Remando forte a equipe do Clube Atlético venceu a competição inédita na Am. do Sul (foto: Ativo.com)
Mais do que um campeonato. Uma estréia de luxo. João Carlos Ramalho, o Juneca, conta especialmente ao Webventure como foi participar – e vencer – a primeira competição na América do Sul com canoas havaianas. E descreve a sensação de remar num equipamento tão diferente do bote de rafting que já o consagrou campeão brasileiro.
Havia um clima que eu nunca tinha sentido antes, em véspera de campeonato. Estávamos em Santos, que se tornou a ‘capital’ brasileira das canoas havaianas, equipamento importado por Fábio Paiva, um especialista em travessia oceânica, 15 vezes campeão brasileiro. O objetivo era participar do Vedacit Aloha Santos, a primeira competição envolvendo este tipo de embarcação na América do Sul.
Montamos uma equipe que incluía eu, Maurício Borsari, o Leonardo de Barros e o Frederico Diez Péres, integrantes da Canoar Master (equipe tetracampeã brasileira), Eduardo Coelho e a Ariane, que participam de corridas de aventura. Formamos a Master Haloha /Clube Atlético Paulistano.
A abertura do evento, na noite de sexta (24/08), foi um verdadeiro ritual, com uma festa havaiana na praia, realizada com o intuito de manter a tradição dos campeonatos havaianos com o batismo das canoas e a tradicional dança típica. A largada, no dia seguinte, em estilo Le Mans, foi outro ponto forte: todos os competidores tiveram de correr por uns 50 metros até as canoas, empurrá-las para a água e começar a remar forte durante quase 40 minutos de prova.
Caldo no mar – Estava acostumado com o bote, que é muito mais estável. Tive apenas duas chances de remar a canoa havaiana antes da prova, em treino na raia da USP. Aprendi que neste tipo de embarcação você tem de “se liguar”, pois se a equipe não mantiver o equilíbrio dos “iacos” (flutuadores que ficam do lado esquerdo da canoa e que permitem o seu equilíbrio), a virada é certa! Basta uma vacilada nas curvas, nas ondas ou até em retas e a galera vai pra água sem dó!
Para se desvirar uma canoa é simples, uma pessoa já é suficiente. O problema é tirar o água de dentro dela… Um balde é peça obrigatória e necessária na embarcação. Se ela virar, a equipe desvira rápido, continua remando e um integrante fica removendo a água com o balde… coisa de desenho animado.
Todos os seis remadores ficam perfilados um atrás do outro, o que nos dá uma melhor chance de manter a sincronia. Se um errar, é muito fácil detectar. A troca de remada acontece mediante o grito de “Hiiiip… Hooll!!!” e é ótima para trabalhar a força dos dois lados do tronco e braços.
Outro ponto que me chamou a atenção foi o “arrastro” (desempenho) que a canoa proporciona na água. Ela chega a 12 até 17 km/h. O vento vem na cara e dá uma sensação de que você está muito rápido.
A disputa – As provas foram divididas em baterias, com as classificatórias no sábado e a final no domingo, reunindo cerca de 2 mil pessoas na Ponta da Praia. O percurso era de quase 10 km em mar aberto. As bóias de referência, formando um triângulo, mostravam por onde as equipes teriam de passar.
Na final, que reuniu os times Clube Paulistano, Vit Shop, Kilowea e CDL Bertioga, a largada foi bem acirrada, com canoas se chocando (e nenhum estresse entre os competidores por conta disto!) e algumas até virando. Nossa equipe se enroscou no início com outro time e ficou um pouco para trás. Logo conseguimos a ultrapassagem e lideramos até o fim.
Nossa grande recompensa foi garantir a vaga, com toda as despesas pagas pela a organização, para a travessia da Ilha de Santo Amaro, em fevereiro de 2002. O desafio é remar de Santos até Bertioga, num percurso de 77 km.
Esta primeira prova marcou a criação do ranking do Clube Canoa Havaiana. A segunda etapa da competição já está marcada para os dias 10 e 11 de novembro, na Barra do Sahy, no litoral norte de São Paulo. Nossa equipe está curtindo muito a nova modalidade e pretendemos continuar. E ajudar a divulgá-la e a trazer novos adeptos é um prazer pra mim! Um grande abraço à todos!
Este texto foi escrito por: João Carlos Ramalho