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Campeões falam sobre segunda etapa do Brasil Wild


Equipe Nem que Chova é formada por amigos de Itararé (foto: Roberta Spiandorim/ www.webventure.com.br)

Enquanto seguia do último posto de controle em direção a linha de chegada, Marcio Franco, integrante da equipe campeã SOS Mata Atlântica, definiu a segunda etapa do Brasil Wild,em apenas uma palavra: “irada”. Quem participou ou acompanhou a trajetória de 200 quilômetros destes atletas, com certeza concorda com Marcinho. A prova foi bastante dura, técnica e ainda contou com um visual deslumbrante, com direito a cachoeiras, cânion e rios.

Esta disputa, que começou na manhã do último sábado e só terminou na manhã do domingo, foi decidida principalmente pela estratégia, mas também pela navegação e condicionamento físico dos atletas. A SOS se destacou em todos os três quesitos e conquistou a vitória com o tempo corrigido de 19h23.

As equipes tinham a opção de passar por PCs virtuais e conquistar tempo bônus, além de poder se dividir e escolher as modalidades durante o percurso. O quarteto da SOS passou por todos os postos de controle e se dividiu durante a prova, ao contrário da maioria das equipes, que optou por encurtar o caminho e não ganhar o bônus, e mesmo assim foi a primeira a terminar o percurso.

“A estratégia da equipe foi um dos diferenciais, além da orientação. Orientamos bem o tempo inteiro e isso foi primordial. A gente também estava bem fisicamente, administrando o ritmo. E estávamos prontos para que, se tivesse que disputar posição no final, disputar”, disse Marcio, que assim como seus companheiros José Eduardo Pupo, Manoela Vilaseca e Mateus Ferraz, estava muito bem fisicamente e extremamente feliz com o resultado.

Segundo Manuela, eles tinham a estratégia definida desde o começo, mas uma mudança no meio do caminho os ajudou bastante. “A gente mudou a estratégia no meio porque (no momento em que estavam divididos) o Mateus e o Zé terminaram a parte deles antes e foram buscar o PC 12 (virtual facultativo que lhes deu 1h30 de bônus). Daí descemos juntos para fazer o último trecho de canoagem e trekking”, contou. O capitão Zé Pupo também atribuiu o ótimo resultado ao trabalho de equipe.

Superação – Marcio sofreu uma cirurgia no ombro recentemente e seu médico ainda previa mais dois meses de recuperação antes que pudesse retornar às corridas. No entanto, ele se dedicou as sessões de fisioterapia, que duravam entre duas e três horas diárias, o que lhe fez sentir confiança para fazer a prova.

Assim como a SOS, a equipe Trotamundo Fórmula BH – Intertrilhas também optou pela estratégia vitoriosa de passar por todos os PCs e terminou a prova na segunda colocação, com o tempo corrigido de 21h24. A equipe fez esta aposta porque seu ponto forte é a navegação.

“Achei a etapa fantástica. Os lugares são maravilhosos e havia uma série de opções estratégias, com variantes, que dava para trabalhar legal. Até o final a gente não sabia como estava na prova. Isso foi muito interessante”, avaliou Ézio Rubbioli, capitão da Trotamundo.

O quarteto mineiro enfrentou diversos problemas antes mesmo da largada e fez uma prova de recuperação. “Meu banco quebrou dentro da cidade, tivemos vários pneus furados, eu perdi minha mochila dentro do rio. Foi problema do começo ao fim, mas no final deu tudo certo”, contou Ézio.

Terceira colocada – Já a equipe Caliandra/ OZ, terceira colocada na disputa, optou por não passar pelo último dos três PCs virtuais. “A gente largou sabendo que tinha que pegar o primeiro PC virtual porque daria 2h30 de bônus e depois nos separamos e conseguimos pegar mais um”, disse Lilen Pedrosa.

O quarteto, que competiu com atletas da equipe Caliandra, do Distrito Federal, e a OZ, de Goiânia, gostou muito da disputa. “A prova foi dura, eu sofri muito. Mas foi legal, afinal a gente gosta de sofrer”, brincou Lilen.

Além das equipes profissionais, que deram um show de preparo e experiência, outras equipes se destacaram nesta etapa. A Nem que Chova, formada por quatro amigos naturais de Itararé, cidade de onde largou a prova, mostrou que é necessário muito empenho e preparação para participar de uma corrida de aventura.

Desde a divulgação do local desta etapa eles, que são monitores ambientais da cidade e amigos há oito anos, se uniram ainda mais para treinar, conseguir patrocínio e adquirir equipamentos. Em sua primeira prova, eles driblaram a inexperiência e conseguiram chegar até o PC de número sete, quando um de seus integrantes teve hipotermia. O quarteto precisou parar, mas não desanimou. “A intenção era só chegar para fazer bonito para a cidade. Não deu, mas na próxima a gente consegue”, disse Tiago Evic.

Sua equipe de apoio, também formada por amigos, aprendeu muito com as equipes de ponta. Segundo eles, as caixas e alimentação estarão arrumadinhas da próxima vez.

Superação – Quem também fez bonito foi a equipe do projeto Por mais Alguém, formada pelos portadores de necessidades especiais Carlos Ubirajara Rivarolle, de 25 anos e Ademilson de Souza Soares, de 36, e os voluntários Mauricio Gomes e Gustavo Albuquerque. Os quatro driblaram todos os desafios para cruzar a linha de chegada na manhã do domingo.

Rivarolle e Soares são portadores de deficiência mental e nunca tinham participado de nenhuma prova esportiva. Eles se superaram desde a largada até a chegada e estavam decididos a terminar a prova. “Eu caí, mas quis continuar até o final. Eu não desisti”, disse Soares após ter caído da bike.

Este texto foi escrito por: Roberta Spiandorim