados é que está sendo muito legal e positiva nossa imagem para os outros – antes éramos uma equipe exótica. Você falava em carro made in brazil parecia que era feito em Marte por que para eles é marciano. Imaginem feito no Brasil vir para o Dakar, o mais difícil dos Dakar e todos achavam que dos 4 somente 2 chegariam até esta etapa.
E o que você está achando do carro ?
A cada dia que passa estamos ganhando mais confiança. No começo era um pouco estranho e na verdade, o carro foi testado nos 2 primeiros dias de rally, nunca tínhamos andado tão forte em treino. Agora no decorrer da prova, fomos ficando mais seguros e criando um ritmo de corrida seguro. A 6a. etapa foi a primeira que tivemos um ritmo normal, não fui rápido, mas também não fui devagar. Foi mais ou menos como andei no Rally dos Sertões passado, quando obtive a primeira colocação com uma margem de segurança altíssima, sem nenhum risco para os carros.
Entrevista: Simone Palladino, de Niamey
Este texto foi escrito por: Meg Cotrim
Last modified: janeiro 13, 2000